A TV brasileira tem muitas qualidades. Muitas mesmo. Uma delas é fazer bons realities shows. Outra, são suas transmissões esportivas. Além disso, fazemos novelas como ninguém porque misturamos a produção industrial com a arte.

Mas ela tem sim alguns defeitos, e alguns parecem ser crônicos. Enquanto o domingo é extremamente valorizado, e com razão, os sábados estão abandonados. Recentemente, as noites deste dia ganharam um bom investimento e ficaram mais atrativas.

Foi como um choque. O Legendários, da Record, diga-se, mudou um pouco esse estigma. Depois, o Altas Horas ficou mais popular, o SBT investiu no Sabadão – que já acabou – e a RedeTV! conseguiu emplacar o Operação de Risco e os games shows de Marcelo de Carvalho.

É desse choque, desse tipo de situação que as tardes de sábado precisam. Há muito tempo, esse horário carece não apenas de novidades, mas também de atrações interessantes e que façam o telespectador realmente ver TV.

Hoje, nós temos um Caldeirão do Huck, apresentado por Luciano Huck na Globo, que é bem incomodo. Muito porque ele é uma mistura de tudo o que a emissora não é, e que se fosse exibida em outros canais, sofreria a maior das críticas.

Tudo no Caldeirão é para “ajudar alguém”. É um assistencialismo para tudo que incomoda. Até mesmo o bom formato do Quem Quer Ser Um Milionário? ganhou tons de ajuda humanitária nas mãos de Huck.

Chega até ser curioso ver como Huck decidiu regredir mais em sua carreira, em nome de uma audiência que ele precisou conquistar quando começou na Globo e, hoje, notoriamente, não precisa mais.

Antes dele, temos o Estrelas, de sua mulher Angélica. Agora, o programa virou uma espécie de Extreme Makeover com famosos, o que o deixou ainda com mais cara de que foi feito apenas para manter a loira no ar. Angélica merecia muito mais, pelo potencial que tem.

No SBT, temos Raul Gil. A mesma fórmula há anos. Os mesmos trejeitos, e muitas vezes, um programa arrastado, monótono e sem a menor novidade. De vez em quando, o quadro Elas Querem Saber tira o pé no saco. Mas é bem de vez em quando. Fazendo as mesmas piadas há pelo menos 20 anos, Raul Gil também não ajuda. Ou seja, uma opção ruim.

E no resto, temos reprise. Reprise. E mais reprise. De vez em quando um jogo de futebol. Mas é reprise para quem te quero. Ou não te quero. Assusta uma emissora como a Record, segunda maior do país, não ter nada no horário.

Os sábados à tarde precisam de um choque de realidade. Daqueles que todas as emissoras fiquem investindo em novidades. Foi assim com Raul Gil em 1999, fazendo a Globo se mexer e contratar Huck. Quase 20 anos depois, alguém precisa ser o Raul Gil da vez para fazer todo mundo se mexer.


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