Com diversos trabalhos no currículo – incluindo Império (2014) e Espelho da Vida (2018) –, o ator Romulo Arantes Neto (foto abaixo) pode ser considerado um dos galãs da nova geração.
O que talvez nem todo mundo saiba é que ele é filho do também ator Romulo Arantes, que morreu em um acidente de ultraleve em 2000.
“Minha vida virou de cabeça para baixo”
Em entrevista ao podcast Papagaio Falante, comandado por Sérgio Mallandro e Renato Rabelo, Romulo relembrou o impacto da tragédia em sua história.
“Minha vida virou de cabeça para baixo. Eu me identificava mais com a minha madrasta do que com a minha mãe nessa época, porque ela acompanhava a minha rotina”, revelou.
A perda precoce do pai despertou em Romulo Arantes Neto o desejo de refazer os laços com a mãe, a arquiteta Adriana Junqueira.
“Foi muito difícil porque você, com 13 anos, sentir uma sensação absurda, que está sozinho no mundo: ‘a segurança que eu tinha com ele vivo agora não tenho mais’. Meu pai era um suporte muito grande, um porto seguro, a pessoa que você ama e te dá limites, você confia”, explicou.
Tal pai, tal filho
Na mesma ocasião, o ator exaltou as semelhanças com o pai:
“Fora o amor de pai e filho, havia uma conexão muito grande, um laço que vem do esporte. A gente era muito parecido. Ou melhor, a gente é muito parecido. A relação que a gente tinha era muito forte”.
Ele também desabafou sobre sua reação ao acidente que vitimou Romulo Arantes. Numa reação desesperada, o filho quis correr para ver o pai sem vida, mas foi contido.
“O acidente aconteceu a 150 metros da casa. Pode ser que seja uma imagem que eu não quero guardar para a vida inteira. Mas, ao mesmo tempo, é uma m3rda. Até hoje eu sonho com ele”, lamentou.
De acordo com Neto, em depoimento ao programa Encontro, Romulo morria de medo de altura. Ele, porém, era do tipo que gostava de enfrentar seus temores. Daí, veio a vontade de fazer o curso de pilotagem.
“Foi uma coisa que ele se colocou ali para fazer, ele assumiu o risco, é menos trágico, mas a dor é grande”, ressaltou.
Trajetória
Em 10 de junho de 2000, dois dias antes de completar 43 anos, Romulo Arantes pilotava um ultraleve, próximo à cidade de Maripá de Minas (MG). O avião sofreu uma pane e caiu na pista de pouso. A tragédia também vitimou o copiloto Fábio Amorim Ruivo.
Esportista, com participações nos jogos olímpicos de Munique (1972), Canadá (1976) e Rússia (1980), Romulo estreou na TV em 1981. Ele interpretou o nadador Osmar em Brilhante, do também saudoso Gilberto Braga.
“Em Indiana, nos Estados Unidos, onde morei durante nove anos, fiz um curso de teatro. Sou uma pessoa tímida demais, mas conseguia me desinibir em cena. Agora, realmente não esperava começar minha carreira artística pela novela das oito! Não é tão difícil (interpretar), porque o Osmar, na realidade, é o que eu sou: um atleta da natação. É como se eu estivesse interpretando a mim mesmo”, comentou em matéria do jornal O Globo.
Nos anos seguintes, Romulo Arantes brilhou em tramas como Sassaricando (1987), Pantanal (1990) – na pele de Levi, defendido por Leandro Lima no remake –, Perigosas Peruas (1992), Quatro por Quatro (1994) e Vira-Lata (1996). O último trabalho na televisão foi Canoa do Bagre (1997), da Record.
