Série cômica exibida pela Globo entre 2007 e 2009, Toma Lá, Dá Cá foi estrelada por nomes como Miguel Falabella, Adriana Esteves, Marisa Orth e Diogo Vilela (foto abaixo). No entanto, diversos coadjuvantes roubaram a cena na atração, como Alessandra Maestrini, Stella Miranda e Ítalo Rossi.
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Outra coadjuvante que fez sucesso no programa foi Norma Bengell, naquela que foi sua última participação na televisão. Musa do teatro e do cinema entre as décadas de 1950 e 1970, ela terminou a vida envolta em problemas de saúde e financeiros. A atriz nos deixou pouco tempo depois de recusar tratamento para um câncer agressivo e se negar a ir morar no Retiro dos Artistas.
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Norma nasceu no Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 1935. Depois de muitos trabalhos no teatro, no cinema e como vedete do teatro de revista, a atriz estreou nas novelas em A Sombra de Rebecca (1967).
Voltou ao segmento somente em 1981, participando, neste ano, de Os Adolescentes e Os Imigrantes. Depois, vieram Parabéns pra Você, Partido Alto, O Sexo dos Anjos e Alta Estação.
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Perdeu papel em Dancin’ Days
No entanto, sua trajetória na televisão poderia ter sido diferente. Ela chegou a gravar como Yolanda Pratini em Dancin’ Days (1978), mas acabou sendo excluída da trama de Gilberto Braga após ter uma forte briga com Daniel Filho. Norma foi substituída por Joana Fomm, que se consagrou vivendo a vilã da produção.
No fim da vida, já lutando contra problemas de saúde, Norma voltou a se destacar na telinha, vivendo a personagem Deise Coturno na série Toma Lá, Dá Cá, da Globo, entre 2008 e 2009.
Norma, que fez o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, em Os Cafajestes (1962), enfrentou uma polêmica nos anos 1990, quando dirigiu o filme O Guarani. Ela teve a prestação de contas contestada pelos órgãos fiscalizadores e chegou a ser indiciada por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apropriação indébita.
“O filme custou uma fortuna. Levantei dinheiro para pagar a todos”, rebateu a artista, que ainda citou que a produção a deixou cheia de dívidas.
Passando dificuldades financeiras e com uma dívida próxima de R$ 4 milhões, ela se recusou a ir morar no Retiro dos Artistas, como sugeriram seus amigos.
“Não vou. Não quero sair daqui. Moro nesta casa há quase dez anos”, decretou, em entrevista ao jornal O Globo em 2011.
Recusou tratamento
Seis meses antes de morrer, Norma foi diagnosticada com um câncer de pulmão em estágio avançado. Em 2007, ela acompanhou a sofrida batalha da companheira, a produtora Sônia Nercessian, contra a mesma doença, e preferiu não passar por sessões de quimioterapia.
A atriz se isolou em 2009, passando a usar uma cadeira de rodas desde que sofreu quedas em casa e ainda sofrendo por conta de dívidas decorrentes do filme.
“Ela estava deprimida desde a morte da Sônia, que era seu esteio. As pessoas falam que seu grande amor foi (o ator italiano) Gabriele Tinti (seu marido), e se esquecem da Sônia. Norma tinha uma vida difícil, sem dinheiro”, declarou o cineasta Silvio Tendler, que foi um dos muitos amigos que tentaram convencê-la a se tratar.
Norma Bengell morreu em 9 de outubro de 2013, aos 78 anos, após ser internada no Hospital Rio Laranjeiras com falta de ar. Seu corpo foi velado no Cemitério São Batista e cremado no dia seguinte, com a presença de apenas 15 pessoas.
“Quero protestar pela ausência de atores e atrizes aqui. E também de colegas diretores que trabalharam com ela nos anos 50 e 60. É um preconceito porque, em todas as notícias que saem na mídia, citam o que ela teve com o TCU, sendo que ela sempre foi inocente. Inclusive, ela provou que era inocente. Ela era uma artista e não entendia dessa burocracia, foi mal assessorada e não teve auxílio do governo”, disparou o cineasta Luiz Carlos Barreto após a cerimônia.
“Não veio nenhum representante do Ministério da Cultura, isso é um absurdo. Ela sacrificou sua saúde. Uma das causas de sua morte foi essa injustiça, que lhe causou muita tristeza. Ela ficou deprimida depois que bloquearam seus bens. Só num país como o nosso alguém que fez o que ela fez termina desse jeito”, protestou o produtor.
Segundo Luciene Marques, que cuidou da atriz nos últimos meses de vida, alguns nomes fizeram contribuições financeiras nos últimos meses de vida, como Miguel Falabella, Jô Soares, Faustão e Daniel Filho.
“Norma reclamava que se sentia muito sozinha, que os artistas eram muito amigos quando ela tinha fama, mas depois sumiram todos”, relembrou. “O médico me disse que o estado dela era terminal e que ela não passaria da noite”, completou.