Há exatamente 36 anos, no dia 17 de maio de 1985, Armação Ilimitada estreava na Globo. Clássico da televisão brasileira, a série estrelada por Kadu Moliterno (Juba), André de Biase (Lula) e Andréa Beltrão (Zelda Scott) se serviu de um Brasil que experimentava a volta da liberdade de expressão, após anos com a mordaça da ditadura militar, para revolucionar o vídeo, não só pela direção inventiva e pela edição próxima a de um videoclipe, como pelos temas abordados.

O TV História resgata as mudanças deste período no comportamento, na moda e na música.

Confira:

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Comportamento

Juba e Lula moravam em um estúdio de TV abandonado, onde recebiam beldades, praticavam esportes e dividiam ideais de vida saudável. Enviada até o local para traçar um perfil dos rapazes, a jornalista Zelda termina apaixonada pelos dois. E decide que é melhor viver esse romance a três do que optar por um dos rapazes. Num tempo em que o vírus HIV já estava em evidência, os jovens se propuseram a debater o sexo e as relações interpessoais.

Em Um Sonho a Mais (1985), Volpone (Ney Latorraca), travestido de Anabela Freire, chegou a se casar. A trama das 19h contava ainda com a presença de Olga Del Volga (Patrício Bisso), sexóloga. Profissão que voltou à cena em Bebê a Bordo (1988), onde Fânia (Deborah Evelyn) investigava o estranho hábito dos irmãos Rei e Rico (Guilherme Leme) de “levarem uns coelhos”, enquanto Bruno (Cássio Gabus Mendes) preferia “beber água”, em Brega & Chique (1987).

O culto ao corpo crescia. As academias, que passaram por um bomm com Baila Comigo (1981), se popularizaram com a Physical, de Cambalacho (1986). E a TV se permitia explorar corpos desnudos como o de Vinícius Manne, desfilando nu na abertura de Brega & Chique e Roberto Bataglin gravando anúncios de cueca na agência de publicidade de Sassaricando (1987). Já no fim da década, Isadora Ribeiro surge nua na abertura de Tieta (1989).

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Moda

Armação Ilimitada explorava os artigos esportivos, em voga desde a ensolarada Água Viva (1980), dos atletas da orla de Baila Comigo e da “calorenta” abertura de Sol de Verão (1982). Naquele mesmo 1985, a moda praia de A Gata Comeu “causou” com os biquínis e sungas minúsculas, usados por Jô Penteado (Christiane Torloni) e Fábio (Nuno Leal Maia). O estilo New Wave, que estampava formas geométricas em roupas e acessórios, fez sucesso em Ti-Ti-Ti (1985).

Ti-Ti-Ti popularizou cortes de cabelo, como mullet de Valquíria (Malu Mader) e a nuca batida de Jaqueline (Sandra Bréa) – na mesma época, ‘A Gata’ ostentava o “rabicho” da Babi (Mayara Magri). O consumismo estava tão em alta quanto as cabeleiras “exóticas”: lentes de contato de Rafaela Alvaray (Marília Pêra), de Brega & Chique; bandanas de Rei de Bebê a Bordo e até o conjunto de couro de Tieta (Betty Faria), usando por esta em seu regresso à Santana do Agreste.

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Música

O BR Rock dominava o espaço hoje praticamente restrito ao sertanejo universitário. Bandas como Blitz, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e Titãs – muitos na trilha de ‘Armação’ – eram constantes nos clipes do Fantástico e nos programas de auditório, como o Cassino do Chacrinha. As emissoras de TV tentavam acompanhar o ritmo: a Globo apostou em programas que buscavam dialogar com a nova música, como o Geração 80, o Clip-Clip (que chegou a ter boletins na madrugada) e o Mixto Quente.

Em 1985, o maior evento de rock da América Latina. A primeira edição do Rock in Rio reúne 1,6 milhão de pessoas no Rio de Janeiro; a Globo mobiliza 300 profissionais para a cobertura, que abre as comemorações de seus 20 anos. O festival, que contou com AC/DC, Freddie Mercury, Iron Maiden e Scorpions, aconteceu no momento em que o Brasil elegia, de forma indireta, Tancredo Neves para a presidência da República, importante passo para o processo de redemocratização do país. A notícia levou Cazuza a cantar ‘Pro Dia Nascer Feliz’, desejando “um Brasil novo”, acompanhado por agitadas bandeiras brasileiras na plateia.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.