Considerado um dos principais galãs da Globo na década de 1970, João Carlos Barroso participou de novelas antológicas, como O Bem Amado (1973) e Pecado Capital (1975). Já nos anos 2000, ele era mais reconhecido por suas participações no Zorra Total. O ator faleceu de câncer em 2019.
No auge de sua carreira, Barroso foi convidado para uma participação na série Malu Mulher (1979), um clássico da época. No entanto, o ator recusou o trabalho, já que teria que viver um homossexual.
“Não topo”
Criada e dirigida por Daniel Filho, Malu Mulher foi um marco da televisão brasileira. Pela primeira vez, temas considerados tabus eram tratados na telinha com a devida naturalidade. A personagem principal era vivida por Regina Duarte (foto acima), que se separava do marido logo no primeiro episódio.
Divorciada e criando uma filha adolescente, Elisa (Narjara Turetta), Malu lutava para conquistar sua independência. Socióloga, ela trabalhava num instituto de pesquisa, o que a levou a conhecer pessoas e se envolver em diversas histórias.
Entre vários temas pouco comuns à época, Malu Mulher tratou de homossexualidade. Assim, João Carlos Barroso foi convidado para viver um homem gay, que iria se envolver com um personagem interpretado por Kadu Moliterno.
“Não topo”, respondeu o ator para revista Sétimo Céu em de julho de 1980.
De acordo com a publicação, a recusa foi feita de maneira tranquila e sem meias palavras. Barroso justificou sua negativa afirmando que seu personagem “estaria incentivando a proliferação do homossexualismo (sic) no Brasil”.
Galãs
A ideia de unir João Carlos Barroso e Kadu Moliterno (na foto acima, com Cristina Mullins em Paraíso) como um casal em Malu Mulher já era bastante avançada para a época. Afinal, ambos eram considerados grandes galãs da TV naquele momento e casais gays na telinha não eram comuns. Demorou muito tempo para que o assunto fosse abordado com naturalidade na TV.
João Carlos Barroso estreou na telinha no Chico Anysio Show, na TV Rio, em 1962. Mas, nos anos 1970, ele foi alçado ao posto de galã, emplacando grandes personagens em novelas como Estúpido Cupido (1976) e Marron Glacê (1979).
No entanto, sua presença nos folhetins foi sendo reduzida entre os anos 1980 e 1990. Nos anos 2000, ele surgiu em várias novelas, mas sempre em participações especiais. Ao mesmo tempo, passou a integrar o elenco fixo do humorístico Zorra Total, onde trabalhou entre 2002 e 2016.
Falecimento
João Carlos Barroso faleceu em 12 de agosto de 2019. Ele lutava contra um câncer no pâncreas.
Normalmente, o câncer no pâncreas é detectado quando já se encontra em estágio avançado, uma vez que não apresenta sintomas específicos.
O tumor se desenvolve na glândula do aparelho digestório, atrás do estômago e na parte de cima do abdômen, responsável por produzir enzimas para digerir os alimentos. Em muitos casos, existe metástase para outros órgãos.
