Entre as novidades do Globoplay para abril está a atualização de Lado a Lado (2012), resgatando vinhetas e outras características da exibição original. A trama de João Ximenes Braga e Claudia Lage contou com elenco afiado e produção requintada – arrebatando o Emmy Internacional de Melhor Novela.
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Um dos envolvidos no folhetim passou por maus bocados, dois anos após a conclusão do trabalho. O ator Vinícius Romão de Souza foi preso injustamente, acusado de furto; ele passou duas semanas em um presídio.
Equívoco
De acordo com matéria publicada na Folha de São Paulo de 26 de fevereiro de 2014, Vinícius, então com 27 anos, permaneceu na cadeia por 16 dias. Ele foi acusado de roubo após ter sido identificado, por engano, pela copeira Dalva Costa. A denunciante reclamava o furto de sua bolsa, com documentos, celular, cartões de banco e R$ 10.
A polícia só reconheceu o erro após a pressão dos amigos de Vinícius Romão de Souza. Eles provaram que nenhum dos objetos da vítima estava com o acusado. A copeira, que identificou o ator em seu primeiro depoimento, voltou atrás posteriormente. Ela alegou que só não desfez a acusação no dia seguinte por não ter dinheiro para a passagem até a delegacia.
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O delegado do caso, Niandro Lima, declarou à mesma edição da Folha que a prisão por roubo havia sido um “equívoco”, mas que não houve “má fé” da vítima. Em novo depoimento, Dalva relatou que o local onde foi assaltada não era bem iluminado e que observou rapidamente o rosto do ladrão, além da blusa preta e do cabelo “black power”.
“Eu a perdoo”
Na época, Vinícius Romão de Souza, também formado em Psicologia, trabalhava como vendedor em um shopping da Zona Norte do Rio de Janeiro.
O artista, detido em 10 de fevereiro na Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo (região metropolitana do Rio de Janeiro), não tinha antecedentes criminais. Ele foi solto após o Tribunal de Justiça conceder a liberdade provisória, diante do reconhecimento da polícia sobre a falha na investigação.
Assim que deixou o local, Vinícius concedeu entrevista à Folha, afirmando que a prisão estava associada ao fato dele ser negro. Ele também se posicionou sobre a acusadora:
“Eu a perdoo. Quero que Deus a ilumine, que dê tudo certo na vida dela. Ela cometeu um erro que pode acontecer com qualquer pessoa”.
Relato impressionante
Posteriormente, em uma entrevista coletiva, o ator deu mais detalhes do episódio. Ele estava voltando para a casa, após encerrar o expediente na loja, quando foi interpelado por um policial civil.
“A hora mais difícil foi a da abordagem do policial porque ele apontou a arma e fiquei com medo de que ele atirasse em mim. Ele falou para eu ficar calado e colocar a mão na cabeça. Disse que ele estava pegando o cara errado, mas não teve jeito. Na delegacia, nem fui ouvido. Já fui levado para uma cela e só pude ligar para o meu pai um dia após a prisão”, lamentou.
Vinícius Romão de Souza também explicitou as condições precárias da prisão. Além de dividir a cela com 14 acusados de crimes como tráfico de drogas e violência doméstica, ele dormia no chão e bebia água que guardava dos banhos rápidos a que tinha direito.
“Quando a gente chega na prisão, cortam o nosso cabelo, e colocam um uniforme na gente com a inscrição da Secretaria de Administração Penitenciária e a palavra ‘ressocialização’. Mas não vejo como as pessoas podem sair de lá melhores do que entraram. Não havia nada para fazer. Improvisamos até jogos de dominó e damas com papel para que a gente pudesse se distrair e passar o tempo”, acrescentou.
Processo contra o Estado
No dia 11 de março de 2014, o jornal O Globo noticiou que Vinícius Romão de Souza estava decidido a processar o delegado responsável pela sua prisão, assim como o que efetuou sua detenção e o Estado, pelos danos morais que ele e sua família viveram.
O jovem ainda contou ao portal G1 que pertences como tênis, celular, fone de ouvido e braçadeira, recolhidos quando ele foi encaminhado ao presídio, não haviam sido devolvidos para ele.
O ator de Lado a Lado salientou que só não iria processar Dalva Costa, que o acusou, pois, segundo ele, a copeira carregava o peso de ter colocado um inocente na prisão.