As ligações de amor, sejam de sangue ou não: relembre a história de Laços de Família
06/09/2020 às 14h30
Da simplicidade do dia-a-dia, a verdade traçada através do olhar de um autor. De cada ligação de amor, seja de sangue ou não, a busca por conhecer mais sobre a condição humana. Assim nasce Laços da Família, novela de Manoel Carlos, exibida originalmente entre 2000 e 2001 pela Rede Globo e que está de volta no Vale a Pena Ver de Novo.
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Como é de praxe nas histórias do autor, Laços de Família se passa no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. É urbana, realista e contemporânea. A história começa um pouco antes do reveillon de 2000, quando a protagonista Helena, personagem de Vera Fischer, empresária bem-sucedida, sócia de uma clínica de estética, a Naturallis, se envolve num acidente de trânsito com Edu (Reynaldo Gianecchini), médico recém-formado, rapaz “do bem”, o sobrinho predileto de Alma, papel de Marieta Severo.
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A batida acontece em frente à livraria de Miguel (Tony Ramos), um homem culto, profissional que tem uma vida estabelecida e resolvida apesar de sua história ser marcada pela tragédia da morte da esposa, o que deixou sequelas no filho Paulo (Flávio Silvino). Mas o pequeno incidente que acontece em frente à livraria junta esses três núcleos importantes da história: o de Helena, de Alma e de Miguel.
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O outro núcleo está no Rio Grande do Sul, onde mora Aléssio (Fernando Torres), pai de Helena. E ainda há o personagem Pedro (José Mayer), outro pilar da trama, homem do campo, apaixonado por cavalos, e que tem uma história oculta no passado – é primo de Helena e, quando jovens, os dois tiveram uma paixão fulminante que resultou no nascimento de Camila (Carolina Dieckmann). Só Helena e sua melhor amiga, Ivete (Soraya Ravenle), conhecem o passado.
A batida não causa problemas físicos exceto um corte na testa de Helena. Mas acaba afetando diretamente o coração. Ela e Edu começam um namoro e a mulher que dizia estar à procura de um romance maduro agora vai ter de enfrentar todos os obstáculos para ficar com o rapaz. Antes de qualquer palavra sobre a heroína da história, vale o adendo: uma das marcas das novelas de Manoel Carlos também é a presença de uma personagem principal chamada Helena.
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Assim, a apaixonada Helena resolve lutar por seus sentimentos, mesmo sabendo qual o principal obstáculo: Alma Flora, a tia de Edu, mas que age como se fosse sua mãe. Assim que percebe o interesse do sobrinho pela mulher, Alma dispara: “Uma mulher dessas pode ser uma armadilha na vida de um jovem com a vida inteira por construir”. Mas Edu nem liga para os alarmes da tia. Casada pela quarta vez com um protótipo de bon vivant, Danilo (Alexandre Borges) – um homem que “adora as mulheres acima de qualquer coisa” nas palavras do ator – Alma Flora é a única personagem que não mora no Leblon.
Sua casa fica no bairro da Joatinga, que se espreme entre mar e montanha a caminho da Barra da Tijuca. Mas a sinopse da novela não deixa dúvidas: “…é rica mas nasceu em berço pobre”. Dedicou-se à criação dos sobrinhos, Edu e Estela (Julia Almeida), que ficaram órfãos quando ainda pequenos.
A batida afeta também o coração de Miguel, outro que conhece Helena neste dia. O triângulo dramatúrgico formado por Helena, Edu e Miguel movimenta o início da novela. Mas há o colorido digno do Rio e seus personagens, que são os famosos vizinhos, os empregados, os amigos, todos que ajudam a compor a chamada “carpintaria” do texto de Manoel Carlos, além de outras personagens importantes no desenrolar da história.
Uma delas é a veterinária Cíntia (Helena Ranaldi), uma bela mulher, filha de filha de Olívia (Marly Bueno) e enteada de Eládio (Umberto Magnani). De classe média alta, Cintia leva uma vida versátil – sabe cavalgar com tanta destreza quanto esquiar na água. Trabalha no haras de Alma, e, por sua beleza, atrai os olhares de Danilo e mesmo do conservador Pedro, além do instrutor de esqui Romeu (Paulo Zulu).
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Pais e filhos
Em todos os núcleos da novela, a relação entre pais e filhos aparece em primeiro plano. Portanto, o primeiro capítulo já indica a condição da protagonista Helena: mãe solteira, dois filhos de pais diferentes. O primogênito é Frederico, o Fred (Luigi Baricelli), um jovem engenheiro recém-formado mas que ainda está desempregado.
O amor de Fred pela esposa vai ser mais provado ainda quando ele reencontrar sua ex-namorada, a linda Capitu (Giovanna Antonelli), personagem que Manoel Carlos conta ter sido batizado em homenagem ao seu autor preferido, Machado de Assis, e à personagem principal do romance Dom Casmurro – que, diga-se de passagem, é o nome da livraria de Miguel. Os pais de Capitu são Paschoal (Leonardo Villar), revisor de livros de Miguel, e sua mulher, a costureira Ema (Walderez de Barros).
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Assim, filhos e filhas vão participando da vida de seus pais e vice-versa. A relação de Helena com seu pai, Aléssio, por exemplo, não é nada simples. Aos 18 anos, quando ela engravidou de Fred, Helena teve que enfrentar o preconceito dele por não estar casada. Político importante, o fazendeiro Aléssio traz em sua criação o conservadorismo típico de uma família do interior do país. Mas a crise aconteceu mesmo quando Helena viu-se grávida pela segunda vez, fruto de um romance escondido com o primo Pedro. O pai, então um candidato a prefeito de sua cidade, despachou-a para o Rio de Janeiro com a mãe, Julia.
Depois do nascimento de Camila, Julia resolveu voltar para o Sul e encontrou Ingrid (Lilia Cabral) casada com Aléssio – logo depois nasceu Iris (Deborah Secco), uma menina de comportamento dúbio, daquelas que dizem uma coisa mas fazem outra. O passado de Helena conta então que sua mãe nunca perdoou a traição de Aléssio e acabou morrendo logo depois. Helena rompeu com o pai por causa disso. Essas contas vão ser acertadas no início da novela, quando Helena estiver no Japão e receber a notícia de que seu pai está à beira da morte.