Recentemente, Susana Vieira esteve presente em Terra e Paixão, atual novela das nove da Globo. Na história, ela deu vida à Cândida, dona do bar mais famoso de Nova Primavera, que deixou a trama muito cedo, contrariando a veterana.
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Antes disso, em 1999, a atriz passou por uma situação semelhante. Na ocasião, Susana Vieira fazia parte de Andando nas Nuvens, novela das sete da Globo. A trama, que demorou a decolar na audiência, ficou marcada pelo pouco destaque dado à atriz, que reclamou publicamente.
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Foi a primeira novela de Euclydes Marinho. Em Brilhante (1981), ele atuou apenas como colaborador de Gilberto Braga. Em Mico Preto (1990), dividiu os roteiros com Leonor Bassères e Marcílio Moraes.
No primeiro capítulo, uma pane no sistema de energia do hospital em que Otávio Montana (Marco Nanini) está internado o faz despertar após 18 anos dormindo! O protagonista fora acometido por uma encefalite letárgica, conhecida como a doença do sono, desde a queda que sofreu, do alto de uma varanda, ao presenciar o assassinato de seu pai, Gregório Montana (Ary Coslov, diretor da trama, em participação especial).
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A encefalite letárgica também foi tema do filme Tempo de Despertar (1990), no qual um jovem médico (Robin Williams) estudava o tratamento mais adequado para vítimas da moléstia (dentre elas, o personagem de Robert de Niro).
Marinho conferiu o longa, por sugestão de Daniel Filho. E optou então pela abordagem da encefalite letárgica ao invés de um coma causado, como exemplo, por um acidente vascular encefálico (AVE) – o popular derrame cerebral – que deixaria sequelas em Otávio.
Batismo complicado
O projeto estava engavetado na Globo desde 1997, quando fora cogitado para substituir Zazá, também às 19h, e recusado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Na ocasião, Andando Nas Nuvens ainda atendia por A Última Noite do Século; provavelmente, uma referência ao fato de Otávio “dormir” em 1981, século XX, e despertar já na eminência do século XXI.
Batizar o folhetim não foi tarefa fácil. Além de Última Noite, foram cogitados os títulos A Volta por Cima, Alto Astral, As Cinco Fases do Amor, Feliz por um Triz, Folhetim, Louco Varrido, Maluco Beleza, Na Crista da Onda e Quebra-Cabeça.
O desenvolvimento do enredo estava atrelado ao convite feito a Marco Nanini. Caso o ator – afastado das novelas desde Pedra Sobre Pedra (1992) – recusasse, Euclydes optaria por um “plano B”: Otávio Montana morreria no capítulo 15 e a trama se debruçaria sobre o famigerado “quem matou?”.
Nestes sete anos, Nanini se manteve no vídeo em projetos menores, como episódios de A Comédia da Vida Privada (1995) e a minissérie O Auto da Compadecida, exibida em janeiro de 1999.
Artistas insatisfeitos
Acostumada aos holofotes, Susana Vieira queixou-se do perfil de Gonçala San Marino, que era um pouquinho “de menos” para quem acabara de interpretar Branca Letícia de Barros Mota, em Por Amor.
“O público reclama que apareço pouco. É um desperdício para mim e para a TV. Fico muito parada, gravo pouco. Estou acostumada a “ralar” mais. Mas sou obediente ao autor. Estou no barco e vou com ele”, em entrevista a O Globo, de 23 de maio de 1999.
Otávio Augusto também se aborreceu com Alex, conforme relatado pelo próprio, também ao jornal O Globo, em 26 de setembro de 1999.
“Ele é um quinto coadjuvante. Nesta trama, os atores superaram os personagens e a própria história”.
Isadora Ribeiro chegou a gravar como Oneide, esposa de Alex. A atriz, contudo, acabou substituída por Isabela Garcia – numa das personagens mais inexpressivas de sua carreira.
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Demorou para decolar
Andando Nas Nuvens demorou a decolar. A novela se aproximou de índices considerados alarmantes pela Globo, na ocasião – abaixo dos 30 pontos. Segundo publicações da época, Marinho chegou a “trocar ideias” a respeito da condução com autores tarimbados, como Gilberto Braga, Manoel Carlos, Ricardo Linhares, Silvio de Abreu e Walther Negrão.
A novela já estava estabilizada, indo de 35 a 40 pontos, quando entrou em sua “segunda fase”. Foi quando San Marino (Cláudio Marzo) conseguiu dispensar Gonçala, deixando-a sem um tostão. Também enviou Otávio para uma clínica psiquiátrica; este tiro, porém, saiu pela culatra já que o “desmemoriado” se lembrou do que acontecera na noite da morte de seu pai, após tomar outro choque elétrico.
Neste momento, ‘Andando’ apostou numa narrativa mais folhetinesca: Beth (Vivianne Pasmanter) casou-se com o primogênito de San Marino, Arnaldinho (Márcio Garcia), alegando esperar um filho dele – na verdade, herdeiro de Raul (Marcello Novaes); já Júlia (Débora Bloch), cuja semelhança com a mãe, Eva (Renata Sorrah), impressionava, tornou-se alvo das investidas de San Marino, seu verdadeiro pai – também genitor de Joana (Fernanda Souza), a quem Janete (Eliane Giardini) pede auxílio após perder a academia, por conta das dívidas do namorado Atila (Taumaturgo Ferreira), não podendo mais sustentar a filha.
Com a volta de Eva, vivendo sob a identidade da Condessa Astrid Von Brandenburg, estabeleceu-se um imbróglio: um retrato da personagem fora pintado tomando por base os traços de Débora Bloch, já que Júlia era muito parecida com a mãe.
Logo, era preciso encontrar uma atriz que guardasse as devidas semelhanças com Bloch. Renata Sorrah fora escolhida para o papel.
A mudança física de Eva foi justificada com uma cirurgia plástica, na intenção de fugir de San Marino. Testemunha da morte de Gregório, Eva fugiu com o dinheiro do sogro, temendo ser o próximo alvo do vilão, seu amante.
Após muitas idas e vindas, a trama foi encerrada em 5 de novembro de 1999, com 197 capítulos, e nunca foi reprisada pela Globo.