Novidade do Globoplay por meio do Projeto Resgate, Pátria Minha já está disponível na plataforma de streaming da Globo. O folhetim, estrelado por Vera Fischer, José Mayer e Tarcísio Meira, foi escrito por Gilberto Braga e exibido em 1994.

Gilberto Braga
O autor Gilberto Braga (Márcio de Souza / Globo)

A trama ficou bastante marcada por conta de seus bastidores turbulentos. Tanto que Vera Fischer e Felipe Camargo tiveram seus personagens mortos na trama e foram banidos de produções da emissora por um bom tempo. Por conta disso, Gilberto Braga chegou a comentar que escrever a trama foi uma “penitência”.

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Briga de casal

Pátria Minha - Marieta Severo, Tarcísio Meira e Vera Fischer
Marieta Severo (Loreta), Tarcísio Meira (Raul) e Vera Fischer (Lídia) em Pátria Minha (Divulgação / Globo)

Após o sucesso de Vale Tudo (1988), Gilberto Braga voltou a escrever sobre a ética do brasileiro em O Dono do Mundo (1991) e Pátria Minha. No entanto, esta última se revelou a mais problemática, tanto em audiência quanto por conta dos bastidores.

“Um horror. Pátria Minha foi ainda mais penoso porque com O Dono do Mundo eu tinha tomado uma cacetada muito grande. Os seis primeiros capítulos de O Dono do Mundo, que foram rejeitados pela maioria, eu considero a melhor, coisa que eu escrevi na vida. E muito cruel, é um erro numa novela das oito, mas gosto muito”, explicou, em entrevista ao jornal O Globo em 9 de setembro de 1994.

Na época, Vera Fischer, que vivia Lídia Laport, uma das personagens principais, era casada com Felipe Camargo, intérprete de Inácio. No entanto, o casal de atores passava por uma crise – que culminaria com a separação -, o que afetou a novela.

Vera e Felipe viviam às turras e a atriz chegou a aparecer para gravar com um braço quebrado, o que causou seu afastamento provisório do folhetim. Ela retornou pouco depois, mas os problemas continuaram e a direção da Globo decidiu pelo afastamento dos atores.

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Mortos em um incêndio

Pátria Minha - Vera Fischer
Vera Fischer em Pátria Minha (Divulgação / Globo)

Gilberto Braga, então, aproveitou um incêndio que já estava previsto na trama para “matar” Lídia e Inácio. Porém, na época, o autor lamentou a decisão.

“Lamento muito tudo isso estar acontecendo. Artisticamente, o resultado da dupla era bom. Eu gostaria de ficar com os dois até o fim de Pátria Minha. Mas foi uma decisão da alta direção da Rede Globo por problemas de produção que escapam da minha alçada. Vai ficar mais difícil sem eles, principalmente porque a Lídia era uma personagem muito forte”, declarou Gilberto Braga ao jornal O Globo, em 13 de janeiro de 1995.

Com a “punição”, a Globo vetou a escalação de Vera Fischer para novelas inteiras. Ela só voltou aos folhetins em Laços de Família (2000), depois de participações especiais em O Rei do Gado (1996) e Pecado Capital (1998). Já Felipe Camargo retornou um pouco antes, em Corpo Dourado (1998).

Além disso, Pátria Minha passava por outros problemas. Além de não emplacar no Ibope, a trama chegou a enfrentar acusações de racismo, por conta de uma cena no qual o protagonista Raul Pelegrini (Tarcísio Meira) humilhava o jardineiro Kennedy (Alexandre Moreno).

Para acalmar os ânimos, o autor incluiu uma sequência na qual Zilá (Chica Xavier), numa conversa com o rapaz, condenava o racismo.

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Penitência

Fábio Assunção e Cláudia Abreu em Pátria Minha
Fábio Assunção e Cláudia Abreu em Pátria Minha

Por conta de tantos problemas, Gilberto Braga precisou escrever os 203 capítulos de Pátria Minha aos trancos e barrancos. O autor admitiu a dificuldade em depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.

“Pátria Minha foi uma novela bem problemática. Só foi boa até, aproximadamente, o capítulo 80. Depois houve problemas demais. Terminar aquilo foi uma penitência”, afirmou o novelista.

Por conta do fiasco, Pátria Minha nunca chegou a ser reprisada. Mas, por meio do Projeto Resgate, os fãs da obra de Gilberto Braga podem revisitar a produção, que está com todos os seus capítulos disponíveis na plataforma.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor