O famoso radialista, apresentador e empresário Osvaldo Sargentelli nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 8 de dezembro de 1923. Ele fez história na noite carioca durante as décadas de 1970 e 1978, mas acabou perdendo sua vida após fazer uma gravação em O Clone, depois de ter seu último pedido atendido por Solange Couto (foto abaixo).

Solange Couto
Reprodução / Redes Sociais

Sargentelli iniciou sua trajetória artística no rádio em 1948. Na década seguinte, ingressou na televisão, onde apresentou os programas Pingo nos Is, na TV Record, e o Advogado do Diabo, na TV Excelsior.

Na Cultura, ele comandou o consagrado Vox Populi, enquanto na TV Rio esteve à frente dos programas Preto no Branco e Em Poucas Palavras.

O apresentador se autointitulava uma pessoa polêmica por convidar comunistas e integralistas para falar sobre questões políticas em seus programas durante o período do regime militar. Por causa disso, foi censurado e proibido de trabalhar no veículo.

Fase empresário da noite

Sem perspectivas de retornar à telinha, Sargentelli pôs em prática uma ideia que o consagraria nas décadas seguintes: ser produtor de shows de samba com apresentação de passistas. O espetáculo, que começou no Rio de Janeiro com bastante sucesso, foi para São Paulo em seguida e pouco tempo depois ganhou uma turnê no exterior.

Em 1969, Sargentelli abriu a casa de espetáculos Sambão, em Copacabana, e no ano seguinte abriu a Sucata. Em 1973, inaugurou o Oba-Oba, que ganhou uma filial em plena Avenida Paulista, em São Paulo.

Apesar do sucesso de seus empreendimentos, Sargentelli chegou a ser acusado de racismo e de facilitar a prostituição; todavia, nenhuma das acusações foram comprovadas. Entre as beldades que trabalharam com ele (que eram chamadas de “mulatas de Sargentelli”), estiveram a sambista Clementina de Jesus e a atriz Solange Couto, que foi uma de suas dançarinas preferidas.

Infarto durante gravação

Osvaldo Sargentelli
Reprodução / Globo

No dia 13 de abril de 2002, o produtor foi um dos convidados do Bar da Dona Jura, personagem de Solange Couto na novela O Clone, da Globo. Durante a gravação, ele se emocionou ao reencontrar a atriz. Na mesma semana, ela já havia passado por uma forte emoção ao relembrar momentos marcantes de sua carreira no programa A Verdade, da TVE.

Minutos depois de sua participação na trama, ele começou a se sentir mal e foi socorrido nos estúdios do Projac, sendo encaminhado para o hospital Barra D’Or, onde chegou em estado de coma. Os médicos ainda tentaram reanimá-lo, mas como seu músculo cardíaco já era fraco, ele acabou não respondendo aos estímulos.

Às 22h do mesmo dia, Osvaldo Sargentelli morreu, aos 78 anos de idade, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Ele, que era viúvo, deixou sete filhos e oito netos.

De acordo com a Folha de S. Paulo em 14 de abril, a Central Globo de Comunicação disse em nota que a cena chegou a ser gravada e que seria exibida como uma homenagem ao artista.

Pedido especial

Na edição do dia 21 de abril, a Folha de S.Paulo entrevistou Solange Couto (na foto acima caracterizada como Dona Jura), que revelou que a  ideia de convidar Sargentelli para fazer uma participação em O Clone foi dela. A atriz havia pedido que seu secretário procurasse o apresentador para lhe pedir algumas fotografias antigas, que seriam exibidas numa matéria para o programa Vídeo Show.

No meio das fotos, veio junto um bilhete:

“Querida Solange, que tal o seu velho sargento indo visitar o bar da Dona Jura? Que presentão você me daria, hein?! Seu paizão, Osvaldo Sargentelli”.

A artista afirmou que se sentia feliz por realizar o último desejo do seu velho amigo.

“Sabe como me sinto? Feliz por ter realizado seu último desejo. Ele sempre me dizia que queria morrer no palco, trabalhando, ou num botequim tocando samba numa caixa de fósforo, cercado de mulatas e amigos”, disse ela à reportagem.

“Ele estava trabalhando na mesa de um bar. Era cenográfico, mas era um bar (o da dona Jura). E lá estavam seus amigos, como o Roberto Bonfim (o Edvaldo, na novela), eu e outras mulatas”, finalizou.

Compartilhar.
Avatar photo

Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor