Após virar celebridade, berranteiro foi esquecido pelo remake de Pantanal

José Bento Tavares Neto, popularmente conhecido como Zé Capeta, o Rei do Berrante, ganhou notoriedade quando participou da primeira versão de Pantanal (1990), da extinta Rede Manchete.

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Natural de Itaberaí, Goiás, Zé Capeta cresceu na fazenda do avô, lidando com serviços de roça. Ainda pequeno, aprendeu a tocar berrante. A paixão pelo universo rural veio da observação de boiadeiros que passavam pela região e usavam uma grande árvore para o pouso. Ele surrupiava produtos da fazenda, como requeijão e rapadura, para dar aos peões em troca de aulas sobre o instrumento que chama o gado.

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Aos 13 anos, ele fugiu de casa disposto a ganhar a vida como boiadeiro, peão e berranteiro. Conduzindo boiadas estradas a fora e amansando burros bravos, José Bento ganhou notoriedade. Em 1969, ele participou pela primeira vez da Festa do Peão de Barretos; desde então, foram mais de 600 títulos de montaria nas principais festas agropecuárias no país.

Apelido que rendeu fama

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O artista revelou, tempos atrás, que quando surgiu uma mula preta batizada de Aparecida, na fazenda de seu avô, seu primo Zé – um rapaz bonito e metido a namorador – foi o primeiro a tentar montar nela. Após três pulos do animal, ele caiu e acabou machucando o pé. Dima, irmão do vaqueiro afamado, também tentou subir na mula, o que lhe rendeu uma fratura no braço.

O avô também caiu, deixando a tarefa a cargo do menino José Bento. Por conta de sua exímia destreza com o animal, quando todos esperavam mais um tombo, o avô batizou o pequeno de Zé Capeta, nome que o acompanhou em sua trajetória de conquistas.

O sucesso na TV

Após mais de duas décadas atuando em festas de peão, Zé Capeta estreou na TV em Pantanal. Foi ele quem deu o berrante de presente para Jove (Marcos Winter) durante as festividades em Barretos. Ele também marcou presença em A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990).

Na Globo, o boiadeiro fez Irmãos Coragem (1995), O Rei do Gado (1996) e América (2005); na Record, Estrela de Fogo (1998) e Marcas da Paixão (2000).

Ele, que se candidatou a deputado estadual pelo PRB de Goiás, ainda teve sua vitoriosa história contada em quadrinhos, desenvolvidos pelo ilustrador Biagy Oliveira. O projeto, voltado para a infância e as muitas histórias – todas bastante divertidas – deste período da vida de Zé Capeta, surgiu por iniciativa de Rômulo Ferreira Bento, que desejava homenagear o pai.

Susto com o sumiço do berrante

Em agosto de 2013, Zé Capeta passou por um episódio que o deixou bastante abalado. Ele perdeu o berrante de estimação, que o acompanhava há 58 anos. O vaqueiro esqueceu o instrumento dentro do ônibus que o levou de Goiás para Ribeirão Preto. Capeta só deu pela falta do berrante quando embarcou num taxi em direção ao evento.

“É como se fosse parte da família, um filho mesmo. Não sei o que fazer. Sem meu berrante, não sou o mesmo”, lamentou em entrevista ao G1.

Zé Capeta retornou ao Terminal Rodoviário de Ribeirão e contatou a empresa de ônibus, sem sucesso. O motorista relatou que viu um homem de terno, não identificado, saindo do veículo com a peça com detalhes em prata nas mãos. O drama ganhou as redes sociais, rendendo cinco berrantes novos para Zé, que agradeceu o auxílio no Facebook, embora desgostoso com a situação

“Fico feliz por saber que tanta gente gosta de mim, mas nenhum desses berrantes será como o meu. Eu tentei usar, mas, sem treinar antes, não é a mesma coisa”.

O vaqueiro foi alvo de fake news ano passado, quando sua suposta morte foi repercutida em redes sociais. Ele segue atuando em shows, rodeios e cavalgadas. Sua fama rendeu posts da prefeitura de Aparecida de Goiânia, quando ele tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

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