Uma das tragédias que marcou os anos 1990 foi o acidente aéreo que vitimou os integrantes da banda Mamonas Assassinas, grupo de rock que fez enorme sucesso com músicas divertidas e debochadas.

Mamonas Assassinas

A repercussão das mortes de Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel foi imensa e muitas teorias surgiram, como o fato de a vidente Mãe Dinah ter dito, em dezembro de 1995, que eles sofreriam um acidente. Mas uma imagem exibida dois dias depois da tragédia chocou o público.

A banda começou o ano de 1996 com a agenda lotada e não parava de fazer shows pelo Brasil afora. O próximo destino seria Brasília, no dia 2 de março daquele ano, e depois iriam para Portugal. Antes da viagem, o tecladista Júlio Rasec passou no salão do amigo Nelson de Lima para cortar o cabelo e retocar a tinta vermelha, que se tornou sua marca registrada.

Um sonho premonitório

Mamonas Assassinas

Sempre simpático e atencioso, Júlio tirou fotos com fãs e crianças. O cabeleireiro filmava tudo com a sua câmera VHS, registrando, sem saber, os últimos momentos da vida de seu amigo.

O músico comentou sobre os shows que faria em Portugal, fez piadas com os portugueses, virou e, quando ia embora, resolveu voltar e relatar sobre um sonho que teve naquela madrugada.

“Não sei, essa noite eu sonhei com um negócio… Assim, parecia que o avião caía. Não sei. Não sei o que quer dizer isso”, contou o músico, que pegou um boné, fez uma brincadeira e disse “tchau”.

No retorno do show que fizeram em Brasília, o jatinho Learjet deveria pousar em Guarulhos, mas a aeronave fez uma tentativa de arremetida e se chocou com a Serra da Cantareira. Todos que estavam no voo morreram na hora.

A conversa de Júlio com o seu amigo foi exibida no dia 4 de março no Jornal Nacional. Isso causou um grande impacto, tanto que a imprensa e o público começaram a ligar a breve carreira da banda com supostas premonições com acidentes aéreos.

Brincadeiras com acidente de avião

Mamonas Assassinas

Em 1995, a MTV Brasil acompanhou os Mamonas em viagens pelo Brasil, documentando a rotina da banda no programa MTV na Estrada. Uma cena ganhou destaque depois do acidente: enquanto o avião está estacionando, Dinho fez uma brincadeira:

“Esse avião quase caiu na selva amazônica porque quebrou o radar. Tenho uma boa e uma má notícia para você que vai voar com a gente, câmera man. Qual você quer primeiro? A boa é que eles consertaram. [A ruim é que] quebrou de novo. Ah, e o combustível não tá passando do reservatório para o tanque”, disse, aos risos.

O dia em que a música morreu

Ritchie Valens

Em outro vídeo, o vocalista está a caminho da primeira viagem em um táxi aéreo, e novamente faz piadas.

“Nós estamos indo buscar o ‘teco teco’ que alugamos e ele vai cair. Já ouviu falar em ‘La Bamba’?”

La Bamba é a famosa música cantada por Ritchie Valens (foto acima). O cantor estava em um voo ao lado de Buddy Holly e The Big Bopper, astros do rock. Os três morreram em um acidente de avião no dia 3 de fevereiro de 1959. Essa tragédia ficou conhecida como “o dia em que a música morreu”.

O Brasil perdeu cinco músicos jovens e de muito talento, que tinham pela frente um brilhante futuro. O irônico é que, nos agradecimentos do primeiro e único álbum que foi gravado nos Estados Unidos, eles citaram Santos Dumont, “por ter inventado o avião, senão a gente ainda tava indo mixar o disco a pé”.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor