Num tempo em que ídolos infantis eram loiras saltitantes, um simpático gordinho se destacou e marcou toda uma geração. Gérson de Abreu fez um enorme sucesso junto aos pequenos, e de um jeito um tanto “ousado”: ensinando-as a pensar.

Gerson de Abreu no X-Tudo
Gerson de Abreu no X-Tudo

Gérson nasceu em 11 de agosto de 1964. Ou seja, se estivesse vivo, o ator e apresentador estaria completando 60 anos. Porém, ele nos deixou cedo demais, aos 37 anos.

O artista fez um enorme sucesso no comando de infantis antológicos, como o X-Tudo, na TV Cultura, e O Agente G, na Record. Como ator, ele também esteve numa novela e numa minissérie da Globo.

“Filhote” da TV Cultura

Nascido em Iguape (SP), Gérson de Abreu chegou à televisão por acaso. Na adolescência, ele foi com sua escola ao programa É Proibido Colar, apresentado por Antonio Fagundes e Clarisse Abujamra na TV Cultura na década de 1980, e seu jeito desenvolto chamou a atenção da emissora.

Com isso, ele logo foi chamado para outros trabalhos no canal, como Tempo de Verão, Caleidoscópio, Sábado Vivo e Som Pop. Mas foi no clássico programa infantil Bambalalão que seu jeito com crianças ficou evidente.

A consagração definitiva viria em 1992, quando Gérson de Abreu integrou o elenco do infantil X-Tudo. A atração era uma espécie de revista eletrônica infantil na qual Gérson contracenava com o boneco X e ensinava divertidas experiências às crianças.

Em 1994, Gérson também participou de outro programa infantil de sucesso da emissora. Ele era a voz da bota Flap, um dos vários bonecos do Castelo Rá-Tim-Bum, considerado um dos mais importantes programas infantis da televisão brasileira.

Mudança de emissora

Agente G
Gérson de Abreu em O Agente G, da Record

O sucesso de Gérson de Abreu junto às crianças não passou despercebido pela Record, que o contratou em 1995. Na nova emissora, ele estrelou a série O Agente G, que estreou no horário nobre do canal, das 20h às 21h30. Na produção, Gérson vivia um agente secreto – o Agente G do título – e contracenava com carismáticos bonecos, como o Mestre Iodo (foto acima).

A atração seguia os moldes dos programas da Cultura, com uma história diferente por dia. As tramas eram costuradas por quadros didáticos e informativos, entre eles as famosas experiências ensinadas por Gérson. O programa fez bastante sucesso e levou o prêmio de melhor programa infantil da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

O Agente G chegou ao fim em 1997. No entanto, Gérson seguiu na Record, onde atuou na novela Estrela de Fogo (1997) e estrelou a série infantil Vila Esperança (1998), na qual contracenava com um grande elenco infantil. Porém, o programa teve vida curta e saiu do ar por falta de patrocínio.

“O Vila não foi tratado com o devido respeito, o que é uma pena, pois é um programa com algo a dizer”, declarou o ator ao Estadão em 10 de janeiro de 1999.

Falecimento

O último trabalho de Gérson de Abreu na televisão foi na minissérie Aquarela do Brasil (2000), na Globo, trama na qual vivia o personagem Pipo. Depois disso, ele se afastou da TV, mas seguiu trabalhando no teatro e no cinema.

Mas Gérson já negociava seu retorno à TV. O ator tentava emplacar o projeto de um novo infantil, chamado de Condomínio da Alegria, e iniciou conversas com a Record e canais da TV paga. Além disso, ele chegou a se internar num spa para perder 50 quilos, no intuito de interpretar o cantor Vicente Celestino no teatro.

Gérson morreu em 18 de julho de 2002, em Iguape, vítima de um infarto fulminante em consequência da obesidade. Ele tinha apenas 37 anos e deixou a esposa, Patrícia, e seus três filhos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor