Ary Fontoura completou 90 anos nesta sexta-feira (27). O veterano foi homenageado no Encontro com Patrícia Poeta, com uma retrospectiva da carreira e depoimentos de colegas – Ney Latorraca, Laura Cardoso, Mateus Solano e Mariana Ximenes (na foto em Chocolate com Pimenta), entre outros, que enalteceram o ator.
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A reverência, porém, ficou marcada pela crítica de Ary ao seu último personagem em novelas. Ele deixou claro que não saiu satisfeito de A Dona do Pedaço (2019), trama de Walcyr Carrasco, bem-sucedida na faixa das nove.
“Foi pela metade”
No folhetim em questão, Ary Fontoura interpretou Antero, advogado que auxiliava a protagonista Maria da Paz (Juliana Paes). Ele se envolvia com Evelina (Nívea Maria), mãe da boleira, o que incomodava Marlene (Suely Franco), apaixonada pelo vizinho.
“O personagem que fiz considero que foi pela metade. Porque ele não teve aquela expansão que eu pensava que depois iria ter, que eu tinha preparado e pensávamos que seria”, lamentou Ary em papo com Patrícia Poeta e Manoel Soares.
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“Nem por isso, ele deixou de ser um bom personagem, mas para mim ficou incompleto. Para o público não, o público recebeu na medida correta”, concluiu.
Biografia
A Dona do Pedaço foi a oitava parceria de Fontoura e Carrasco. Os dois também estiveram juntos em Chocolate com Pimenta (2003), Sete Pecados (2007), Caras e Bocas (2009), Morde & Assopra (2011), Gabriela (2012), Amor à Vida (2013) e Eta Mundo Bom! (2016).
Na Globo desde os primeiros anos de atividade da emissora, o veterano acumula papéis de destaque. Nos anos 1970, Ary Fontoura foi nome recorrente nas novelas de Dias Gomes, como O Espigão (1974) e Saramandaia (1976). Na década seguinte, emendou clássicos como Guerra dos Sexos (1983), Amor com Amor se Paga (1984, foto) e Roque Santeiro (1985).
Ary também ficou marcado por tipos inesquecíveis como o coronel Artur da Tapitanga de Tieta (1989), o Tibério de A Viagem (1994) e o deputado Pitágoras Mackenzie de A Indomada (1997). Outra figura de peso foi Silveirinha, de A Favorita (2008), reapresentada recentemente.
Frustração
Embora festejado por imprensa e público, Fontoura é bastante crítico quanto aos trabalhos. Ele protestou, por exemplo, contra os rumos de Menez, seu personagem em Vila Madalena (1999).
“Não sei o que vai acontecer com o meu papel, que começou de um jeito e está de outro. […] Sei que um personagem pode tomar várias direções, mas é preciso mais subsídios. Se o autor entender os recados que tenho dado no ar, o Menez poderá se tornar excelente. Agora, ele é um quebra-cabeças”, queixou-se em entrevista ao jornal O Globo, em dezembro de 1999.
“Meu personagem na ‘Indomada’, por exemplo, veio inteiro desde o primeiro capítulo. Poderia ter feito até melhor, mas não foi culpa de ninguém. Dessa maneira corrida, o trabalho sai prejudicado. Outra coisa são esses grupos de discussão que decidem sobre os personagens”, completou.
No folhetim de Walther Negrão, por conta dos problemas de audiência, Menez deixou de ser um cinéfilo dividido entre as irmãs Bibiana (Yoná Magalhães) e Margot (Rosamaria Murtinho) e passou a babá dos sobrinhos Bia (Susana Werner) e Guga (Daniel Marinho).