Fuzuê terminou recentemente e não conseguiu empolgar o público nem mesmo na reta final. A trama registrou baixos índices de audiência e as mudanças realizadas ao longo do folhetim não foram suficientes para atrair a atenção dos espectadores.

Giovana Cordeiro e Marina Ruy Barbosa em Fuzuê
Giovana Cordeiro e Marina Ruy Barbosa em Fuzuê (Reprodução / Globo)

A novela das sete marcou a estreia de Gustavo Reiz na Globo, após emplacar vários trabalhos no SBT e na Record.

Numa recente entrevista, o autor reconheceu os erros de Fuzuê e revelou o que faria diferente.

Reta final

Fuzuê terminou com média geral de 19,2 pontos no Kantar Ibope Media, o que a colocou como o folhetim das sete menos visto. A produção bateu o recorde negativo de Geração Brasil (2014), que fechou com 19,4.

Em entrevista ao jornal O Globo, o autor Gustavo Reiz admitiu que contaria sua história de uma maneira diferente, se pudesse.

“O autor sempre acha que poderia fazer diferente depois de assistir a trama no ar, mas essas correções são feitas no meio da jornada, com o trem em movimento. Eu tentaria modular melhor a busca da Maria (Olivia Araujo) e a do tesouro para não acontecerem simultaneamente, por exemplo. Mas fica fácil falar depois de assistir. No momento em que escrevemos, que planejamos os capítulos, temos a consciência de que entregamos o melhor, sempre, para divertir, emocionar e instigar o público”, analisou.

Intervenções

Gustavo Reiz
Gustavo Reiz (Reprodução / Instagram)

Ao longo de Fuzuê, a direção da Globo recorreu a estratégias para levantar a audiência. A principal delas foi convocar o experiente Ricardo Linhares como supervisor de texto. A partir de sua entrada, a trama ganhou novos contornos.

“A entrada do Ricardo, que é um medalhão e um autor que admiro, rendeu uma troca muito enriquecedora. Investimos mais no melodrama, nos aprofundamos em alguns temas. Foi um privilégio contar com essa colaboração dele”, afirmou.

Gustavo Reiz também afirmou que levou em consideração o que foi dito nos grupos de discussão realizados para analisar a novela.

“Eu sempre levo em consideração a opinião do público. Escrevo para quem assiste. Mudanças fazem parte, sempre no seu tempo, respeitando timing e a grande frente de capítulos finalizados que já tínhamos na novela”, finalizou.

Resultado decepcionante

Preciosa (Marina Ruy Barbosa) e Pascoal (Juliano Cazarré) em Fuzuê
Preciosa (Marina Ruy Barbosa) e Pascoal (Juliano Cazarré) em Fuzuê (divulgação/Globo)

Apesar do mea culpa de Gustavo Reiz, é fato que Fuzuê não conseguiu encantar o público por conta do excesso de enigmas. O autor não conseguiu envolver a audiência na busca pelo misterioso tesouro da Dama de Ouro, corrida que mobilizou os personagens principais da obra.

Neste ponto, as intervenções de Ricardo Linhares foram benéficas. O supervisor removeu o excesso de enigmas e passou a apostar nas relações entre os personagens, na tentativa de gerar identificação no público.

Porém, os autores pesaram a mão nas mudanças, promovendo viradas que descaracterizaram a obra. A comédia rasgada deu espaço ao dramalhão, as vilanias foram intensificadas e vários personagens mudaram da água para o vinho, como Miguel (Nicolas Prattes) e Heitor (Felipe Simas). Faltou equilíbrio.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor