Na década de 1980, uma atriz de muito talento despontou como uma das promessas da Globo para os anos seguintes: Luciana Braga. Nascida no Rio de Janeiro, em 16 de dezembro de 1962, Luciana hoje brilha no teatro em Judy – O Arco-Íris é Aqui, do autor e diretor Flávio Marinho.

Luciana Braga

Filha de um engenheiro e de uma professora, Luciana Braga entrou para o meio artístico ainda na infância. Aos oito anos, ela participava de peças de teatro amador no colégio. Já adulta, Braga ingressou na graduação em Fonoaudiologia, que abandonou às vésperas da conclusão para seguir nos palcos.

Na Casa de Artes de Laranjeiras (CAL), a artista encenou O Tempo e os Conway, com o qual recebeu o Prêmio Mambembe de Revelação – com apenas 22 anos.

Ascensão na TV

As Pupilas do Senhor Reitor

Em 1986, Luciana Braga fez sua primeira novela: Sinhá Moça. O destaque na trama de Benedito Ruy Barbosa levou a um convite para protagonizar Helena (1987), adaptação da Manchete para a obra de Machado de Assis. Ela seguiu no canal de Adolpho Bloch com Olho por Olho (1988).

Luciana voltou à Globo em Tieta (1989), na pele de Maria Imaculada. A figura que ludibriava o coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), evitando tornar-se mais uma de suas rolinhas – enquanto sonhava com o “príncipe” Ricardo (Cássio Gabus Mendes). A própria atriz define esta como a sua personagem mais marcante.

“Quando fiz a ‘rolinha’, tinha 26 anos e todo mundo dizia que eu parecia ter 15. Isso me acompanhou por um bom tempo. Era infernal você ser uma mulher e ser tratada como uma adolescente”, contou ao portal UOL, em 22 de junho de 2017. “Sempre fui parada em blitz, barrada em boates e paquerava caras que me descartavam porque não namoravam menores”, completou.

Mesmo com anos de dedicação à TV, Luciana foi contemplada com o Troféu Imprensa de Revelação do Ano por seu papel na trama de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. O papel seguinte, Dirce de Meu Bem, Meu Mal (1990), manteve a popularidade de Braga em alta.

O êxito se repetiu como Sandra, de Renascer (1993), par romântico de João Pedro (Marcos Palmeira). Logo depois, ela aceitou o convite do SBT para o clássico remake de Éramos Seis (1994). Além de Isabel, filha de D. Lola (Irene Ravache), Braga viveu Clara em As Pupilas do Senhor Reitor (1994), outro destaque do canal de Silvio Santos.

Ausência do vídeo

A Terra Prometida

Com projetos no teatro e no cinema, Luciana Braga só voltou à TV em 2002, numa participação em Esperança. Em 2008, ela ganhou uma vilã para chamar de sua: Denise, de Negócio da China. Na ocasião, a atriz declarou ao jornal O Globo (19/10/2008) que não era de pedir trabalho e que aproveitou a ausência para se dedicar às filhas Isabel e Laura, além dos palcos.

“Eu não fico pedindo trabalho. Se não acontece, eu deixo não acontecer. Eu não tenho essa vaidade de querer estar com a cara no vídeo. Acho até que, se eu lidasse bem com isso, não teria ficado tanto tempo longe da televisão, porque aí eu ia correr atrás. Mas não foi desconfortável estar longe, não sofri. Eu me perguntei algumas vezes, sim, até porque as pessoas me cobravam. Pensava: ‘Pô, realmente, será que nunca mais vou fazer TV de novo?”.

Negócio da China não foi propriamente bem-sucedida, mas, com esta retomada, outros trabalhos na telinha surgiram… Em 2009, Luciana assinou com a Record, emendando projetos como Poder Paralelo, Vidas em Jogo (2010), Pecado Mortal (2013), Vitória (2014) e A Terra Prometida (2016). E, diferente do que muitos contratados e ex-funcionário dizem, não se sentiu “esquecida” enquanto esteve na casa.

“Já ouvi isso, mas depende do que se chama de ‘esquecido’. Quem trabalha na Record não fica esquecido na Baixada Fluminense ou nos subúrbios. A emissora tem muita audiência em São Paulo e Pará, por exemplo. Se ficar restrito na zona sul do Rio, aí realmente você fica invisível”, contou ao UOL (22/06/2007).

Os trabalhos mais recentes

Éramos Seis

Em 2020, a atriz voltou para a Globo numa participação afetiva em Éramos Seis. Na versão de Ângela Chaves para o romance de Maria José Dupré, ela interpretou Zulmira, ex-esposa de Felício (Paulo Rocha) e, por consequência, desafeto de Isabel (Giulia Buscacio) – justo a personagem que viveu na produção do SBT.

“Fiquei arrepiada! Fiquei muito feliz na versão de 1994. Era um elenco excepcional, cheio de pessoas queridas. Foi um sucesso na época. Quando soube da nova versão me emocionei. Fazer parte dela foi como uma homenagem, um prêmio. Pura alegria!”, festejou em entrevista ao GShow, em 16 de março de 2020.

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A estreia como cantora

Luciana Braga

No momento, Luciana Braga dedica-se apenas ao teatro. Aos 59 anos, casada desde 1993 com o iluminador teatral Maneco Quinderé, ela não tem previsão de retorno à TV. Seus trabalhos mais recentes foram no streaming: o filme Lulli (2021) e a série De Volta aos 15 (2022), da Netflix.

Em Judy – O Arco-Íris é Aqui, ela mostra pela primeira vez a sua face cantora. O desempenho de Luciana na peça rendeu elogios da crítica, como o de Mauro Ferreira, do G1.

O jornalista afirmou em resenha que, para o público do espetáculo teatral, a impressão é de assistir “uma cantora tarimbada, expressiva, uma intérprete que honra a alta qualidade de músicas dignas de figurar em antologias do cancioneiro norte-americano”.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor