Dona de um sotaque marcante e de um grande talento, a atriz Regina Maria Dourado (na foto abaixo, com Bete Mendes) pode ser vista novamente na telinha na reprise de O Rei do Gado no Vale a Pena Ver de Novo, quando surgiu irreconhecível para interpretar a índia Magu.

Bete Mendes e Regina Dourado

Infelizmente, ela nos deixou há pouco mais de 10 anos, após lutar contra um câncer – e pouca gente se lembra disso, como pode ser constatado através de comentários nas redes sociais.

Vinda de família de artistas, Regina nasceu em Irecê (BA), em 22 de agosto de 1952 e iniciou nas artes com apenas oito anos, como bailarina. Com 15 anos, fez parte da Cia Baiana de Comédias. Depois, integrou o Grupo de Dança da Universidade Federal da Bahia, do Grupo Zambo e do Coral Ars Livre.

O Rei do Gado

Em 1978, saiu de Salvador e veio para o Rio de Janeiro, onde foi convidada pelo diretor Walter Avancini para participar de um episódio do Caso Especial, A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, exibido pela Globo. No ano seguinte, fez sua primeira novela na emissora, Pai Herói, de Janete Clair.

Transferiu-se para Rede Bandeirantes, onde atuou nas novelas Cavalo Amarelo (1980) e Rosa Baiana (1981).

Destaque em novelas da Globo

Regina Dourado

Musa dos anos 70 e 80, a artista retornou à Globo em 1982, onde fez parte do elenco da minissérie Lampião e Maria Bonita.

Depois, em Pão Pão Beijo Beijo, ela foi a Lalá Sereno, uma solteirona que foi abandonada no altar e acabou por ficar um pouco perturbada, transformando sua trágica história em versos que ela recita na Feira de São Cristóvão, reduto de migrantes nordestinos no Rio de Janeiro.

Outros trabalhos da atriz na emissora carioca foram em Roque Santeiro (1985) e em O Pagador de Promessas (1988).

Na década seguinte, ela fez parte do elenco de Pantanal (1990), na Rede Manchete. Voltou a ser contratada da Globo, onde emendou vários trabalhos seguidos. O primeiro foi Felicidade (1991); em seguida, viriam O Sorriso do Lagarto (1991), Tereza Batista (1992) e Renascer (1993). Por este papel, Regina foi consagrada com o Troféu APCA de Melhor Atriz Coadjuvante.

Explode Coração

Em 1994, veio outro papel de destaque, a Serena de Tropicaliente. Depois, conquistou novamente o público com a divertida Lucineide de Explode Coração (1995). Esteve ainda em O Rei do Gado (1996), Anjo Mau (1997), Andando nas Nuvens (1999) e Esperança (2002).

Ela teve uma breve passagem pelo SBT, onde atuou na novela Seus Olhos (2004). Ainda voltaria pra Globo, onde atuou em América (2005). A atriz foi para Record em 2006, participando de Bicho do Mato e Caminhos do Coração (2007), novela que foi seu último trabalho na televisão.

Luta contra o câncer

Tropicaliente

Regina Maria Dourado foi diagnosticada com câncer na mama direita em 2003; cerca de sete anos depois, ela teve o seio esquerdo também comprometido pela doença. Mesmo bastante debilitada, a atriz ainda fez a encenação da Paixão de Cristo, na Bahia, em 2011.

Internada no Hospital Português da Bahia desde 20 de outubro de 2012, a atriz teve seu estado de saúde considerado irreversível pelos médicos. Na manhã de 27 de outubro daquele ano, ela sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.

Regina Dourado

Dois dias antes do falecimento, o irmão dela, Oscar Dourado, disse à revista Veja que a atriz escondeu da família seu estado grave:

“Regina abriu os olhos por alguns momentos, mas foi algo mecânico do organismo, ela não responde a estímulos”, contou.

“Ela é uma pessoa muito independente, não sabíamos da gravidade de sua situação. Uma prima foi visitá-la no sábado e ela demorou mais de duas horas para conseguir sair do quarto e abrir a porta da casa”, completou.

Regina tinha apenas 59 anos. Seu corpo foi cremado e enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana. Ela deixou um filho, Leonardo Dourado Jesus.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor