Veterano que se tornou um dos principais autores da faixa das sete da Globo na década de 1990, Antonio Calmon está com duas celebradas obras suas em evidência. Enquanto Um Anjo Caiu do Céu (2001) acaba de chegar ao catálogo do Globoplay, O Beijo do Vampiro (2002) conquista os saudosos no Viva.
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As duas tramas têm em comum o fato de flertarem com o lúdico, com um tom juvenil (no caso de Um Anjo) ou infantil (em O Beijo), além do humor bem sacado, cheio de referências, mas, ao mesmo tempo, leve e acessível ao grande público. São duas novelas das sete calcadas na fantasia, que reúnem medalhões da dramaturgia da Globo numa grande brincadeira.
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Um Anjo Caiu do Céu, que misturava o universo da moda com os seres celestiais, marcou bons índices de audiência em sua exibição original. Não teve ampla repercussão, mas conquistou o público jovem, que sempre ansiou por uma reprise (o que deve acontecer no Viva no ano que vem).
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Já O Beijo do Vampiro causou um frisson inicial, pois Calmon voltava ao tema do vampirismo, que se tornou hit com a clássica Vamp (1991). Mas aqui, com uma trama mais infantil, o autor não foi tão bem-sucedido junto ao público, embora tenha conquistado a crítica: na época, muitos apontaram O Beijo do Vampiro como a melhor novela de 2002 (que, é bom lembrar, foi um ano fraco de novelas, com tramas como Esperança e Sabor da Paixão).
“Novela de praia”
Desde Top Model (1989), Antonio Calmon ficou marcado por suas novelas das sete jovens, normalmente povoadas por surfistas que viviam em alguma cidadezinha litorânea do Rio de Janeiro. Cara e Coroa (1995) e Corpo Dourado (1998) seguem este estilo.
No entanto, a fórmula se esgotou na virada do século. O Beijo do Vampiro não foi o sucesso esperado pela Globo. Começar de Novo (2004) foi uma tentativa de mudar tal estilo, mas se revelou um fiasco. Só não foi um fiasco maior que Três Irmãs (2009), trama no qual o autor retomou o folhetim praiano, e que marcou a despedida do autor do horário das sete da Globo.
Mais uma vez, o autor reunia personagens jovens numa cidade litorânea, Caramirim, para narrar a história das três irmãs do título, Dora (Claudia Abreu), Alma (Giovanna Antonelli) e Suzana (Carolina Dieckmann). As três filhas de Virgínia (Ana Rosa) lideravam o elenco, composto por nomes como Regina Duarte (Waldete) e Vera Holtz (Violeta).
Além de revisitar sua própria obra, Calmon buscava fazer uma espécie de homenagem a Dias Gomes.
“Essa novela é uma homenagem ao Dias Gomes, que sempre foi absolutamente gentil e correto comigo. Eu adoro as coisas que ele fez. Dias Gomes é indiscutivelmente o autor do maior sucesso da televisão brasileira, ‘Roque Santeiro’. Estou revisitando esse universo, através da cidadezinha, das coisas meio mágicas, meio estranhas, que acontecem nela”, disse, em entrevista, na época do lançamento da trama.
Fiasco
Mas, apesar da ambição de Antonio Calmon, Três Irmãs não emplacou. A novela entrou no ar em alta, mas foi perdendo público dia após dia. O folhetim obteve média geral de 24 pontos, ganhando o título de pior desempenho de uma novela das sete da história até então, batendo o recorde negativo de Bang Bang (que fechou com 27 pontos).
A crítica também esmurrou a novela, que foi acusada de ser insossa e pouco inspirada. A trama, na verdade, decepcionou, pois muito prometia. A personagem de Regina Duarte, por exemplo, era uma maluca adorável, inspirada em Mary Poppins, mas perdeu fôlego no decorrer da obra.
Depois disso, Calmon nunca mais escreveu novelas. O autor seguiu na Globo e conseguiu emplacar a série Na Forma da Lei, em 2010, mas não fez novos trabalhos na emissora desde então.
Seu contrato com a emissora foi encerrado em 2014, mas ele chegou a entregar uma sinopse de novela das sete depois disso. Chamada de Barba Azul, a trama foi inicialmente aprovada, e entrou na fila do horário das sete para ser produzida em 2018. No entanto, após a entrega dos primeiros capítulos, o projeto foi cancelado.