Autor copia Avenida Brasil com derrocada de Karola e erra feio na condução de Rochelle em Segundo Sol

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João Emanuel Carneiro resolveu expor a primeira “vingança” de Luzia (Giovanna Antonelli) no capítulo 118, exibido nesta quinta-feira (27/09). Ou seja, demorou todo esse tempo para colocar sua mocinha burra e passiva agindo. Ainda assim, vale ressaltar, a protagonista quase não tem movimentado o roteiro. Roberval (Fabrício Boliveira) e Galdino (Narcival Rubens) são os responsáveis pelo desenvolvimento dos “planos” contra Laureta (Adriana Esteves) e Karola (Deborah Secco). Além da demora em desenvolver esse enredo que anda em círculos, o autor acabou copiando uma das situações mais lembradas de Avenida Brasil, o maior sucesso de sua carreira, exibido em 2012.

Luzia usou um vídeo íntimo que Laureta tinha de Karola com Remy (Vladimir Brichta) para desmoralizar a inimiga diante do Brasil. Exibiu a transa da ex de Beto (Emílio Dantas) com o cunhado em um show que marcava a volta do cantor aos palcos. O povo se revoltou e jogou latas, bebidas e até milkshake na vilã, que surtou e xingou todos os presentes de “pobres”. A situação, claro, foi baseada no clássico Carrie, a estranha (1974), já reproduzida em outras novelas, como Rainha da Sucata (1990) e Chocolate com Pimenta (2003). Porém, a reação dela foi idêntica ao momento em que Carminha (Adriana Esteves) foi expulsa da mansão da família de Tufão (Murilo Benício). Já na rua, ela menosprezou todos os passantes e os xingou com ódio.

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Vale lembrar, claro, toda a sequência anterior de Avenida Brasil. Antes de ir para o olho da rua, a vilã foi confrontada pelos familiares e tirou sua máscara de boa moça. Fez questão de humilhar Tufão, ridicularizar Muricy (Eliane Giardini) e Ivana (Letícia Isnard), e desprezar toda a família de “suburbanos”. Levou, ainda, uma bofetada da ex-sogra, que sempre acreditou em todas as suas mentiras.
Essa recordação é para expor o plágio da cena em que Karola se revelou diante de Beto, Nonô (José de Abreu), Naná (Arlete Salles), Gorete (Thalita Carauta) e Clóvis (Luis Lobianco). Ela fez exatamente a mesma coisa que Carminha e até o tapa que levou foi dado pela personagem que sempre foi uma tentativa de reeditar a Muricy – afinal, Naná achava Karola uma ótima pessoa e nunca quis ouvir as acusações contra a nora (Irene, vivida por Glória Menezes, em A Favorita, de 2008, também era assim).

Porém, o autor não se dá conta que sua atual trama não chega nem perto da aclamada novela escrita por ele em 2012. Ou seja, todo o contexto rendeu muito menos que o esperado justamente pela sensação de déjà vu. E um déjà vu sem a metade do impacto. A sequência só valeu pela ótima atuação de Deborah Secco, que aproveitou a melhor cena que teve até agora para expor seu talento. A atriz imprimiu muito bem todo o desespero e a fúria de Karola por ter sido desmascarada diante de todos, sem ter mais como manter sua farsa de mulher respeitada. Ali foi o seu momento de brilhar. E convenceu.

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Infelizmente, além de ter demonstrado sua falta de criatividade – é verdade que todo novelista se copia, mas João tem apenas cinco tramas no currículo até hoje (ainda é cedo para tanta repetição) -, o autor falhou feio na virada do enredo de Rochelle (Giovanna Lancellotti). A vilã maniqueísta, que odeia tudo e todos sem razão aparente, resolveu simular uma agressão e uma tentativa de estupro para acusar Roberval (Fabrício Boliveira) e chantageá-lo. Como, em meio a uma discussão com o tio, acabou caindo em cima de uma mesa de vidro, a menina aproveitou a situação para criar a armadilha. Sim, ela é uma canalha e a obra é ficção. Todavia, em um momento onde a violência contra a mulher só cresce – e na mesma semana foi noticiado que uma estudante de Minas Gerais acabou espancada pelo namorado nos Estados Unidos – a saída do escritor é bastante questionável.

Até porque a garota vai acabar regenerada em virtude da Síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que afeta o sistema nervoso e provoca paralisia dos membros. A enfermidade será descoberta durante a internação da personagem, que realmente se feriu quando caiu na mesa. Ou seja, a ideia dessa chantagem foi algo gratuito – além de repetitivo, pois todos os tipos da novela chantageiam uns aos outros o tempo todo.

Segundo Sol se encontra visivelmente sem rumo e a história está a menos de dois meses do seu fim. Uma pena ver um autor tão talentoso quando João Emanuel Carneiro perdido e criando desdobramentos repletos de equívocos que pouco empolgam. Ele parece não saber mais o que fazer com sua história.


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