Prestes a completar 37 anos, Diego Hypólito é um dos ginastas mais conceituados do nosso país. Ele é o único brasileiro a conquistar duas medalhas de ouro no Campeonato Mundial da modalidade.

Dyego Hypolito
Reprodução / internet

Reconhecido por dar a volta por cima, superando lesões e lutando pelo título máximo do esporte que praticava, o ex-atleta também ficou marcado por esconder a sexualidade até bem pouco tempo atrás.

Criado na igreja, Diego demorou para se sentir à vontade para dizer que é gay, já que acreditava ser algo do demônio e que seria amaldiçoado por viver em pecado. O irmão de Daniele Hypólito (na foto abaixo) também enfrentou abusos e humilhações quando ainda era criança.

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Revelando sua sexualidade

Diego e Daniele Hypolito
Reprodução / Instagram

Em 8 de maio de 2019, em entrevista ao UOL Esporte, Diego abriu o coração. Ele contou que, aos 19 anos, se confessou ao colega de seleção brasileira Michel Conceição.

“’Eu acho que sou gay…’ Lembrando assim soa engraçado. Eu acho?! Mas foi nessa época que comecei a ter certeza do que eu era. O Michel era querido por todos, um cara muito engraçado e popular. E abertamente gay. Por isso me senti à vontade para me abrir com ele”, disse.

De acordo com o ex-ginasta, na mesma noite o amigo o levou para uma balada gay, para onde ele foi disfarçado utilizando boné, óculos escuros e capuz.

“Isso se repetiria nos anos seguintes, era ridículo. Meus amigos livres, leves e soltos e eu lá, cheio de roupas, suando no calor, virando a cara quando alguém fixava o olhar. Eu sempre morri de medo de me descobrirem”, afirmou.

Humilhação e superação

Diego Hypolito - Domingão do Faustão
Reprodução / Globo

Em novembro do mesmo ano, outro desabafo do ex-atleta ganhou repercussão nacional. Ao ser criticado no Instagram, Diego resolveu fazer uma revelação que chocou seus seguidores. Ele contou que já sofria bullying e agressões quando ainda era criança.

“Meu técnico falava para minha mãe que eu era gay desde os meus 11 anos de idade, me faziam ficar nu com 9 anos de idade, pegar uma pilha com o ânus na frente de vários outros atletas, pois senão me espancavam e me humilhavam rindo e achando isso o máximo!”, disse na publicação.

Diego também falou sobre sua infância humilde e sobre o caminho que trilhou para se tornar atleta e ser respeitado no meio.

“E eu como passava fome dentro de casa, pois meus pais saíram de São Paulo para o Rio de Janeiro para o sonho dos três filhos de serem ginastas em um lugar melhor, mas na verdade financeiramente foi muito pior pois ficamos 6 a 8 meses sem energia e lembro do desespero da minha mãe pois não tinha o que comer”, desabafou.

Medo de perder apoio

Diego e Daniele Hypólito
Divulgação / Campos dos Goytacazes

Diego Hypólito também afirmou que não assumiu a sexualidade quando estava na ginástica por medo de perder patrocínios. Além disso, o ex-atleta revelou que se sentiu sozinho em um mundo de preconceitos, uma vez que os colegas sempre tiravam sarro do seu jeito de ser.

“Eu tinha o sonho de conseguir uma medalha olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era. Eu tinha certeza que se um dia eu saísse do armário publicamente, perderia patrocínios e minha carreira seria prejudicada”, contou ao UOL.

“Quando escreveram as palavras ‘eu’, ‘sou’, ‘gay’ com pasta de dente em mim e em mais dois atletas, por exemplo, estava embutido ali, naquele assédio moral, o peso de ser homossexual. Ser gay era uma vergonha tão grande que a palavra servia como xingamento”, disse em sua autobiografia Não existe vitória sem sacrifício.

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Inquieto e ansioso desde 1987, Jônatas Mesquita é jornalista e viu o TV História dar os primeiros passos, das viagens regadas a tubaínas e FIFA à audiência europeia. Vive em Lisboa e não precisa de dublagem para assistir às novelas portuguesas Leia todos os textos do autor