Escalado às pressas para substituir um ator que sofreu uma lesão, Antônio Grassi se viu em um conflito ético ao aceitar o papel na novela Chocolate com Pimenta (2003), que está sendo reprisada nas tardes da Globo.

Chocolate com Pimenta

No folhetim escrito por Walcyr Carrasco, Luís Mello iria viver Reginaldo, pai de Celina (Nívea Stelmann) e Graça (Samara Felippo).

No entanto, o ator que havia sido parceiro de Carrasco nos dois trabalhos anteriores do autor – O Cravo e a Rosa (2000) e A Padroeira (2001) -, precisou ficar de fora após sofrer uma lesão no joelho.

Conflito

Luis Melo

Por isso, Antônio Grassi foi chamado para substituir Luís Melo às pressas. Só que ele, que na época ocupava a presidência da Funarte e que já havia recusado um convite para trabalhar em Agora que São Elas (2003), novela anterior do horário, se viu num conflito ético.

De acordo com matéria de Ricardo Boechat publicada no Jornal do Brasil de 17 de outubro de 2003, a Comissão de Ética da Presidência da República, do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, havia julgado como “incompatível” a função pública de Grassi e sua presença no elenco da novela.

No final, o ator acabou sendo mantido em ambas as funções, desde que, conforme foi determinado pela Comissão, os horários de gravações não afetassem o seu expediente na Funarte.

O artista ocupou esse cargo de 2003 a 2006 e entre 2011 e 2013, além de ocupar também a função de Diretor Executivo do Instituto Inhotim de 2013 a 2018.

Trabalhos importantes

Nascido em 12 de junho de 1954, Antônio Grassi é graduado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.

Iniciou a carreira no Teatro de Pesquisa na década de 1970 e começou a trabalhar na televisão na novela Carmem, de Glória Perez, na Rede Manchete, em 1987. No mesmo ano, foi contratado pela Globo, onde atuou em Mandala (1987), O Salvador da Pátria (1989), Top Model (1989), O Dono do Mundo (1991), O Mapa da Mina (1993), Pátria Minha (1994), Tropicaliente (1994) e Cara e Coroa (1995).

Em 1996, o ator fez Mandacaru, na Manchete, e no ano seguinte fez O Amor Está No Ar, na Globo. Em 1998, Grassi foi para a Record, onde atuou em Alma de Pedra e Estrela de Fogo.

De volta à Globo, foi escalado para atuar na minissérie Chiquinha Gonzaga (1999) e na novela Força de um Desejo (1999). Já nos anos 2000, o ator marcou presença em Malhação (2000-2001), Chocolate com Pimenta (2003), Como uma Onda (2004). Em 2006, o ator trabalhou na produção de época Paixões Proibidas, na Bandeirantes.

Contratado pela Record, o ator integrou o elenco das produções Chamas da Vida (2008), A Lei e o Crime (2009), Ribeirão do Tempo (2010), Milagres de Jesus (2014) e Vitória (2014). Em 2018, ele esteve no ar na série Se Eu Fechar os Olhos Agora, exibida pela Globo e, em seguida, atuou em Bom Dia, Verônica, para a Netflix, em 2020, seu último trabalho até o momento.

Sócio em livraria

Atualmente, Antônio Grassi, que tem 69 anos, tornou-se sócio de José Pinho na Livraria Ler Devagar, uma das mais importantes de Lisboa e que recebe cerca de 300 mil visitantes por ano.

Na livraria, Grassi criou o espaço Talante, para mostras com temáticas de língua portuguesa que já recebeu a exposição de obras de Ferreira Gullar e Paulo Mendonça, autor de músicas do grupo Secos e Molhados.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor