Cássia Kis tem recebido muitos elogios por conta da sua atuação nos recentes capítulos de Travessia, trama na qual vive Cidália. No entanto, ela também não escapou de críticas ao se mostrar defensora de pautas políticas contrárias à democracia, fato que acabou gerando inúmeros atritos nos bastidores da trama de Gloria Perez.

Travessia - Cássia Kis
Reprodução / Globo

Mas não foi a primeira vez que a atriz deu trabalho nos bastidores de uma novela. Certa vez, Cássia “causou” em meio às gravações de outra novela, na qual dava vida a uma memorável vilã.

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Tortura

Porto dos Milagres - Antonio Fagundes e Cássia Kis
Divulgação / Globo

Em Porto dos Milagres, novela de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, exibida pela Globo em 2001, a veterana viveu Adma Guerrero, uma vilã que eliminava a todos que ameaçavam a sua tranquilidade e a do seu marido e prefeito da cidade, Félix Guerrero (Antonio Fagundes).

Sua arma era um veneno que ela guardava numa pedra falsa de um anel, e que despejava na bebida de suas vítimas. O efeito do veneno era tão poderoso que seus algozes morriam na hora.

Apesar de considerar essa personagem um presente dos autores para ela, a artista confessou que era uma tortura gravar suas cenas na novela.

“Adma era sinônimo de maldade. Foi um dos maiores presentes que o Aguinaldo me deu. [Mas] Eu me lembro que foi muito trabalhoso. Nós gravávamos às segundas, terças e quartas em média 40 cenas. Eu acordava de madrugada pra poder decorar as cenas, já tendo estudado à noite. Era uma mistura de tortura com prazer”, afirmou Cássia, em depoimento à série As Vilãs que Amamos, do canal Viva.

Esporro na produção

Cassia Kiss
Divulgação / Globo

No mesmo programa, Cássia contou que, devido ao grande acúmulo de trabalho e de cenas com falas complexas, a produção da novela lhe ofereceu um ponto eletrônico. Deste modo, alguém ditaria as falas no ouvido da atriz.

Apesar da boa iniciativa, a ideia não foi bem-aceita por ela. Num acesso de fúria, Cássia deu um tremendo esporro na equipe.

“A produção ligava e falava: ‘Você não tá precisando de ponto? Porque hoje você tem uma cena enorme, você vai conseguir memorizar? Eu dizia [em tom de grito] ‘Não, eu não preciso de ponto, eu só preciso de silêncio dentro do estúdio”, relembrou.

Explosão

Porto dos Milagres
Divulgação / Globo

Em outra ocasião, a artista de 65 anos declarou, em entrevista à revista Quem de maio de 2012, admitiu que estava estressada durante Porto dos Milagres, por conta do alto volume de trabalho e da gravidez de seu terceiro filho. Na época, ela também estava em cartaz no teatro.

A veterana alegou que andava exausta por virar a noite estudando e que, por não ter tempo de passar todas as cenas, acabava surtando dentro do estúdio. Ela ainda afirmou que o correto da sua parte seria procurar o produtor da novela e dizer “desculpa, tem três ou quatro cenas que não tenho condição de fazer”. No entanto, ela se desdobrava para realizá-las.

“Mas não consegui e explodia. Saía do estúdio gritando, chorando, totalmente enlouquecida. Para a equipe, eu era a doida da Cássia, a pessoa difícil. (…) Era raro eu ter essas explosões. Mas os colegas me olhavam atravessado”, revelou.

Prêmios

Barriga de Aluguel - Cássia Kis, Claudia Abreu e Victor Fasano
Divulgação / Globo

Mesmo com tantos problemas causados, Cássia Kis roubou a cena na pele da grande megera da trama e seu desempenho acabou sendo reconhecido. Como prêmio, a atriz foi agraciada com Troféu Imprensa de Melhor Atriz, além do prêmio de Melhores do Ano da Globo.

Entre os demais papéis de destaque feitos por ela na televisão estão a Carolina, de Amores Roubados (2014), a Dulce, de Morde e Assopra (2010-11), a Ana, de Barriga de Aluguel (1990-91) e a Leila, responsável pela morte de Odete Roitman em Vale Tudo (1988). Cássia foi a escolhida para cometer esse crime, pois, segundo Dennis Carvalho, o diretor-geral da novela, ela era a atriz com mais “cara de louca” no elenco.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor