Em No Rancho Fundo, Alexandre Nero tem roubado a cena como Tico Leonel. O pai de Quinota (Larissa Bocchino) faz o tipo adoravelmente ingênuo, mas muito amoroso. É um personagem carismático e bem diferente de outros trabalhos do autor.

Alexandre Nero em No Rancho Fundo
Alexandre Nero em No Rancho Fundo

Com a novela no ar e já estabelecida, fica até difícil imaginar outro ator vivendo o papel. Mas era isso que deveria ter acontecido, já que, inicialmente, Eduardo Moscovis havia sido escalado para o personagem. Já Alexandre Nero viveria Ariosto.

Foi o próprio Alexandre Nero quem pediu para trocar de papel. Com isso, Eduardo Moscovis ficou com Ariosto, personagem que ele já admitiu ser muito difícil.

Troca de intérpretes

No início da produção de No Rancho Fundo, o autor Mário Teixeira e o diretor Allan Fiterman escalaram Alexandre Nero para viver Ariosto, enquanto Eduardo Moscovis seria seu Tico Leonel. Foi o próprio Moscovis quem revelou este bastidor em entrevista ao GShow.

“A gente foi conversando sobre um monte de coisa, inclusive, sobre os personagens. E uma primeira ideia do Allan (Fiterman, diretor) foi que eu fizesse o Tico, e o Alexandre, o Ariosto. Eu ia adorar fazer o Tico, mas estou adorando o Ariosto”, entregou o artista.

A troca de papéis impôs um desafio a mais para o ator, que admitiu achar Ariosto um tipo difícil de construir.

“Estava com muita dificuldade de me aproximar dele. Pensei: ‘Não vou conseguir fazer esse cara, ele é muito difícil, como que ele fala essas coisas para a mulher? E para o filho dele?’ E o Allan falou assim: ‘O Ariosto é igual ao sertão, ele é seco, ressequido, ele é um bloco, nada flui para ele’. E achei essa imagem tão bonita e esclarecedora, que me serviu como uma entrada”, disse.

Pedido de Alexandre Nero

Eduardo Moscovis em No Rancho Fundo
Eduardo Moscovis em No Rancho Fundo

Mas o que Eduardo Moscovis não disse foi que a troca de personagens se deveu a um pedido de Alexandre Nero. Foi ele quem recusou viver Ariosto e pediu para fazer Tico.

“Eu tenho sorte de me chamarem para personagens diferentes do que tenho feito, e quando não me chamam, eu peço para me trocarem, e eles trocam. Com Seu Tico aconteceu isso. Me trocaram, eu ia fazer o vilão, eu pedi para não fazer o vilão, e eu me apaixonei pelo Seu Tico logo de cara. Isso faz com que eu venha com uma força maior, mais gás”, revelou o ator ao site TV Pop.

“A maneira acentuada do humor, o gênero… Ele passeia num tom maior no humor e na comédia, dá para transitar mais nas escolas que tive, no teatro de rua, espetáculos de rua, na grande eloquência da palhaçaria, na melancolia da palhaçaria, na hipérbole da palhaçaria”, completou o artista.

Retorno aos folhetins

A troca de personagens acabou sendo benéfica para os dois atores, que ganharam a oportunidade de fazer algo diferente. Alexandre Nero, por exemplo, foi o vilão em Nos Tempos do Imperador (2021). Agora, ele voltou ao horário num tipo diferente.

O mesmo aconteceu com Eduardo Moscovis, que não fazia uma novela inteira desde O Sétimo Guardião (2018). O tipo “velho avarento” é uma novidade na carreira do ator, que aparece em cena bem diferente de seu personagem em Alma Gêmea (2005), reprise que antecede No Rancho Fundo na grade.

Enquanto às 17h ele faz o mocinho Rafael, às 18h30 ele surge como um tipo intragável. Com isso, o público nem se lembra de que se trata do mesmo ator.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor