Dez anos após o êxito de Escrava Isaura (1976), Lucélia Santos (foto abaixo) e Rubens de Falco foram escalados para outra novela voltada para o mesmo debate, o da escravidão. A intenção da Globo era reeditar o sucesso internacional do folhetim de Gilberto Braga através de Sinhá Moça (1986), de Benedito Ruy Barbosa.
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A trama, exibida entre abril e novembro de 1986, conquistou o público do Brasil e do exterior, o que não impediu, porém, os problemas de bastidores.
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O fenômeno que se repetiu
Baseada no romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes, Sinhá Moça já havia passado pelos cinemas em 1953, com Eliane Lage como protagonista.
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Lucélia Santos foi escalada para o papel título por conta do êxito como a escrava Isaura. O conflito, porém, era outro: a jovem de ideais abolicionistas batia de frente com o pai, o Barão de Araruna (Rubens de Falco, o Leôncio de ‘Isaura’). O escravocrata via no advogado Rodolfo (Marcos Paulo) o melhor partido para a sua filha, até descobrir que ele também defendia a libertação dos escravos.
A investida da Globo, de reeditar a mocinha e o bandido de Escrava Isaura, não agradou o autor de Sinhá Moça…
Lista inicial não deu em nada
Em depoimento ao livro A Seguir Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes, Benedito Ruy Barbosa revelou a opção por outro nome.
“Se pudesse, teria escolhido a Giulia Gam para a protagonista. (…) Infelizmente a Globo não deixou. A Lucélia encheu o saco durante a novela. A certa altura, chegou a dizer que não serviria de escada para os outros (atores)”, lamentou.
Já Fábio Jr declinou do convite para viver Rodolfo por conta de seus compromissos com a música. Marcos Paulo, que vinha da direção de Roque Santeiro (1985), foi convocado para a produção.
De qualquer forma, a química de Lucélia e Marcos fez sucesso – e os conflitos envolvendo Rubens também.
Carreira internacional
Sinhá Moça foi negociada com 50 países antes mesmo de sua estreia, em abril de 1986. Os feitos no mercado internacional foram enaltecidos na chamada da reprise em Vale a Pena Ver de Novo, de 1993. Na Nicarágua, a novela conseguiu parar a Revolução Sandinista, com um público estimado em 100 mil telespectadores por capítulo.
Em 2006, Edmara Barbosa e Edilene Barbosa, filhas de Benedito, atualizaram a trama. Carolina Dieckmann foi cogitada para a protagonista, que acabou entregue a Débora Falabella – com a escalação da primeira para Cobras & Lagartos.
Osmar Prado e Danton Mello responderam pelo Barão de Araruna e por Rodolfo. Milton Gonçalves integrou as duas versões, no mesmo personagem: Pai José, escravo do Barão que falece no primeiro capítulo.
Já Patrícia Pillar, a Ana do Véu de 1986, voltou à cena como Cândida, mãe de Sinhá Moça; Isis Valverde assumiu Ana, em sua estreia na TV.
Lucélia Santos está longe das novelas brasileiras desde 2006, quando atuou em Cidadão Brasileiro. Nos últimos anos, a atriz se dividiu entre o Brasil e Portugal.