Um dos grandes nomes da nossa dramaturgia foi Walmor Chagas, ator consagrado que participou de vários clássicos de cinema, teatro e televisão.

Walmor Chagas

Sua estreia aconteceu em 1948, na peça Antígone. Em 1952, já com vários sucessos no currículo, fundou, ao lado de Ítalo Rossi, o Teatro das Segundas-Feiras. Também esteve presente no Teatro Brasileiro de Comédia, quando atuou em Assassinato a Domicílio. Walmor se casou com a dama do teatro, Cacilda Becker, falecida anos depois, em junho de 1969.

A sua estreia no cinema foi no clássico São Paulo S/A (1963), ao lado de Eva Wilma. Dois anos depois, em 1965, ele fez a sua primeira novela – A Outra, exibido na TV Tupi.

Não gostava da televisão

Quem Sabe Sabe

Em 1974, foi contratado pela Globo e atuou em várias produções de sucesso, como O Grito (1975), Locomotivas (1977), Vereda Tropical (1984), Mandala (1987), O Pagador de Promessas (1988), Sonho Meu (1993) e Os Maias (2001), entre outros trabalhos.

Além de ator, foi apresentador ao comandar o game show Quem Sabe, Sabe (1982), da Cultura, e o musical Bar Academia (1983), exibido pela Manchete. Na Globo, ele esteve à frente de alguns episódios do Você Decide.

Mas Walmor não era muito fã da televisão. No 12º Festival do Audiovisual de Pernambuco, em 2008, o ator disse:

“Que o cinema nos salve, porque a TV é o reino da mediocridade”.

Em entrevista ao Zero Hora, ele deixa bem claro sua posição:

“Não tenho interesse em fazer televisão. Só aceito quando me garantem que meu personagem vai morrer rápido, como foi em A Favorita”, disparou.

“Fazer novela limita o ator. O público gosta, mas para o ator é um trabalho repetitivo, sobre o qual ele não tem pleno domínio do enredo. Um dia é bom, no outro é vilão, fica dizendo mentiras para o telespectador, contrariando tudo o que fez antes. Não me agrada mais”, completou.

Despedida

Seus últimos dois trabalhos aconteceram na Record, em Os Mutantes – Caminhos do Coração (2009) e Mutantes – Promessas de Amor (2009).

Afastado da TV, Walmor começou a sofrer com problemas de saúde decorrentes da idade avançada. Hipertenso e com problemas no estômago, também sofria de catarata, o que o impedia de praticar a sua maior paixão, a leitura, já que estava praticamente cego.

Em 18 de janeiro de 2013, o ator foi encontrado morto ao lado de uma arma. Nas investigações iniciais, a principal suspeita foi suicídio, o que foi confirmado dias depois.

“Walmor era leve, nunca se revoltava, tinha problemas de saúde, mas não queria dar trabalho para os outros. Ele era exibicionista apenas nos palcos, sua saída foi discreta. Acredito que seu suicídio foi resultado da sua teimosia, não queria ser um peso para ninguém. Ele na verdade quis escolher a hora de sua própria morte”, disse Antônio Carlos Cardoso, amigo do ator.

Aos 82 anos, Walmor se despediu da vida e deixou um grande legado, que foi resumido na época pela atriz Lucélia Santos ao UOL:

“Ele era um ator perfeito, um intelectual, uma referência para todos nós. É como se ele estivesse em cima de um poste e a gente olhasse, desejando estar lá. O Brasil perdeu um mestre”.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor