Considerada uma telenovela cínica e que exibia um desajuste entre o trio de autores, Mico Preto (1990) não foi uma trama de grande repercussão na faixa das sete da Globo. Escrita por Marcílio Moraes, Leonor Bassères e Euclydes Marinho, a obra trouxe Luis Gustavo como um protagonista que era disputado por duas mulheres de personalidades distintas: a trapaceira Sarita (Gloria Pires) e a ingênua Cláudia (Louise Cardoso).
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Só que Louise (na foto acima, com Drica Moraes) não guardou boas recordações dessa novela, afirmando que esse foi um dos trabalhos que detestou fazer. Passado o episódio traumático, a atriz se viu numa situação parecida anos depois, ao viver uma personagem que considerou ser uma mera figuração de luxo.
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Personagem insuportável
Em Mico Preto, Cláudia era uma boa moça que vivia um casamento fracassado com Fred (José Wilker). Ela se apaixona por Firmino (Luis Gustavo), um humilde funcionário público que, de uma hora para a outra, acaba assumindo a direção dos negócios da milionária Áurea Menezes Garcia (Márcia Real), mãe de Fred, Adolfo (Tato Gabus) e dos gêmeos Zé Luis e Arnaldo (Miguel Falabella).
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Só que, para viver esse amor, Cláudia terá que disputar o coração de Firmino com Sarita, a noiva ambiciosa do homem, que pretende dar um golpe do baú na família de Áurea.
Mesmo desempenhando um papel importante dentro da novela, Louise Cardoso demonstrou em entrevista o desgosto com sua personagem.
“Em Mico Preto eu interpretava uma heroína tão boa que era insuportável. A Claudinha era um personagem linear. Então tive que fazer o feijão com arroz. Quando chegou no capítulo 113 estava desesperada. As crianças ficavam me chamando na rua e tinha de dar tchauzinho. Tinha uma menina que era fanha onde eu morava e ficava dizendo ‘Clãndinha, Clãndinha…’ Tinha raiva disso. (…) Que o Marcílio me perdoe. Não estou criticando ele, mas a personagem. Esta novela foi difícil. No capítulo 160 queria sumir e faltava mais 20. Esta coisa interminável de novela é terrível”, disparou.
Figurante
Presença bissexta em novelas nos anos 1990 e meados dos anos 2000, Louise aceitou o convite para integrar o elenco de Páginas de Vida (2006-07). Na trama escrita por Manoel Carlos e exibida no horário nobre da emissora, a atriz interpretou a artista plástica Diana, casada com Leandro (Tato Gabus) e mãe de Rafael (Pedro Neschling), que estava disposta a tudo para manter a família unida.
Mas, devido ao grande número de personagens que faziam parte da obra, sua personagem perdia a relevância na trama a cada novo capítulo, fazendo com que a artista declarasse publicamente que estava fazendo uma figuração de luxo no folhetim.
“Só tem cenas de figuração até o final da novela. Não considero que fiz parte dessa novela”, desabafou ao jornal Agora São Paulo em 5 de fevereiro de 2007.
Novos rumos
A insatisfação de Louise não passou despercebida pelo autor Manoel Carlos (foto acima), que providenciou um novo rumo para a artista plástica, que passou a se envolver com o modelo Ulisses (Domingos Meira).
“A história da artista bem-casada, que se apaixona pelo modelo retratado por ela durante anos, tem um potencial muito bom. Fico na expectativa e acho que o público também fica”, declarou Louise para a Folha de S. Paulo.
Após esse trabalho, a atriz atuou em apenas mais três novelas no canal: Insensato Coração (2011), Sangue Bom (2013) e Além do Tempo (2015). Seu último projeto até o momento foi em Malhação (2016-2017). Desde então, a consagrada atriz de 67 anos se encontra afastada da televisão e tem um projeto voltado para o teatro, com previsão de estreia para este ano.