Atraso no desligamento analógico: irresponsabilidade das emissoras ou do governo?
16/03/2017 às 15h00
Com o intuito de acelerar o desenvolvimento tecnológico do País, o governo brasileiro, através do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, publicou em 2014 o cronograma do desligamento do sinal analógico de televisão no Brasil.
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Um dos principais benefícios do fim do sinal analógico será a melhora do sinal de internet móvel 3G e 4G. A liberação das radiofrequências da faixa entre 698 MHz e 806 MHz, que equivalem às frequências dos canais 52 ao 69, ocorrerá nove meses após o desligamento e será benéfica, já que o alcance destas é superior às faixas atuais, reduzindo o custo de manutenção e instalação de antenas.
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Porém, para que as operadoras de telefonia façam a melhoria da rede móvel, é necessária a adaptação antecipada da população e também das emissoras ao sistema de transmissão digital, a fim de respeitar os prazos desse cronograma. Por um lado, há uma pressão das operadoras em acelerar o desligamento, e por outro, a crise econômica do país atrapalhando a adequação ao novo sistema.
O governo brasileiro é responsável pela concessão dos canais às emissoras e vem intensificando a cessão de canais digitais. Recentemente, houve a desburocratização desse processo, o que facilitou a possibilidade de intensificar o switch-off. Porém, a demora na adequação das emissoras de televisão fez com que as datas de algumas cidades fossem adiadas pelo menos duas vezes.
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Em Rio Verde (GO), por exemplo, o switch-off, previsto para ocorrer em 26 de outubro de 2015, ocorreu somente em 1º de março de 2016, mesmo com o percentual mínimo de lares com acesso ao sinal digital – 93% é o definido pela Anatel – atingido antes do desligamento definitivo. Isso se deu por conta da ausência de sinais de emissoras como Record e Bandeirantes, que atrasaram a instalação de seus sinais.
Em Brasília (DF), primeira capital a realizar o switch-off, o atraso foi de menos de um mês em relação ao previsto. Com 90% dos lares com acesso ao sinal digital, o desligamento ocorreu mesmo sem a adequação de algumas emissoras menores. Além disso, emissoras como o SBT e a TV Brasília, afiliada à RedeTV, expandiram sua cobertura pelo Distrito Federal às pressas.
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Neste mês, a região metropolitana de São Paulo (SP), aglomeração com o maior número de habitantes, será a próxima a desligar o sinal analógico. Com somente três canais restantes para migrar para o sinal analógico, a cidade, que na última pesquisa atingiu 86% dos lares aptos a receber o sinal, está preparada para realizar o switch-off.
Ainda neste ano, por volta de 14 regiões do País passarão pelo mesmo processo. E o despreparo das emissoras em acelerar a implantação do sinal digital se repete na maioria das cidades, o que poderia ser evitado se as emissoras pressionassem o governo a se organizar melhor, a fornecer auxílios para que as ativações de sinal não ocorressem em cima da hora e também acelerar a distribuição de kits digitais, que são fornecidos aos beneficiários de programas sociais.
Vamos ver como vai terminar isso.
JUAN ROMERO é estudante de jornalismo. Gosta de esportes, política, bicicletas e de falar sobre o mundo televisivo, especialmente o local. Contatos podem ser feitos pelo Twitter, pelo Facebook ou pelo e-mail [email protected]. Ocupa este espaço às quintas