Longe da televisão, um dos maiores galãs da televisão nas décadas de 1970 e 1980, Marcelo Picchi nasceu em São Carlos, interior de São Paulo, em 8 de outubro de 1948.

Marcelo Picchi

Criado em fazenda, Marcelo iniciou a carreira artística ainda em sua cidade natal, integrando o Grupo Porão 7. Ele se destacou no início dos anos de 1970 atuando nos espetáculos O Cão Siamês, de Antônio Bivar, com direção de Antônio Abujamra, e Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá, ao lado de Raul Cortez.

Marcelo debutou na televisão na novela Camomila e Bem-Me-Quer, exibida pela Rede Tupi em 1972, passando pelas tramas A Volta de Beto Rockfeller (1973), Rosa dos Ventos (1973) e As Divinas e Maravilhosas (1973). Nesse mesmo ano, ele se casou com a atriz Elizabeth Savalla, com quem teve quatro filhos, os atores Thiago Picchi, Diogo Picchi e os gêmeos Ciro e Tadeu. O casamento terminou em 1984.

Papéis de destaque

Marcelo Picchi e Elizabeth Savalla

Em 1975, Marcelo foi contratado pela Globo, se firmando entre os maiores galãs da emissora do seu tempo. Sua estreia no canal foi na novela Bravo!, de Janete Clair. No ano seguinte, esteve em O Casarão. Em seguida, atuou nos seguintes sucessos: À Sombra dos Laranjais (1977), Sem Lenço, Sem Documento (1977), Feijão Maravilha (1979), Coração Alado (1980), Ciranda de Pedra (1981), O Homem Proibido (1982) e Corpo a Corpo (1984).

Também passou pela teledramaturgia da Manchete, que se encontrava em ascensão, participando das novelas Dona Beija (1986), Mania de Querer (1986) e Helena (1987), onde interpretou Dom Pedro II.

Dona Beija

Retornou à Globo no final da década de 1980, onde participou das novelas Mandala (1987), Fera Radical (1988) e Que Rei Sou Eu? (1989). Na nova década, o artista integrou o elenco de Mico Preto, em 1990, interpretando o deputado gay Zé Maria, papel de maior destaque até então. Ainda na emissora carioca, fez a minissérie O Sorriso do Lagarto (1991), a novela Vamp (1991), a minissérie Tereza Batista (1992) e a novela De Corpo e Alma (1992).

Desiludido com a atuação

 

Enquanto estava no ar na novela De Corpo e Alma, Marcelo Picchi fez uma declaração ao Jornal do Brasil em novembro de 1992 onde se mostrou bastante desencantado com a profissão após 22 anos de carreira.

“Apesar de conseguir sobreviver dela, percebo que está difícil trabalhar. Não tenho me empolgado por nenhum papel em teatro e como não posso assumir sozinho a produção de uma peça, prefiro me resguardar”, atestou, afirmando que com a crise financeira brasileira desencadeada pelo governo Collor faltava incentivo para a arte.

Já sobre o seu papel como advogado Atílio na trama escrita por Glória Perez, o ator se mostrou bastante descontente , chegando a pedir para sair da produção.

“Eu nem sabia o que ele era, agora sei que é advogado”, explicou. “Ainda bem, pois eu já estava chateado com a insignificância do papel que cheguei a pedir para sair da novela”, revelou.

“Com um papel tão pouco envolvente fica difícil criar, mas acredito que consegui reverter esta situação”, atestou, garantindo que, apesar de insatisfeito, trabalhou com afinco para dar um quê especial ao personagem, “afinal é meu nome que está em jogo”, declarou.

Daí em diante, Marcelo fez apenas pequenas participações, como em episódios do Você Decide e na novela Pátria Minha (1994). Retornou à Manchete para fazer as novelas 74.5 – Uma Onda no Ar (1994) e Tocaia Grande (1995). De volta à Globo, fez Cara e Coroa (1995). No SBT, fez um dos programas do Teleteatro (1998).

Posando nu aos 52 anos

Marcelo Picchi

Afastado da mídia e sem grandes oportunidades para atuar, o artista decidiu cursar Filosofia, se formando professor pela UFRJ. Ainda chegou a posar nu para revista G Magazine em julho de 2000, aos 52 anos de idade.

Seu retorno ao veículo só aconteceria em 2005, na novela Prova de Amor, exibida pela Record. Amigo de longa data de Miguel Falabella, Marcelo participou na maioria das novelas e programas escritos por ele na Globo, como Toma Lá Dá Cá (2007), A Vida Alheia (2010), Aquele Beijo (2012) e Pé na Cova (2013). Também participou da série TOC’s de Dalila, exibida pelo canal a cabo Multishow, em 2017, até o momento, seu último trabalho na TV.

No cinema, o ator fez alguns filmes, com destaque para Noites de Iemanjá (1971), Exorcismo Negro (1974), Sábado Alucinante (1979), Amor Voraz (1984), Uma Escola Atrapalhada (1990), A República dos Anjos (1991) e A Morte da Mulata (2002).

Desejo de retornar à TV

Thiago e Marcelo Picchi

Marcelo é membro da Igreja Messiânica há mais de 30 anos, onde faz trabalhos voluntários. Atualmente com 75 anos, ele adotou o novo pseudônimo artístico de José Picchi.

Em 2017, comemorou seus 50 anos de carreira com o espetáculo O Papagaio, escrito pelo seu filho, o ator e escritor Thiago Picchi.

“Vi esse texto nascer página por página. Um susto bom, pois não sabia que aquele menino, meu filho, sabia escrever coisas tão interessantes e sofisticadas”, contou ao jornal Extra em abril de 2018.

Ele ainda comentou que se encontrava à espera de um convite para trabalhar na TV.

“Ao longo da minha carreira, fiz coisas importantíssimas. Por alguma razão que desconheço, não estou sendo chamado”, lamentou. “Teatro é muito caro, meu filho e eu montamos esse espetáculo sem patrocínio, juntando os nossos caraminguás. Não é do teatro que vou tirar o meu sustento. Esse é um alô que eu dou para os produtores de elenco: Me chamem. O velho tem que trabalhar”, finalizou.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor