Reprisada nas tardes da Globo, Mulheres de Areia (1993) trouxe Marcos Frota no papel de Tonho da Lua. Seu desempenho é lembrado até hoje e elogiado pelo público e pela crítica.
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Na primeira versão, um grande artista da TV e do teatro fez o papel, o que também marcou a sua vida: Gianfrancesco Guarnieri.
Ator, diretor, dramaturgo e poeta, Guarnieri nasceu em Milão, na Itália, em 1934. Ele e sua família vieram para o Brasil fugindo do fascismo imposto pelo ditador Benito Mussolini, aliado de Hitler.
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Um artista politizado
Nos anos 1950, ao lado de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, começou a trabalhar no teatro e escrever peças. Eles Não Usam Black-Tie é um marco na carreira do ator, que é lembrada até hoje pelo seu texto feroz contra o capitalismo e a favor dos trabalhadores.
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Inclusive, a peça ganhou uma versão para o cinema em 1981 (foto acima). Dirigido por Leon Hirszman, o filme contou com nomes como o próprio Gianfrancesco, Fernanda Montenegro, Carlos Alberto Riccelli, Bete Mendes, entre outros.
Guarnieri fez sua estreia em novelas na extinta TV Excelsior, atuando em O Tempo e o Vento (1967-68). Mas o sucesso mesmo veio em 1973, quando ele foi para a TV Tupi viver Tonho da Lua em Mulheres de Areia, clássico de Ivani Ribeiro.
Um personagem marcante
Carlos Zara, Gianfrancesco Guarnieri e Eva Wilma em Mulheres de Areia (Reprodução / Web)O jovem escultor é apaixonado por Ruth, que na primeira versão foi vivida por Eva Wilma. A força e a emoção de Tonho da Lua, que tem deficiência intelectual, é um dos pontos altos da trama, e Guarnieri viveu de forma magistral – assim como Marcos Frota, que impôs o seu estilo ao personagem.
Guarnieri já tinha fama e todos sabiam de seu talento, mas esse papel foi o passaporte para que outros trabalhos, e mais intensos, fizessem parte de sua carreira na televisão.
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Currículo de primeira
Após Mulheres de Areia, o ator seria novamente elogiado por outro papel. Júlio, o chefe da família de Éramos Seis (1977), que marcou época e é uma das adaptações da obra de Maria José Dupré mais elogiadas.
Cabocla (1979), Jogo da Vida (1981), Sol de Verão (1982), Vereda Tropical (1984), Cambalacho (1986), Mandala (1987),Que Rei Sou Eu? (1989), Rainha da Sucata (1990), Mundo da Lua (1991), A Próxima Vítima (1995), Terra Nostra (1999), Esperança (2002), foram alguns dos trabalhos do ator ao longo dos anos.
O último ato
Sua última novela foi Belíssima. Na trama escrita por Silvio de Abreu e exibida pela Globo em 2005, Guarnieri deu vida ao simpático Pepe. Naquele tempo, o ator sofria uma insuficiência renal crônica e a sua saúde foi piorando.
No dia 2 de junho de 2006, Guarnieri se sentiu mal enquanto gravava uma cena para a novela, foi afastado e não voltou mais. O ator foi internado no Hospital Sírio-Libanês e travou uma balha por sua vida, que durou 50 dias.
Gianfrancesco Guarnieri morreu aos 71 anos, no dia 22 de julho de 2006, poucos dias após o final de Belíssima – 7 de julho.
No último capítulo da trama, ele recebeu uma homenagem: seu amigo Murat (Lima Duarte) falou com Pepe pelo telefone, mostrando que o ator se foi, mas que seus personagens são eternos.