Aposta ousada: os motivos que fizeram a Globo finalmente reprisar A Favorita

A Favorita

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A Favorita (2008) é a substituta de O Clone (2001) em Vale a Pena Ver de Novo. O anúncio oficial saiu nesta segunda-feira (2), na transição do Mais Você de Ana Maria Braga para o Encontro com Fátima Bernardes, duas semanas antes do dia marcado para o retorno da novela de João Emanuel Carneiro, 16.

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Clássico da TV brasileira, A Favorita caiu no gosto popular após o autor elucidar o mistério sobre a mocinha e a vilã da trama. No “primeiro ato”, Flora (Patricia Pillar) e Donatela (Claudia Raia) trocaram acusações e golpes, uma buscando empurrar para a outra a culpa pelo assassinato de Marcelo (Deco Mansilha / Flávio Tolezani).

O tom pesou após a revelação, de ofensas verbais a assassinatos com requintes de crueldade. O relacionamento da malvada com os pais de Marcelo, Irene (Glória Menezes) e Gonçalo (Mauro Mendonça), incluía adjetivos como “anta histórica” e simulações de crimes, com sangue de animais nas paredes da mansão dos Fontini.

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A produção, conduzida pelo diretor de núcleo Ricardo Waddington – hoje à frente do Entretenimento da Globo –, fez brilhar Patrícia, Claudia, Glória e Mauro, além de Ary Fontoura (Silveirinha), Cauã Reymond (Halley), Mariana Ximenes (Lara) e Murilo Benício (Dodi), diretamente envolvidos com o núcleo central.

Tais elementos credenciaram A Favorita para o Vale a Pena Ver de Novo. Mas a Classificação Indicativa sempre colocou-se como empecilho, mesmo após a mudança que dissociou a faixa etária recomendada para o produto do horário de exibição. O título voltou às análises da Globo recentemente…

Por que não Salve Jorge ou Amor à Vida?

Bem-sucedida no streaming, tendo sido a escolhida para a estreia do Projeto Resgate do Globoplay, A Favorita ganha reprise na TV aberta após a decisão da emissora de reservar o ‘Vale a Pena’ para obras exibidas originalmente às 21h. Folhetins das seis e das sete serão encaixados na faixa de O Cravo e a Rosa (2000).

A divisão deixou a clássica sessão de reprises sem opções. As novelas da nove de maior êxito dos últimos anos já foram reapresentadas ou estão “impossibilitadas” por questões de grade.

Tramas assinadas por Gloria Perez e Walcyr Carrasco foram descartadas de imediato devido a presença deles em outros horários – e mídias, como o Canal VIVA. Produções mais antigas esbarram na qualidade técnica.

Diante deste cenário, a Globo resolveu arriscar. A Favorita não foi um fenômeno de audiência. A narrativa proposta por João Emanuel, talvez ousada demais para a época, esbarrou no êxito de Os Mutantes – Caminhos do Coração, enredo maniqueísta que a Record encaixou às 21h para prejudicar a então concorrente.

Vai bombar ou vai flopar?

É bem provável que, de início, o novo cartaz do Vale a Pena Ver de Novo enfrente o mesmo percalço da exibição original. A jornada da mocinha em busca de justiça e da retomada de tudo o que a vilã lhe roubou, após a virada, é mais “afinada” com o público da faixa – majoritariamente feminino, acima dos 50 anos.

A Favorita também traz estórias paralelas que pouco agregam ao conflito central. A “cura gay” de Orlandinho (Iran Malfitano), as queixas da “pobre menina rica” Alícia (Taís Araujo), os devaneios de Augusto César (José Mayer) e as traições de Dedina (Helena Ranaldi) padecem com desenvolvimentos irregulares.

Neste ponto, destaque positivo para Catarina (Lilia Cabral), vítima de violência doméstica que desperta o interesse do verdureiro Vanderlei (Alexandre Nero) e da vizinha Stela (Paula Burlamaqui). Também Iolanda (Suzana Faini), que passa a vida maldizendo a paixão do marido Copola (Tarcísio Meira) por Irene.

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A edição pode prejudicar A Favorita caso não enxugue o necessário, repetindo o erro de Celebridade (2003), veiculada praticamente na íntegra em seus primeiros meses e mutilada justamente quando apresentava o que tinha de melhor por conta dos índices de audiência aquém das expectativas do canal.

Há ainda o temor quanto às cenas pesadas. Em O Clone, os primeiros contatos de Mel (Débora Falabella) com as drogas foram suprimidos. No caso de A Favorita, a Globo terá de ter peito para bancar tal qual fez com Avenida Brasil (2012), aplicando restrições apenas em sequências de violência extrema.

Vale conferir

Em meio às suposições, é louvável que a Globo tenha optado por um título nunca reprisado. Nos últimos tempos, a emissora apostou no óbvio. Ir além do já testado e aprovado também é necessário.

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A Favorita não deixa de ser uma aposta ousada, que, com a merecida atenção, tende a dar certo – especialmente em números, como a rede espera, embalando o horário nobre.

Vale a pena, sim, ver de novo.

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