Para quem não acompanha novelas latinas, pode parecer surreal imaginar que uma estrela brasileira tenha participado de um melodrama de outro país. Mas isso aconteceu. Taís Araújo, recentemente vista em Cara e Coragem (foto abaixo), deu as caras em um dos maiores sucessos mundiais: Betty, a Feia (1999).

Cara e Coragem

A atriz era uma celebridade em terras colombianas por causa do sucesso na novela Xica da Silva (1996), produzida pela extinta Manchete e exibida naquele país.

Por isso, ela foi convidada para participar do folhetim colombiano que se tornou um fenômeno mundial, sendo exportada para mais de cem países e recordista de adaptações no mundo – totalizando 28. Mas ela não gostou da experiência. “Foi um lixo”, afirmou.

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O convite

Tais Araújo
Divulgação

O convite surgiu em 2000, época em que a artista global vivia nos Estados Unidos para atuar na Telemundo, rede estadunidense dedicada ao público latino que transmitia a produção.

Na Colômbia, Taís podia ser vista nacionalmente com a transmissão da segunda versão de Anjo Mau, produzida pela Globo em 1997, e que estava sendo exibida no país.

A participação

Taís Araújo e Ana Maria Orozco - Betty, a Feia
Reprodução

Porém, em entrevista ao jornal O Globo, de 23 de março de 2003, a famosa confessou que preferiu não assistir aos capítulos em que apareceu na telenovela e ainda considerou sua participação como um “mico”.

“Passei uma semana em Cartagena, na Colômbia. Foi bacana, porque o jeito de o colombiano fazer novela é diferente do brasileiro. É tudo improvisado”, afirmou ao periódico.

Araújo revelou a produção lhe pediu que ela falasse em português, mesmo dominando o idioma espanhol. Além disso, tudo ocorreu no total improviso, sem muito texto.

“Sei falar espanhol, mas os colombianos queriam que eu falasse um ‘portunhol’”.

Como não assistiu às cenas, ela adiantou como pensa ter ficado a sua aparição.

“Acho que ficou um lixo”, disse. “Senti falta de texto. Tinha poucas linhas e era muito solto. Tive que improvisar”, contou, observando ainda que usava as próprias roupas, já que tal qual a falta de roteiro, não existia figurino.

“Mico” em mais de cem países

Taís Araújo e Ana Maria Orozco - Betty, a Feia
Reprodução

Na história, a estrangeira chegou para ser jurada em um concurso de beleza e acaba ficando amiga de Betty, lhe dando conselhos para ser feliz e sentir-se bem consigo mesma.

“Mando a Betty soltar os cabelos, mudar o visual e aprender a sambar. Um mico!”, disparou.

Ela pode até não ter querido se ver, mas o Brasil viu. Betty, a Feia foi um fenômeno para os padrões da RedeTV!, emissora responsável pela exibição do folhetim em terras tupiniquins entre 2002 e 2003.

Com médias entre 6 e 8 pontos no Ibope, chegando até mesmo aos 10, a feiosa vinda de fora atormentou o SBT, que exibia a rejeitada nacional Jamais te Esquecerei na mesma época. O sucesso foi tanto que o canal paulista esticou o produto até dizer chega. Assim, a participação de quatro capítulos que a esposa de Lázaro Ramos tanto menosprezou, acabou durando uma semana na edição por aqui.

E como todo o castigo é pouco, o folhetim ganhou mais duas exibições na rede de Marcelo de Carvalho, em 2004 e em 2013, além de inúmeras reexibições também em todo o mundo.

Outras versões de Betty, a Feia também passaram por aqui. Foram exibidas a mexicana A Feia Mais Bela, de 2006; a estadunidense Ugly Betty, de 2005; e Betty, a Feia em Nova Iorque, de 2019. A trama também teve uma versão brasuca, Bela, a Feia, produzida pela Record em 2009.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor