A atual novela das seis não é um estouro de audiência. Aliás, pelo contrário. Os índices deixam bastante a desejar e estão bem abaixo do esperado. Mas, Espelho da Vida tem reagido aos poucos no Ibope e há perspectiva de melhora ano que vem. Afinal, a trama de Elizabeth Jhin é muito bem amarrada e os vários mistérios em torno da história despertam imensa curiosidade no público. Esse conjunto de enigmas tem proporcionado várias teorias dos telespectadores, gerando repercussão e debates nas redes sociais.

Não é incomum que uma novela com audiência modesta provoque grande repercussão. Um bom caso foi a primorosa A Vida da Gente, de 2011. O enredo de Lícia Manzo não registrava números extraordinários (embora tenha passado longe de um fracasso), mas os debates sobre os rumos de Manu (Marjorie Estiano), Ana (Fernanda Vasconcellos) e Rodrigo (Rafael Cardoso) eram intensos. Também não é raro uma produção de Ibope excelente não despertar qualquer tipo de burburinho – Pega Pega, por exemplo, exibida ano passado, teve uma das maiores médias da faixa das sete, mas ninguém falava sobre a trama.

O folhetim das seis tem telespectadores apaixonados. Quem assiste todos os dias realmente está envolvido com o roteiro de Elizabeth e não são poucas as teorias que se proliferam no Twitter, Facebook, Instagram e afins, provocando discussões acaloradas – várias vezes resultando em brigas, inclusive.

A trama realmente provoca muitas dúvidas e incertezas, o que pode explicar a fuga de parte da audiência que prefere o enredo mais mastigado, sem precisar pensar muito. Mas o grande trunfo da autora é justamente esse: instigar quem acompanha sua história.

Uma das teorias consiste em Danilo (Rafael Cardoso) ser o amor de várias vidas de Júlia Castelo (Vitória Strada), que reencarnou no filho de Margot (Irene Ravache), um menino que desapareceu aos 5 anos. Essa questão ganhou ainda mais força quando a melhor amiga de Cris apareceu em 1930, na pele de Hildegard, uma pintora ousada que fazia retratos de homens nus.

A artista é justamente a mãe de Danilo e seu ofício desperta um profundo ódio em Eugênio (Felipe Camargo), pai de Júlia. Por isso, o coronel não tolera a possibilidade da filha se envolver com o rapaz. Aliás, a própria mocinha da novela acredita nessa hipótese, pois tem viajado no tempo para descobrir a verdade sobre a morte de Júlia, seu antepassado. Ela não crê que Danilo matou a mulher amada com uma bala de ouro (originada do derretimento das alianças do casal), como foi noticiado na época.

“Oficialmente”, o que todos sabem é apenas isso: Júlia Castelo e Danilo Breton viveram uma história de amor trágica. Vicente (Reginaldo Faria) exigiu que o neto Alain (João Vicente de Castro) fizesse um filme contando essa trama, pouco antes de falecer. O rapaz, que namorava Cris há anos e vivia uma relação harmoniosa e estável com seu amor, viu sua vida virar de cabeça para baixo quando chegou a Rosa Branca.

Além de relembrar o traumático passado com Isabel (Alinne Moraes), a paixão de sua vida que o traiu com o próprio primo, o cineasta viu seu relacionamento com Cris ruir por causa do contato espiritual que a atriz passou a ter desde que entrou na mansão que foi de Júlia. E, de acordo com o roteiro criado por Alain, Júlia e Danilo namoravam, mas a moça se apaixonou por Gustavo Bruno, melhor amigo de Danilo, e essa relação despertou a ira de Danilo, que assassinou a mulher amada sem piedade.

A outra teoria de parte do público praticamente assina embaixo da ótica de Alain. Como os personagens começaram a história namorando e trocando juras apaixonadas, esses telespectadores acham que o neto de Vicente é o amor de outras vidas de Cris e que Danilo realmente matou a moça em 1930. Acham que o filho de Hildegard é um lobo em pele de cordeiro e Cris se decepcionará quando descobrir que estava enganada e tudo o que foi publicado na época do crime era verdade.

Creem, ainda, que Vicente e André (Emiliano Queiroz) têm a missão de juntar “Crislain”. Por sinal, André é filho de Júlia, mas Cris não tem ideia da identidade desse velhinho que aparece para ela. O simpático senhor também chegou a dizer para Alain que o perdoa e tudo indica que Gustavo Bruno, a vida passada do cineasta, cuidou do filho de Júlia e não o tratou nada bem.

Mais uma hipótese levantada por telespectadores é Dora (Alinne Moraes) ter sido a verdadeira assassina de Júlia. Isso explicaria a razão da Guardiã (Susana Faini) nunca ter permitido a entrada de Isabel na mansão. E até agora as cenas de 1930 deixam bem claro que Gustavo Bruno e Dora estão tramando contra o romance de Danilo e Júlia. Porém, tem quem ache que Piedade (Júlia Lemmertz) matou a filha por acidente. Isso porque, há umas duas semanas, foi exibida uma cena em que a sofrida mulher confessou ao padre que já sentiu muita vontade de matar uma pessoa e se referia ao seu marido, Eugênio. Ela pode ter tentado matá-lo e errado o alvo. Nesse caso, todavia, não seria bem explicada a bala de ouro. Já Eugênio também pode ter assassinado a própria filha, afinal, sempre foi violento com Júlia e Piedade.

Até a possibilidade de Pedro estar preso no passado foi levantada. Por mim, inclusive. Seria uma proposta bem ousada. Como o filho de Margot desapareceu aos 5 anos sem deixar qualquer rastro, ele poderia ter entrado em um portal no tempo sem querer. Mas, ao invés da penteadeira de Júlia, seu portal seria o quadro com sua foto. Como foi para o passado muito pequeno, acabou criado por Hildegard e foi vivendo a sua vida passada novamente sem saber.

A missão de Cris seria resgatar o Danilo do passado e trazê-lo de volta para sua vida e, claro, a de Margot. O filho da doce senhora teria cerca de 50 anos, mas como no espelho o tempo passa mais devagar, seria “compreensível” não ter envelhecido tanto. Porém, foi divulgado recentemente que Pedro faleceu e deixou um filho chamado Daniel. Esse rapaz será vivido pelo Rafael Cardoso e ele, sim, é a reencarnação de Danilo.

Aliás, ao que tudo indica, a primeira aparição de Daniel será no capítulo do dia 17 de janeiro, em Portugal, durante uma exposição. Refinado e elegante, o rapaz será um artista como Danilo e se encantará com um pintura de Júlia Castelo. A partir de então, a aguardada virada do enredo ocorrerá. Vale ressaltar, por sinal, que Daniel ser neto de Margot proporcionará uma nova chance para a sofrida personagem. Isso porque ela perdeu o filho aos 5 anos, nem soube que faleceu e, pelo que tem sido visto em 1930, Hildegard não gostava tanto de Júlia quanto aparentava. Pode ter sido responsável pela desgraça na vida do próprio filho.

Espelho da Vida tem se despertado cada vez mais interesse e todas as teorias dos telespectadores provam que a trama de Elizabeth Jhin sempre teve potencial. Esse nível de envolvimento de quem assiste deixa claro que a saga de Júlia Castelo é um acerto.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor