Autor de Pantanal, Benedito Ruy Barbosa botou a boca no trombone para reclamar dos índices de audiência da trama original, exibida pela Rede Manchete em 1990.
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Em entrevista à Folha de S.Paulo de 13 de maio de 1990, o escritor jogou lenha na fogueira na guerra que se formou entre a emissora da família Bloch e a Globo, que se recusou, anteriormente, a produzir a trama, que acabou ganhando um remake mais de 30 anos depois.
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“Desde o começo, sentíamos que o retorno seria muito forte. Só não esperávamos dar 51 pontos no Rio contra 29 da Globo. Está a maior briga de ibope. Ninguém acredita que a novela tenha dado 19 em São Paulo. As pessoas comentam: o que é isso, está dando 50, 60. É evidente que esses índices divulgados de cinco em cinco dias estão sendo manipulados. Ninguém mais acredita neles”, criticou.
Na mesma época, vale ressaltar, a Manchete publicou anúncios em grandes veículos enaltecendo o Ibope de Pantanal, com dados do Instituto. Aí foi a vez do SBT esbravejar, já que, segundo o canal de Silvio Santos, alguns números estariam sendo distorcidos.
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“Não me arriscaria”
Benedito ainda disse que entendia a posição da Globo, que sempre se esquivou quando ele trazia a sinopse de volta à mesa quando lhe pediam uma novela.
“Acho que se estivesse na posição dele [Daniel Filho, diretor da emissora], não me arriscaria, tendo um sucesso atrás do outro no ar. Tenho consciência que a novela seria muito cara, a começar pela própria locação. Por outro lado, você não pode lidar com o elenco da Globo da mesma forma que lida com o da Manchete. Os atores estão pouco se lixando se tem mosquito. Comem com o prato na mão, enfrentam o calor danado, levantam às cinco da manhã e gravam até o cair do sol”, enfatizou.
Na mesma reportagem, Benedito relembrou que criou a trama de Pantanal quando visitou a pousada de Sérgio Reis no Pantanal. Ele havia acabado de escrever Paraíso e tirou uns dias de folga.
“Fiquei emocionado com o lugar. Pela primeira vez na vida reconheci a Via Láctea no céu. Ao retornar a São Paulo escrevi a sinopse e doze capítulos em seis dias”, explicou.
Resposta às críticas
Ele também contou que voltou à região várias vezes ao longo dos anos, para ouvir como os pantaneiros falavam.
“Cheguei à conclusão de que é uma miscelânea de mineiro, paulista, gaúcho, catarinense e nordestino. No Pantanal, o papo flui gostoso, não tem televisão para perturbar, as pessoas vivem o prazer da prosa, esse hábito que desapareceu na cidade grande”, destacou.
O autor também se defendeu das críticas sobre o ritmo lento da novela, dizendo que as pessoas gostavam, se emocionavam e até choravam. Para completar, ele se defendeu das acusações de Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, que falou à revista Veja que a produção fazia “exploração do sexo”.
“Li e achei lamentável. Acho que ele não está vendo as novelas da Globo, porque o público critica muito mais os excessos que elas cometem do que Pantanal”, completou.