Os maiores autores da história da teledramaturgia brasileira já registraram grandes êxitos em suas trajetórias, mas também tiveram perrengues e fracassos.

Abaixo, listamos as novelas que sete desses profissionais menos gostam, de acordo com declarações divulgadas em jornais e livros.

Confira:

Aguinaldo Silva

Apesar dos problemas enfrentados em tramas como Suave Veneno e O Sétimo Guardião, Aguinaldo Silva afirmou ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes, que sofreu muito na época de Porto dos Milagres, exibida em 2001 pela Globo.

“Porto dos Milagres foi uma novela bastante traumática para mim. Sabe essa coisa de diretor que não sabe fazer? Pois é. Depois de ‘Porto’, pensei até em não escrever mais novelas. Virei para a Globo e disse: ‘Estou de saco cheio, não quero mais”, declarou o autor, que escreveu a trama em parceria com Ricardo Linhares.

“Eu estava realmente em crise. Eu achei que Porto dos Milagres era uma repetição de todas as novelas que eu já tinha feito”, completou.

Benedito Ruy Barbosa

Autor de grandes sucessos, Benedito Ruy Barbosa também teve alguns apertos na carreira. Apesar de todos os problemas enfrentados em Esperança, ele odiou fazer outra novela, Voltei pra Você, exibida pela Globo entre 1983 e 1984.

Em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, o próprio autor disse que Voltei pra Você foi a novela que mais detestou fazer.

“Escrevi uma novela para um elenco que não tinha escolhido, ambientada em um cenário que não era o meu. Se não me engano, tomei uns 75 litros de vodca para terminar essa novela. Pergunta para a minha mulher. Ela guardou todas as garrafas para me mostrar no final da novela. Quando vi, nem acreditei”, contou.

Carlos Lombardi

Um dos maiores desastres da carreira de Carlos Lombardi foi Vira-Lata, exibida em 1996 pela Globo.

“Foi muita pior novela. Em Vira-Lata, aprendi a jogar fora o que não funciona e consertar o que está dando errado com a novela no ar. Consertei a novela somente no capítulo 80. Do capítulo 20 em diante, fiquei tentando ajustar, porque estreei com 20 capítulos prontos”, contou ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.

Lombardi admitiu que errou coisas no texto e na escalação dos artistas do elenco. “E o Jorginho errou na mão, apesar de eu admirá-lo muito. Foi uma comunicação ruim”, completou, sobre o trabalho do saudoso diretor Jorge Fernando.

Gloria Menezes

Além disso, o autor teve atritos com algumas estrelas da trama, como Andréa Beltrão e Glória Menezes – essa última, inclusive, deixou a novela pela metade.

Gilberto Braga

Recentemente falecido, Gilberto Braga tinha críticas a algumas de suas novelas. Nem mesmo Escrava Isaura, que fez sucesso no Brasil e vários países do mundo, escapou.

“Pessoalmente, acho a novela horrível. Até hoje não entendo porque fez tanto sucesso. Era uma produção horrorosa. Eu não gosto, especialmente do elenco. Nem do meu texto”, declarou ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do projeto Memória Globo.

O autor também teve problemas em outras novelas, como Brilhante, O Dono do Mundo e Babilônia. Mas a trama que ele mais detestou foi Louco Amor (1983).

“Louco Amor era uma bobagem de novela. Grande sucesso popular e sem prestígio nas classes A e B, o que mais fez a minha carreira. O único personagem que prestava era o do José Lewgoy, o Edgar Dumont, que era muito divertido. Louco Amor é a pior novela que fiz, de longe. Escrevi por honra da firma”, contou.

Lauro César Muniz

Dono de grandes sucessos, como Roda de Fogo e O Salvador da Pátria, o autor passou por uma situação complicada em Os Gigantes (1979), mal-sucedida novela das oito que derreteu a audiência da Globo e causou a sua saída da emissora na época.

“Era uma novela mórbida, pesada, infeliz. Dina Sfat rompeu comigo. Ela chegava no estúdio, pegava o script, jogava no chão e sapateava em cima: ‘Não vou fazer essa droga de jeito nenhum’, ela gritava”, contou Muniz ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.

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Ivani Ribeiro

Ivani Ribeiro foi outro grande nome da televisão brasileira com diversos êxitos na carreira, como Mulheres de Areia, A Viagem e O Profeta. Mas ela não gostou de O Sexo dos Anjos, trama exibida entre 1989 e 1990.

Apesar de ter obtido sucesso, a produção, que era um remake de O Terceiro Pecado, que ela fez para a Excelsior em 1968, decepcionou a autora em diversos pontos.

“Não correspondeu à sua expectativa. A começar pelo título”, descreveu o livro Ivani Ribeiro, a Dama das Emoções.

Realmente, O Sexo dos Anjos nada tinha a ver com a trama, a não ser a presença de anjos entre os principais personagens.

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Silvio de Abreu

Apesar de ter enfrentado problemas em tramas como Torre de Babel e, principalmente, As Filhas da Mãe, Silvio de Abreu considera Pecado Rasgado (1978) o maior mico de sua carreira. Era sua primeira novela na Globo, após passar pela Tupi. Inexperiente, teve problemas com o diretor Régis Cardoso e enfrentou até uma rebelião no elenco.

“Eu ainda não tinha a experiência necessária para lidar com a estrutura de uma emissora como a Globo. Depois, porque o diretor, além de ficar contra o texto, também fez com que os atores tivessem a mesma opinião. E, principalmente, porque a minha expectativa com relação à novela era muito grande e a frustração foi imensa. No final das contas, não consegui reverter o quadro e fazer com que a novela fosse interessante para o público”, contou ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo.

Após o fim da produção, o autor pediu demissão da Globo, mas retornou pouco depois.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor