Autora repete erro grosseiro de A Força do Querer em Travessia
17/11/2022 às 11h15
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Chiara (Jade Picon), a jovem mimada de Travessia, tem um jeito peculiar de falar. A digital influencer consegue reunir, em poucas frases, todas as gírias que costumam (ou costumavam) ser usadas nas redes sociais. Mesmo que não haja o menor contexto para isso.
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Uma de suas frases mais memoráveis neste sentido aconteceu quando Chiara reclamou com Júlia (Nathalia Falcão) sobre a intromissão de seu pai em seus namoros.
“Eu não falo nada dos meus crushes para o meu pai, só se eu quiser que flop. Sabe quem fez isso? Cidália. Me ouviu falando com a Talita e já correu pra bater para o meu pai. É uma sem noção. Eu já tô com ranço dela!”, disparou a influencer.
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Ao finalizar a conversa, Chiara foi ainda mais longe.
“Sabe o que ele quer? Biscoito! Ele é um biscoiteiro e de mim ele não vai ter não”, concluiu a namorada de Ari (Chay Suede).
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Expressões como “crush”, “flop”, “ranço” e “biscoito” são muito utilizadas nas redes, mas não neste contexto e muito menos de maneira tão forçada assim.
Novela cringe
Isa (Duda Santos), filha de Monteiro (Aílton Graça) e Laís (Indira Nascimento) também costuma disparar gírias em suas conversas. Em mais de uma ocasião, a moça já chamou seus pais de “cringe”. A gíria que os jovens utilizavam como sinônimo de “brega” ou “estranho” já caiu em desuso faz tempo! Ou seja, cringe mesmo é essa novela!
São exemplos que mostram como Travessia fracassa na tentativa de retratar jovens realistas e sua relação com a internet, principalmente as redes sociais. A intenção de Gloria Perez é boa, mas a maneira como o assunto é mostrado na novela é totalmente surreal.
Os jovens de Travessia não parecem de verdade. Parecem uma visão turva e ultrapassada que os adultos têm dos jovens. Não por acaso, várias cenas envolvendo estes personagens viraram piada nas redes sociais.
Erro se repete
O núcleo jovem de Travessia repete o mesmo erro que Gloria Perez cometeu em A Força do Querer (foto acima). Na trama de 2017, a autora tentou mostrar o universo dos cosplayers por meio do personagem Yuri (Drico Alves), mas só conseguiu fazer um retrato estereotipado desta tribo.
Pra começar, Yuri aparecia em casa falando com seus pais por meio do celular, mesmo estando no mesmo cômodo que eles. O garoto, fã da cultura oriental, também aparecia sempre fantasiado, mesmo quando não havia contexto para isso. Os cosplayers se vestem e agem como personagens de animações ou filmes em concursos e eventos especializados, e não no dia a dia.
A maneira como Yuri foi retratado na novela rendeu críticas de cosplayers. A página Cospositivismo, que buscava quebrar tabus sobre a prática do cosplay, publicou um manifesto no qual deixava clara sua insatisfação com o personagem.
“Cosplayers são pessoas normais, mães e pais, homens e mulheres de diversas idades, de várias etnias e tipos físicos diferentes. Pessoas que também acordam cedo pra trabalhar e chegam tarde cansadas do trabalho, aliás, trabalho que nos dá dinheiro e recursos para correr atrás de nossa paixão por essa arte. Muitos de nós ganham a vida fazendo esta arte para poder pagar as despesas no fim do mês”, dizia o texto.
“A maioria de nós não é reclusa e refém da tecnologia ou anti-social, muito pelo contrário. Estudos comprovam que pessoas que fazem cosplay têm maiores chances de socializar e de desenvolver habilidades de interpretação e atuação”, concluiu a nota do Cospositivismo.