Aprendeu a lição: autor corrigiu maior problema de outra novela em Pantanal

Camila Morgado e Marcos Palmeira em Pantanal (Divulgação / Globo)

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O remake de Pantanal vem apresentando vários acertos e a adaptação de Bruno Luperi tem feito jus ao brilhante trabalho de seu avô, Benedito Ruy Barbosa, em 1990, na Rede Manchete.

Um dos maiores êxitos da novela da Globo foi a escalação do elenco. Principalmente com a mudança de fase. Impressiona como os atores realmente parecem fisicamente com os colegas da primeira fase, além da atuação ter mantido um padrão com o dos intérpretes que deixaram a trama.

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A que mais se destaca na questão das similaridades é Karine Teles. A premiada atriz de cinema conseguiu pegar todos os trejeitos de Bruna Linzmeyer, que brilhou na primeira fase como Madeleine. Realmente parece que vinte anos se passaram para personagem no quesito envelhecimento.

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Claro que o trabalho de caracterização tem uma grande responsabilidade, mas o desempenho de Karine fez a diferença. Até porque Madeleine amadureceu apenas por fora, pois por dentro segue egoísta e instável emocionalmente. É visível que houve uma preocupação em imitar a forma de Bruna falar e até o revirar dos olhos.

Embates e alfinetadas

Camila Morgado também está muito bem como Irma. A irmã invejosa de Madeleine foi defendida com talento por Malu Rodrigues e o jeito sonso de agir era exposto de uma forma sutil, sem maiores exageros. O tom suave na fala era outra característica da personagem. Camila conseguiu incorporar tudo e vem brilhando na segunda fase. Aliás, vê-la em cena com Karine Teles remete sempre aos momentos entre Bruna Linzmeyer e Malu.

São embates e alfinetadas que mantêm toda a essência da primeira fase. É uma dobradinha que funcionou no antes e no depois. O núcleo do Rio de Janeiro é o mais fraco da novela, mas a presença das duas consegue deixá-lo atrativo, ainda mais ao lado da grande Selma Egrei (Mariana), presente em ambas as fases. É necessário ainda elogiar Caco Ciocler, ótimo na pele do passivo e conformado Gustavo, que seguiu a linha de Gabriel Stauffer.

E Dira Paes? Elogiar o trabalho da atriz é chover no molhado. Conhecida por se destacar em todas as produções que contam com sua presença, Dira tinha que ser a Filó. Difícil imaginar outra profissional em seu lugar. A personagem foi a melhor surpresa da primeira fase. Isso porque foi vivida por uma grata revelação: Letícia Salles.

A intérprete foi um dos maiores acertos do elenco e conseguiu sobressair em meio a um time de vários talentos. Certamente será requisitada para futuros trabalhos na Globo. E Dira vem honrando a sua colega que está iniciando na carreira. A mistura de conformismo e uma esperança que nunca morre segue com a personagem. A veterana está segura no papel e faz uma boa dobradinha com Marcos Palmeira.

Missão difícil

Aliás, Marcos teve a missão mais difícil. Renato Góes virou o queridinho do público ao longo da primeira fase. Dono de um carisma incontestável, o ator viveu seu melhor momento na carreira como Zé Leôncio. E se beneficiou porque representou o período mais solar do protagonista.

O peão sofreu muito com o sumiço do pai, Joventino (Irandhir Santos), mas descobriu o amor com Madeleine, viveu a alegria da paternidade e virou o rei do gado graças ao legado do pai. Para Marcos sobrou a amargura que o protagonista foi acumulando ao longo de 20 anos, após a traumática separação de Madeleine e o rompimento da convivência com o filho, Jove.

Aquele Zé da primeira fase não existe mais. Então o estranhamento com o outro ator era inevitável. Até porque o objetivo da atuação, no caso, é não ter o que copiar do colega. E o ator conseguiu superar qualquer má impressão inicial. Está muito bem como Leôncio e, apesar do mau-humor constante do personagem, consegue alguns momentos cômicos deliciosos.

Bruno Luperi aprendeu a lição de Velho Chico, problemática novela escrita por ele ao lado da mãe, Edmara Barbosa, e do avô, Benedito, em 2016. A produção recebeu uma avalanche de elogios na primeira fase e perdeu o rumo na segunda, quando a troca de elenco se mostrou totalmente equivocada.

Os personagens não pareciam os mesmos. O caso mais gritante foi o de Antônio Fagundes, na pele do Coronel Saruê, em uma composição diametralmente oposta a do colega Rodrigo Santoro.

Agora, em Pantanal, tudo deu certo com Karine Teles, Camila Morgado, Marcos Palmeira, Caco Ciocler e Dira Paes. O trabalho da equipe valeu a pena.

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