Artistas caíram em golpe bilionário divulgado em O Rei do Gado
02/12/2022 às 10h15
O Rei do Gado, grande sucesso de 1996 que está de volta no Vale a Pena Ver de Novo, tratou de muitos assuntos que mexeram com a opinião pública.
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A agropecuária entrou no cotidiano das pessoas e, dessa forma, atraiu o olhar de empresários – para que a febre da novela proporcionasse lucro a eles.
Uma empresa entrou na onda, faturou muito, mas, por fim, deixou muitas pessoas na mão. Até mesmo o autor e o protagonista da trama investiram no “empreendimento”.
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O rico dinheiro do gado
No final dos anos 1980, foi fundada a empresa Engorda de Gado nas Fazendas Reunidas Boi Gordo, conhecida apenas como Boi Gordo. Na época, ela era pouco conhecida, tornando-se famosa em 1996 com o lançamento do folhetim de Benedito Ruy Barbosa.
Antonio Fagundes, o Bruno Mezenga, virou garoto-propaganda, e os negócios cresceram da noite para o dia.
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Tudo funcionava da seguinte forma: os interessados compravam até 18 bois da fazenda da empresa, um por mês, ou levava de uma só vez 30 bois no valor de R$ 245 por cabeça. O comprador esperava 18 meses para resgatar a aplicação, na expectativa de um ganho de 54,8%.
O velho esquema da pirâmide
Isso era nada mais, nada menos que o famoso esquema da pirâmide – os donos do esquema estão no topo, recrutam investidores que entregam um bom dinheiro e que esperam ganhar de volta muito mais do que deram. Estes são pagos com o valor de novos investidores. Assim segue até a pirâmide inchar, o dinheiro começar a faltar e a quebra ser sacramentada. Os donos são os únicos que saem no lucro.
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O Boi Gordo prometia ser um negócio de lucro, o que chamou a atenção de Benedito e Fagundes. Ambos investiram, de acordo com o Jornal do Brasil de 18 de janeiro de 1997. As 33 fazendas do grupo tiveram um aumento no rebanho de 66 mil para 96 mil cabeças. O número de investidores chegou a 9.300.
A novela, que nada tinha a ver com isso, ajudou no crescimento da empresa.
Não sobrou nem um bife…
O Rei do Gado chegou ao fim em fevereiro de 1997, mas a Boi Gordo continuou seus negócios do mesmo jeito, atraindo pessoas que imaginavam ganhar um bom dinheiro. Mas em 2001, a empresa deixou de pagar os resgates. Assim, os investidores começaram a ficar desesperados e buscaram a Justiça.
Em 2004, foi decretada a falência da Boi Gordo, que deixou 30 mil investidores na mão com um prejuízo em torno de 6 bilhões de reais – Antonio Fagundes, Marisa Orth e Hans Donner estavam entre as pessoas lesadas. Esse fato se tornou um dos maiores golpes da pirâmide no Brasil.
Em novembro de 2021, depois de 17 anos da falência da Boi Gordo, os desembargadores da 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo finalizaram a análise do caso, mapeando várias propriedades rurais que seguiriam para leilão.
O valor chegou a mais de 800 milhões de reais, quantia que está sendo repassada para as pessoas que foram prejudicadas com a promessa do dinheiro fácil do pasto.
O esquema da pirâmide continua, seja investimentos em criptomoedas, jogadores de futebol ou minas de diamantes, entre outros negócios. Como diz aquela velha frase: “dinheiro que vem fácil, vai fácil”.