Carinha de Anjo, atual sucesso do SBT, estreou em novembro de 2016 e ainda está no ar. Virou regra na emissora de Silvio Santos estender ao máximo as produções infantis, aproveitando a ótima aceitação que todas vêm tendo com o público. Outro costume do canal (e até copiado recentemente pela Globo no Vale a Pena Ver de Novo) é emendar a reta final de uma trama com o início da outra, aproveitando a migração de audiência. Como a história protagonizada pela fofa Lorena Queiroz está em plena reta final (já estava na hora), As Aventuras de Poliana entrou na grade nesta quarta-feira (16/05), iniciando uma nova saga que promete durar ainda mais que a de Dulce Maria.

Inspirada no romance Pollyanna, um clássico da literatura infantojuvenil, de Eleanor H. Porter (1913), a nova novela é dirigida por Reinaldo Boury e escrita por Íris Abravanel, que também supervisionou Carinha de Anjo. A missão da trama é, óbvio, manter os elevados índices da atual produção, que deixou Apocalipse, da Record, em terceiro lugar praticamente todas as vezes.

A confiança da emissora no produto é grande, pois, como já mencionado, planeja deixá-la no ar por mais de dois anos, tornando-se uma das novelas mais longas do SBT (700 capítulos). Pena que isso muitas vezes desgaste o roteiro, criando uma barriga gigantesca e prejudicando a narrativa. A sorte do canal é que o público infantil dificilmente abandona uma história depois que foi conquistado por ela.

O enredo não é muito diferente das últimas tramas exibidas anteriormente. Poliana tem 11 anos e é uma menina doce e extrovertida. Ela viajava com seus pais, Lorenzo (Lázaro Menezes) e Alice (Kiara Sasso), na trupe de teatro mambembe Vagalume. Todavia, a protagonista vê seu mundo mudar quando a mãe morre e seu pai adoece. A garotinha livre acaba indo morar com Luísa (Milena Toscano) em São Paulo, uma tia rica e severa, que não queria cuidar dela, embora se sinta obrigada pela memória da irmã. Apesar das atitudes rígidas da mulher, Poliana encontra na empregada Nancy (Rafaela Ferreira) um elo forte de amizade.

Os demais personagens vão surgindo através da curiosidade da protagonista, que vai conhecendo seus novos vizinhos aos poucos: Sr. Pendleton – Dalton Vigh, de volta ao SBT após uma longa carreira na Globo – é um homem misterioso, cujo passado é um grande enigma; a rabugenta Dona Branca (Lilian Blanc) só sabe reclamar da vida; Afonso (Victor Pecoraro) é um rapaz perdidamente apaixonado por Luísa; enquanto Gleyce (Maria Gal) e Arlete (Letícia Tomazella) vivem em pé de guerra, embora seus maridos – Ciro (Nando Cunha) e Lindomar (Ivan Parente) – sejam melhores amigos. Já o padeiro Durval (Marat Descartes) é tio de Poliana, mas a menina nem imagina, pois o simpático homem acabou rejeitado por Luísa por não se portar de forma nobre ao ter se casado com uma moça pobre.

A história ainda terá uma escola como cenário importante, ganhando destaque assim que Poliana começa a estudar lá, ficando amiga de Luigi (Enzo Krieger) e Kessya (Duda Pimenta) e sendo bem recebida pela diretora Ruth (Myrian Rios). Porém, a menina precisará lidar com as maldades de Filipa (Bela Fernandes), Eric (Lucas Burgatti) e Hugo (Henry Fiuka), além de suportar uma professora que não tolera crianças: Débora (Lisandra Parede).

Larissa Manoela, uma das atrizes de maior sucesso do SBT, revelada em Carrossel (2012), também está no elenco e interpreta a fútil Mirela, que sonha em ser famosa e precisa lidar com a ira de Brenda (Flávia Pavanelli), garota mais popular da escola que não aceita perder o posto. O elenco ainda tem nomes como João Guilherme Ávila (Luca), Guilherme Boury (Sérgio), Mylla Christie (Verônica) e Clarisse Abujamrra (Glória).

O maior desafio da trama será em torno da presença de Milena Toscano vivendo um dos principais papéis. Isso porque a atriz engravidou depois de já ter iniciado as gravações e deixou a produção em uma saia justa. Como muitas cenas já foram feitas, a emissora não cogitou descartar tanto material para não prejudicar o orçamento. A solução seria a invenção de uma viagem para a personagem, retornando após a licença-maternidade (afinal, serão dois anos no ar). Porém, a ideia já foi descartada e a outra alternativa é uma mera substituição, sem maiores explicações. Uma nova atriz foi escalada (Thais Melchior) para viver a mesma Luisa (como aconteceu em Império, na Globo, com a Cora). A alternativa menos pior seria o afastamento da tia da menina, colocando uma outra irmã afastada no lugar. Tomara que a produção pense melhor nessa ideia. A novela perderia bastante.

O primeiro capítulo mostrou um paralelo da vida de Poliana e João (Igor Jansen). Ela, muito feliz com os pais, passando por vários lugares com o grupo Vagalume; e ele, infeliz, sendo maltratado pelo padrasto. Pouco depois, as situações se inverteram. Ela sofreu um baque com a morte da mãe e a mudança para a mansão da tia intransigente, enquanto o menino fugiu de casa com a ajuda da mãe, indo atrás dos seus sonhos e respirando aliviado. Os dois acabaram se encontrando em São Paulo, começando uma bonita amizade. A estreia alcançou 15 pontos de média e 17 de pico, índice acima de qualquer boa expectativa da emissora.

As Aventuras de Poliana teve um agradável início e a fórmula é a mesma das novelas anteriores da faixa, comprovando o acerto do SBT em seguir apostando nas crianças como principal atrativo, aperfeiçoando-se cada vez mais na produção desse tipo de folhetim. Até agora tem dado certo


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor