Artista levou mágoa com a Globo para o túmulo: “Nunca me deu importância”

Carlos Alberto Riccelli e Beatriz Segall em Vale Tudo

Carlos Alberto Riccelli e Beatriz Segall em Vale Tudo

Beatriz Segall arrebatou todo o país quando personificou a maldade através de Odete Roitman, vilã de Vale Tudo (1988). Engana-se, porém, quem pensa que a personagem conferiu status de estrela da Globo para a atriz, que, antes de partir, lamentou nunca ter entrado para o primeiro escalão da emissora.

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Nascida no Rio de Janeiro, em uma família de classe média que lhe conferiu uma educação primorosa – ela era filha de um diretor de colégio para meninas –, Beatriz formou-se em Filosofia. Foi no palco, porém, que ela se encontrou…

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Após voltar de Paris, onde estudou Teatro e Literatura graças a uma bolsa, ela estreou no teatro ao lado da consagrada atriz francesa Henriette Morineau. Foram mais de 40 montagens, vários prêmios e convites subsequentes para cinema e televisão, onde estreou nos anos 1950.

Tipos populares e figuras de classe

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A passagem pela TV, embora sempre associada à classe de Odete Roitman, não foi só de requinte e sofisticação. Entre produções na Tupi, na Excelsior, na Record, na Globo, na Band e na Manchete, Beatriz Segall encarnou personagens simplórias como a Eunice de Champagne (1983, Globo, foto) e a Alzira de Carmem (1987).

A estreia na emissora líder de audiência foi em Dancin’ Days (1978), de Gilberto Braga, com direito a nome artístico alterado por Daniel Filho: Beatrix Segall. O papel reservado para ela, no entanto, não aconteceu: com a morte de Celina, a atriz pode atuar na substituta Pai Herói (1979), retomando a grafia correta do nome nos créditos.

Beatriz encarnou a peste Lourdes Mesquita de Água Viva (1980), também de Gilberto, onde discutiu a sexualidade da mulher madura – revisitada por seus tipos em Sol de Verão (1982), Vale Tudo e De Corpo e Alma (1992). Em 1990, respondeu pela cientista Miss Brown, de Barriga de Aluguel (1990), revisitada em O Clone (2001).

Distante do olimpo global

Após o êxito de Vale Tudo, a atriz optou por figuras bondosas, talvez para dissociar a imagem dela da malvada Odete. Casos de Sonho Meu (1993), Anjo Mau (1997) e Bicho do Mato (2006), Record; esta, aliás, foi sua última novela do primeiro ao último capítulo. A despedida da TV se deu em Os Experientes (2015), da Globo.

Em 28 de outubro de 2014, numa entrevista ao portal Notícias da TV, Beatriz Segall revelou estar desempregada e lamentou por não ter tido dentro da Globo, onde realizou a maioria de seus trabalhos, o reconhecimento que merecia.

“Nunca fui contratada (pela Globo). Sempre trabalhei por obra. Eles nunca me ofereceram e eu não procurei. A Globo nunca me deu importância”, afirmou.

Na ocasião, Beatriz estava dando aulas de interpretação, algo que, para ela, era extremamente prazeroso. A veterana lamentou o desinteresse da nova geração de atores e atrizes pelo estudo e a queda de qualidade das novelas.

“É uma coisa que acontece pouco hoje. Até os anos 1960, 1970, os atores estudavam muito. Hoje, eu acho que estudam menos. Basta ser bonitinha e aparecer 15 minutos na televisão. A prova disso é que os elencos de antigamente eram melhores. Hoje seria difícil fazer ‘Água Viva’ e ‘Vale Tudo’, por exemplo”, disparou.

“As novelas do meu tempo eram muito boas. As de agora são mais fraquinhas”, completou.

Vida pessoal

Beatriz Segall foi casada com o produtor Maurício Klabin Segall, com quem teve três filhos: Paulo, Mário e Sérgio Toledo.

Ela, que se ausentou da vida artística logo após o casamento, voltando ao teatro após mais de uma década de dedicação à família, faleceu em 5 de setembro de 2018, aos 92 anos.

Beatriz enfrentava problemas respiratórios. Seu corpo foi cremado em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

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