Aprendeu a lição: autor corrigiu maior problema de outra novela em Pantanal
06/10/2022 às 22h15
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Mesmo com críticas quanto ao período da barriga (quando nada acontece), o remake de Pantanal, que termina nesta sexta (07), apresentou vários acertos e a adaptação de Bruno Luperi fez jus ao brilhante trabalho de seu avô, Benedito Ruy Barbosa, em 1990, na Rede Manchete.
Um dos maiores êxitos da novela da Globo foi a escalação do elenco. Principalmente com a mudança de fase. Impressionou como os atores realmente se pareceram fisicamente com os colegas da primeira fase, além da atuação ter mantido um padrão com o dos intérpretes que deixaram a trama.
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Mesmo tendo saído da trama precocemente, a que mais se destacou na questão das similaridades foi Karine Teles. A premiada atriz de cinema conseguiu pegar todos os trejeitos de Bruna Linzmeyer, que brilhou na primeira fase como Madeleine. Realmente pareceu que 20 anos se passaram para a personagem no quesito envelhecimento.
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Claro que o trabalho de caracterização tem uma grande responsabilidade, mas o desempenho de Karine fez a diferença. Até porque Madeleine amadureceu apenas por fora, pois por dentro seguiu egoísta e instável emocionalmente. É visível que houve uma preocupação em imitar a forma de Bruna falar e até o revirar dos olhos.
Embates e alfinetadas
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Camila Morgado também foi muito bem como Irma. A irmã invejosa de Madeleine foi defendida com talento por Malu Rodrigues e o jeito sonso de agir era exposto de uma forma sutil, sem maiores exageros.
O tom suave na fala era outra característica da personagem. Camila conseguiu incorporar tudo e brilhou na segunda fase. Aliás, vê-la em cena com Karine Teles remeteu sempre aos momentos entre Bruna Linzmeyer e Malu.
Os embates e alfinetadas mantiveram toda a essência da primeira fase. Foi uma dobradinha que funcionou no antes e no depois. O núcleo do Rio de Janeiro foi o mais fraco da novela, mas a presença das duas conseguiu deixá-lo atrativo, ainda mais ao lado da grande Selma Egrei (Mariana), presente em ambas as fases. É necessário ainda elogiar Caco Ciocler, ótimo na pele do passivo e conformado Gustavo, que seguiu a linha de Gabriel Stauffer.
Dira Paes também brilhou
E Dira Paes? Elogiar o trabalho da atriz é chover no molhado. Conhecida por se destacar em todas as produções que contam com sua presença, Dira tinha que ser a Filó. Difícil imaginar outra profissional em seu lugar. A personagem foi a melhor surpresa da primeira fase. Isso porque foi vivida por uma grata revelação: Letícia Salles.
A intérprete foi um dos maiores acertos do elenco e conseguiu sobressair em meio a um time de vários talentos. Certamente será requisitada para futuros trabalhos na Globo, como a próxima novela das sete, quando viverá uma vilã.
E Dira honrou a sua colega que está iniciando na carreira. A mistura de conformismo e uma esperança que nunca morre seguiu com a personagem. A veterana esteve segura no papel e fez uma boa dobradinha com Marcos Palmeira.
Missão difícil
Aliás, Marcos teve a missão mais difícil. Renato Góes virou o queridinho do público ao longo da primeira fase. Dono de um carisma incontestável, o ator viveu seu melhor momento na carreira como Zé Leôncio. E se beneficiou porque representou o período mais solar do protagonista.
O peão sofreu muito com o sumiço do pai, Joventino (Irandhir Santos), mas descobriu o amor com Madeleine, viveu a alegria da paternidade e virou o rei do gado graças ao legado do pai. Para Marcos, sobrou a amargura que o protagonista foi acumulando ao longo de 20 anos, após a traumática separação de Madeleine e o rompimento da convivência com o filho, Jove.
Aquele Zé da primeira fase não existiu mais. Então o estranhamento com o outro ator era inevitável. Até porque o objetivo da atuação, no caso, era não ter o que copiar do colega. E o ator conseguiu superar qualquer má impressão inicial. Foi muito bem como Leôncio e, apesar do mau-humor constante do personagem, conseguiu alguns momentos cômicos deliciosos.
Aprendeu a lição
Bruno Luperi (foto acima) aprendeu a lição de Velho Chico, problemática novela escrita por ele ao lado da mãe, Edmara Barbosa, e do avô, Benedito, em 2016. A produção recebeu uma avalanche de elogios na primeira fase e perdeu o rumo na segunda, quando a troca de elenco se mostrou totalmente equivocada.
Os personagens não pareciam os mesmos. O caso mais gritante foi o de Antônio Fagundes, na pele do Coronel Saruê, em uma composição diametralmente oposta a do colega Rodrigo Santoro.
Agora, em Pantanal, tudo deu certo com Karine Teles, Camila Morgado, Marcos Palmeira, Caco Ciocler e Dira Paes. O trabalho da equipe valeu a pena.