Autora repete estratégia de outras novelas para emplacar Vai na Fé

A nova novela das sete, escrita por Rosane Svartman e dirigida por Paulo Silvestrini, estreou na última segunda-feira, dia 16. É o primeiro folhetim que a talentosa autora escreve sem a parceria de Paulo Halm, após o fenômenos Totalmente Demais e Bom Sucesso.

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Reprodução / Globo

Vai na Fé tem a missão de reerguer a faixa depois do fracasso de Cara e Coragem. Pelo que tem sido exibido até agora não será muito difícil. Repleta de personagens carismáticos e com um enredo típico de uma boa teledramaturgia, a produção já começou dando a melhor das impressões.

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Brasileiros na tela

Divulgação / Globo

“Vai na fé! Vai dar certo!”. E é acreditando nisso que Sol (Sheron Menezzes) levanta todos os dias antes das seis da manhã para trabalhar. Mulher de fé, mãe, guerreira, moradora de Piedade, bairro tradicional da Zona Norte do Rio de Janeiro, vendedora de quentinhas no Centro da cidade.

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Sol é como milhões de brasileiros que sonham, lutam e correm atrás. Ao lado de Sol nas batalhas do dia a dia está sua família, formada pela mãe Marlene (Elisa Lucinda), o marido Carlão (Che Moais) e as filhas Duda (Manu Estevão) e Jenifer (Bella Campos), a primeira universitária dessa família multigeracional.

Sol canta no coral da igreja desde a infância. Na juventude, sem que os pais soubessem, ela frequentava os bailes funks que marcaram os anos 2000 e era conhecida como a princesa do baile, a gata das gatas! Hoje a família passa por dificuldades financeiras, com Carlão desempregado desde a pandemia. E é nesse momento que o acaso a faz parar nos palcos.

Reviravolta

Reprodução / Globo

Logo no fim do primeiro capítulo, Sol recebe um convite para trabalhar com Lui Lorenzo (José Loreto), um cantor pop e conquistador. Essa reviravolta na vida de Sol faz com que ela reencontre Benjamin (Samuel de Assis), sua paixão na juventude, e Theo (Emilio Dantas), de quem guarda más lembranças. Casado com Clara (Regiane Alves), Théo é um empresário de sucesso que esconde negócios escusos, sem que ninguém desconfie.

Ben se casou com Lumiar (Carolina Dieckmann) e juntos construíram uma vida profissional bem-sucedida como advogados criminalistas. Embora ainda seja cedo, a história já apresentou bem seus personagens centrais e os futuros conflitos.

A estreia não foi corrida, mas também fugiu da lentidão. Embora não tenha exibido nenhum acontecimento muito relevante, mostrou a dura rotina de Sol vendendo suas quentinhas ao lado de Bruna, a entrada de Jenifer na universidade graças ao ‘PROUNI’ (Portal Único de Acesso ao Ensino Superior) e a rotina de Lumiar e Ben no escritório de advocacia.

Ótima sacada

Manoella Mello / Globo

Aliás, ótima a sacada de Rosane de usar Alexia Máximo (Deborah Secco) para expor um pouco o temperamento de Lumiar. A personagem de Salve-se Quem Puder fez uma participação rápida no último capítulo de Bom Sucesso (2019) e a criação de Daniel Ortiz retornou vivendo um drama bem comum entre as mulheres: a violência doméstica.

Lumiar a convenceu a denunciar o sujeito e ainda dar a sua versão para a imprensa. Alexia ainda teve a companhia de William (Diego Montez), perfil criado por Rosane e Paulo em Bom Sucesso que também voltou para essa presença afetiva.

Ao longo da semana, a saga de Sol foi ganhando densidade através do dilema da mocinha em aceitar ser dançarina, e assim pagar as dívidas de casa, ou ceder aos costumes impostos pelo marido.

Não foi diferente

Divulgação / Globo

Rosane tem uma habilidade rara de fazer o público torcer por suas heroínas sem o menor esforço e logo no começo de sua história.

Foi assim com Eliza (Marina Ruy Barbosa), em Totalmente Demais, e Paloma (Grazi Massafera), em Bom Sucesso. Não foi diferente com Sol. Impossível não se empolgar com a vendedora de quentinhas dançando e cantando no palco ao lado de Lui Lorenzo.

Aliás, José Loreto está fazendo uma ótima dupla com Renata Sorrah, a prepotente Wilma, mãe e empresária do cantor decadente. Também impressiona como todos os personagens são carismáticos e cativam.

O núcleo da faculdade agradou assim que surgiu e ainda proporciona situações semelhantes ao seriado de sucesso How to Get Away with Murder através de Lumiar e seus alunos. Até porque uma das melhores cenas até o momento foi a libertação de Yuri (Jean Paulo Campos), preso apenas pelo fato de ser negro em uma trama baseada em um caso real ocorrido no Rio de Janeiro.

A aparente frieza da professora sendo diluída aos poucos destaca Carolina Dieckmann, assim como a divertida rivalidade entre Jenifer e Guiga promove bons embates protagonizados por Bella Campos e Mel Maia. Já a vilania de Theo é outro ponto que promete, assim como sua relação abusiva com a esposa, Clara (Regiane Alves).

Novela solar

Tudo ainda está muito no começo, mas Vai na Fé veio com um enredo solar, personagens bem estruturados e conflitos que já prendem o público diante da tela.

A abertura, cantada por Negra Li e MC Liro, representa a produção da melhor maneira possível. São várias imagens, obtidas por mais de 90 afiliadas da Globo, expondo a rotina do povo brasileiro que sonha, luta e acredita. É um clipe esperançoso e que aquece o coração. A música Vai Dar Certo ainda é uma delícia e lembra os Bailes Charme.

Em um período onde a fase dramatúrgica da emissora anda bastante complicada, a nova novela das sete surge como um sopro de alegria.

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