Ator caiu em desgraça em A Grande Família: “Não tinha função”
12/10/2022 às 13h45
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A Grande Família foi um grande sucesso nas duas versões que foi ao ar – de 1972 a 1975 e 2001 a 2014. O nome dos personagens, suas características e estilos de vida foram mantidos, considerando, claro, as diferenças de épocas e costumes.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Um personagem da primeira versão, que era interpretado por um grande ator com passagem pela recém-finalizada Pantanal, foi cortado do remake. O contexto político, aliás, pesou na avaliação do tipo.
O filho contestador ficou de fora
LEIA TAMBÉM:
● Não merecia: rumo de personagem desrespeita atriz de Mania de Você
● Sucesso da reprise de Alma Gêmea mostra que Globo não aprendeu a lição
● Reviravolta: Globo muda rumo da maior tradição do Natal brasileiro
Em 1972, Dona Nenê (Eloísa Mafalda) e Lineu (Jorge Dória) tinham três filhos: Tuco (Luiz Armando Queiroz), Bebel (Djenane Machado) e Lineu Silva Júnior. Sim, na primeira versão eram três filhos. O Júnior era interpretado por Osmar Prado, festejado nos últimos tempos por seu Velho do Rio.
Júnior era um estudante inteligente e rebelde, que questionava tudo o que ocorria dentro da casa e na vida das pessoas. Na época, a ditadura vivia o auge da censura, da tortura e da perseguição política. O autor do seriado, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, usou esse personagem para que ele fosse o ponto crítico ao governo militar.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Só que a censura estava de olho e, sempre que podia, barrava o roteiro e tudo aquilo que poderia ser uma afronta contra o governo autoritário.
“Uma vez não foi ao ar um episódio no qual a Nenê achou um recém-nascido na porta de casa. Esse programa foi censurado porque não havia, para os censores, criança abandonada no Brasil. No lugar, apresentaram um jogo de futebol. Também não podia se falar a palavra amante”, contou Eloísa Mafalda, em 22 de abril de 2001, ao jornal O Globo.
Personagem fora de série
Quando a segunda versão entrou no ar, em 2001, a ditadura militar fazia parte de um passado obscuro e a censura não existia mais. Como a democracia seguia firme no Brasil, a opção foi retirar o personagem e espalhar a característica de Júnior para outros personagens.
“Ele era o politizado. De uma certa forma, não tinha muita função para a comédia. Ficou inútil nos dias de hoje”, resumiu Mauro Mendonça Filho em entrevista ao jornal O Globo, em 25 de dezembro de 2000.
Lineu, que foi interpretado por Marco Nanini, acabou sendo um homem mais politizado, com uma visão crítica sobre os problemas sociais do país, seguindo com a sua inabalável honestidade. E sem a censura, os assuntos foram debatidos e repercutidos sem qualquer risco, como o elenco e os redatores enfrentavam nos anos 1970.
Outras mudanças
Na segunda versão, personagens como o Seu Floriano, que foi vivido por Brandão Filho, continuou com Rogerio Cardoso. E o cunhado folgado Agostinho, interpretado por Paulo Araújo, ficou com Pedro Cardoso.
Outros tipos entraram na história, embora não estivessem presentes na versão de 1972: Beiçola (Marcos Oliveira), Paulão da Regulagem (Evandro Mesquita), Marilda (Andréa Beltrão) e Mendonça (Tonico Pereira) integram tal lista.
Em 1987, bem antes da regravação, a Globo fez um especial de fim de ano, reunindo o elenco e mostrando a vida dos personagens anos depois do fim do seriado. Júnior marcou presença, ao lado da esposa (Aída Leiner).
No programa, Tuco também estava casado e Bebel, separada de Agostinho, envolveu-se com um homem mais novo – Surrão, interpretado por Pedro Cardoso. Lineu e Dona Nenê continuavam juntos, porém na pindaíba, retratando o momento econômico dos brasileiros nos anos 1980.
Não importam as mudanças, nem a época. A Grande Família é um marco da nossa televisão, que mostrou com humor a realidade a vida e os costumes da grande família brasileira.