Um dos grandes mistérios de Tieta, novela exibida com sucesso pela Rede Globo entre 1989 e 1990, foi a identidade da Mulher de Branco, espécie de assombração que rondava as noites em Santana do Agreste procurando vítimas para satisfazer seus instintos sexuais.
No final da trama, o público descobriu que a figura se tratava de Laura (Cláudia Alencar), a fogosa esposa de Dário (Flávio Galvão). No entanto, a escolha de Laura para “viver” a personagem feita foi em cima da hora pela Globo, antes da exibição do último capítulo da trama de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares.
Uma semana antes do Carnaval de 1990, a emissora gravou as cenas da revelação da identidade da Mulher de Branco na cidade cenográfica de Guaratiba, no Rio de Janeiro. Perpétua (Joana Fomm), Carmosina (Arlete Saltes), Amorzinho (Lília Cabral), Aída (Bete Mendes), Juracy (Ana Lúcia Torre), Cora (Cidinha Milan), Aracy (Andréa Paola), Manom (Sônia Barbosa) e Laura (Cláudia Alencar), todas vestidas de branco, gravaram o mesmo texto.
“Parecia até que estávamos numa escola de arte dramática fazendo um teste. Éramos nove mulheres sentadas nas arquibancadas do circo do Bafo de Bode (Benvindo Sequeira), esperando a hora da gravação. E ninguém fazia a menor ideia de quem seria a escolhida”, disse Cláudia ao jornal O Dia de 18 de março de 1990.
A atriz contou à reportagem que tomou um susto quando descobriu que seria a Mulher de Branco.
“Quando a cena foi ao ar, eu estava tomando banho e Boris [seu marido] me gritou dizendo que Laura era a Mulher de Branco. Claro que adorei, mas realmente fui pega de surpresa”, enfatizou.
Juracy era a favorita
Cláudia acreditava que a escolhida seria Juracy, pois trata-se de uma das personagens mais reprimidas sexualmente na novela.
“Esta história de Laura manipular o Dário e a Silvana o tempo todo e levar o próprio marido a traí-la… Não há uma explicação lógica. Antes, tudo bem, era um teste para que ela pudesse checar a fidelidade do comandante.
Só que mesmo depois de ter certeza dos sentimentos de Dário, Laura passou a insistir para que ele colocasse em prática as suas fantasias em relação a Silvana. Isto me invocou muito e, na minha cabeça, a única razão admissível para que ela continuasse com essas atitudes seria exatamente por ser a Mulher de Branco”, completou a atriz.
Na época, no entanto, Cláudia disse que ficou um pouco frustrada com o desenvolvimento da sua personagem durante a produção.
“Acho que deveria ter elaborado um pouco mais a Laura. Nos mínimos detalhes. Isso me deixou meio frustrada, mas nada que me provocasse amargor. Na verdade, saquei neste trabalho que eu ainda tenho muito, mas muito mesmo, o que aprender”, finalizou.