Responsável pela adaptação de Renascer, criada em 1993 por seu avô Benedito Ruy Barbosa, o autor Bruno Luperi estreou na Globo em Velho Chico (2016), trama criada por seu avô e desenvolvida por ele, sob sua supervisão.
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A produção estreou cercada de expectativas na Globo, já que marcaria o retorno do universo rural de Ruy Barbosa ao seu horário nobre, afastado desde Esperança (2002). No entanto, Velho Chico não correspondeu às expectativas e enfrentou problemas que acabaram frustrando a Globo.
Além disso, a trama ficou marcada pela trágica morte de seu protagonista, o ator Domingos Montagner.
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Retorno de Benedito
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Longe do horário nobre da Globo desde a malfadada Esperança, Benedito Ruy Barbosa retornou à faixa com status de “salvador da pátria”. Em 2016, a direção de teledramaturgia da Globo havia identificado um cansaço do público com tramas urbanas e achou que o espectador merecia um “respiro” após as fracassadas Babilônia (2015) e A Regra do Jogo (2015).
Por isso, a emissora desengavetou Velho Chico, trama criada por Benedito Ruy Barbosa havia anos, e que chegou a ser cotada para a faixa das seis. A produção foi colocada de pé pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, enquanto Edmara Barbosa e Bruno Luperi, filha e neto de Benedito, responderiam pelo texto, sob a supervisão do veterano.
Assim, Velho Chico “furou a fila” e fez a Globo adiar A Lei do Amor (2016), de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Domingos Montagner e Camila Pitanga foram escalados para viverem o principal casal da história, que se passava às margens do Rio São Francisco.
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Problemas de bastidores
Velho Chico contava a história de Santo dos Anjos (Domingos Montagner), que se apaixonava por Maria Tereza (Camila Pitanga), filha de Afrânio, o Coronel Saruê (Antonio Fagundes), seu grande inimigo político. O amor nasce na juventude e retorna com força total quando eles se reencontram – ela, casada com o político Carlos Eduardo (Marcelo Serrado).
A trama explorava o coronelismo na região da fictícia Brotas de São Francisco e também pregava pela agricultura sustentável. Porém, ao estrear, Velho Chico não caiu nas graças do público, que estranhou a estética peculiar adotada pelo diretor Luiz Fernando Carvalho. Além disso, a trama foi considerada arrastada demais.
Além da baixa audiência, Velho Chico enfrentou problemas nos bastidores. Edmara Barbosa deixou a novela por não concordar com as intervenções de Luiz Fernando Carvalho. Com isso, o então inexperiente Bruno Luperi, aos 28 anos, se viu sozinho tocando os trabalhos da novela.
Crise e final trágico
Outros problemas de bastidores atrapalharam Velho Chico. Com o fraco desempenho inicial, a direção de teledramaturgia da Globo solicitou mudanças, baseadas nos primeiros grupos de discussão da trama. Porém, Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho bateram o pé e se recusaram a modificar a história.
Na época, Ruy Barbosa chegou a afirmar que Silvio de Abreu – então diretor de teledramaturgia da Globo – não mexeria jamais em uma novela sua. Depois disso, algumas mudanças chegaram a ser adotadas após uma interferência de Carlos Henrique Schroder, então diretor-geral da emissora.
Porém, o momento mais triste de Velho Chico estava por vir. Em 15 de setembro de 2016, faltando duas semanas para o fim da novela, o ator Domingos Montagner morreu afogado no Rio São Francisco, aos 54 anos, após ser levado por uma forte correnteza.
O artista já havia gravado quase todas as cenas do final de Santo dos Anjos. Porém, em algumas sequências em que o personagem ainda apareceria – como o casamento com Maria Tereza – a direção da novela adotou a “câmera subjetiva”, como se o espectador fosse os “olhos” de Santo.
Decepção
Diante de tantos problemas, Velho Chico passou de “salvadora da pátria” a grande decepção na Globo. Sua média final foi de 29 pontos no Ibope, apenas meio ponto acima de A Regra do Jogo, sua antecessora, que fechou com 28,5. A emissora esperava algo em torno de 35 pontos.
A decepção foi tão grande que Velho Chico nem ao menos figurou no catálogo de produções que a Globo ofereceu ao mercado internacional em 2017. A emissora, no entanto, negou que o fiasco da novela tenha sido o motivo para a exclusão, atribuindo a decisão a “questões mercadológicas”.