André Santana

Travessia ainda nem estreou, mas Terra Vermelha, título provisório de sua sucessora na faixa das nove da Globo, já começou a escalar seu elenco. A novidade da vez no folhetim de Walcyr Carrasco é a presença de Gloria Pires, confirmada na produção. Com isso, a estrela global poderá ter uma sorte melhor do que teve em alguns de seus mais recentes trabalhos na telinha.

Glória Pires e Bianca Bin

Dona de uma trajetória que fala por si, intérprete de algumas das mais icônicas personagens da teledramaturgia nacional, Gloria Pires encarou alguns perrengues nos últimos anos. A atriz participou de algumas “roubadas”, como o remake de Guerra dos Sexos (2012) e o desastre de Babilônia (2015).

Em Guerra dos Sexos, Gloria viveu Roberta Leone, uma das protagonistas da comédia de Silvio de Abreu, que foi defendida por Gloria Menezes na versão original, de 1983. No entanto, o remake acabou se revelando um fiasco, em razão da trama datada. Abreu, que também assinou a segunda versão, não atualizou sua história, mostrando uma “guerra dos sexos” anacrônica.

Vilã apagada

Anos depois, Gloria Pires foi anunciada como Beatriz, uma das grandes vilãs de Babilônia. A trama era promissora, já que a megera era uma peste que duelaria com outra personagem malvada, a Inês de Adriana Esteves. Mas, com a novela no ar, a parceria se revelou decepcionante. A queda de braço entre as duas rivais se mostrou frágil e de pouco apelo.

Além disso, Babilônia sofreu com as intervenções no texto. Como a audiência da novela assinada por Gilberto Braga, João Ximenes Braga e Ricardo Linhares ia muito mal, a direção da Globo tentou implantar algumas mudanças, que acabaram por descaracterizar a trama por completo. Com isso, a prometida grande vilã de Gloria Pires ficou apenas na promessa mesmo.

Após anos integrando o elenco de novelas fracassadas, Gloria Pires surgiu num sucesso, O Outro Lado do Paraíso (2017). No entanto, a artista também não teve muita sorte nesta produção. Isso porque Beth, sua personagem, era um tanto aquém do talento da estrela.

O Outro Lado do Paraíso

Beth estava envolvida numa trama rocambolesca. Logo no início da história, ela foi acusada de matar um homem e foi chantageada pelo sogro, Natanael (Juca de Oliveira). Com isso, Beth forjou a própria morte e foi viver num lugar afastado, com o nome de Duda. Ela, então, tornou-se proprietária de um prostíbulo, além de ter sérios problemas com o álcool. Mais adiante, ela descobriu ser a mãe de Clara (Bianca Bin), a protagonista. O Outro Lado do Paraíso foi um sucesso, mas Beth/Duda dividiu opiniões.

Virada

Globo - Éramos Seis

Felizmente, Gloria Pires teve mais sorte em seu trabalho seguinte. Ela foi a escolhida para dar vida à icônica Dona Lola, na versão da Globo de Éramos Seis (2019). Angela Chaves foi a autora da obra, baseada na trama clássica de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho que, por sua vez, foi inspirada no romance de Maria José Dupré. Gloria foi muito elogiada por sua sensível composição da matriarca.

Curiosamente, após Éramos Seis, Gloria Pires foi escalada e, em seguida, dispensada de duas produções. Ela foi o primeiro nome anunciado para viver a vilã Zoé em Todas as Flores, de João Emanuel Carneiro, quando a trama ainda era chamada de Olho por Olho e entraria na vaga de Pantanal. Sem explicações, Gloria foi removida da produção, sendo substituída por Regina Casé. Todas as Flores estreia em outubro no Globoplay.

Em seguida, ela foi anunciada como uma das protagonistas de Fuzuê, novela de Gustavo Reiz para o horário das sete da Globo. Gloria chegou a afirmar que faria uma personagem completamente diferente de tudo o que já fez antes na nova produção, prevista para suceder Vai na Fé, que será a substituta de Cara e Coragem.

Mas Walcyr Carrasco e Luiz Henrique Rios, autor e diretor de Terra Vermelha, “puxaram” Gloria Pires para a trama. Na novela, que deve estrear em meados de 2023, a atriz repetirá o par romântico com Tony Ramos, parceria que aconteceu em Belíssima (2005) e Paraíso Tropical (2007), além dos filmes Se Eu Fosse Você.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor