Em Paraíso Tropical (2007), trama que termina amanhã (03) no Vale a Pena Ver de Novo, o que não faltou foram casais em crise. A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares apostou numa grande diversidade de relacionamentos.

Patricia Werneck em Paraíso Tropical
Patricia Werneck em Paraíso Tropical

Camila (Patrícia Werneck), por exemplo, se casou com Fred (Paulo Vilhena) mesmo apaixonada por Mateus (Gustavo Leão). Já Gustavo (Marco Ricca) e Dinorá (Isabela Garcia) chegaram a se separar depois que uma série de brigas destruiu o casamento.

Os autores, inclusive, estavam dispostos a encerrar esses casamentos de vez. Mas a torcida do público fez com que eles mudassem de ideia, praticamente obrigando a emissora a alterar os desfechos.

Casal jovem

A história de amor entre Camila e Mateus foi criada para que eles se tornassem o “jovem casal fofo” de Paraíso Tropical. O romance dos pombinhos era atrapalhado pela presença de Fred, que usou de armas não muito ortodoxas para conseguir se casar com Camila.

Chefe de Heitor (Daniel Dantas), o pai de Camila, Fred fez um acordo terrível com Neli (Beth Goulart), a ambiciosa mãe da mocinha, e ameaçou demitir o próprio sogro caso ela não o ajudasse a se casar com a moça. Assim, Camila se viu forçada a aceitar o casamento, mesmo gostando de Mateus.

O casamento começou mal, mas, aos poucos, Camila e Fred se transformaram. Com isso, o público acabou aprovando o casalzinho. Formou-se uma torcida para que eles não se separassem, e os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares decidiram atender aos anseios da audiência.

Assim, Fred e Camila ficam juntos no final de Paraíso Tropical. Já Mateus, após uma terrível dor de cotovelo, acaba encontrando um novo amor na reta final da trama, em participação especial de Mariana Ximenes.

Cenas de um casamento

Marco Ricca e Isabela Garcia em Paraíso Tropical
Marco Ricca e Isabela Garcia em Paraíso Tropical

Já Gustavo e Dinorá formam um casal maduro que enfrenta pequenas crises que acabam desgastando a relação. Ele trabalha demais e se esquece de dar atenção à esposa. E ela, por sua vez, se frustra a cada tentativa fracassada de apimentar a relação.

O desgaste é tanto que Gustavo acabou traindo a esposa com Gilda (Luli Miller). Assim, ele se separou de Dinorá, que ficou profundamente deprimida com o término do casamento. Porém, quando Gustavo estava prestes a se casar com a nova namorada, o ex-casal teve uma recaída e voltou às boas.

Mais uma vez, foi uma vitória do público. Os espectadores de Paraíso Tropical torciam para que Dinorá e Gustavo se reconciliassem e detestavam Gilda por ter sido o “pivô” da separação. Em 2007, havia até mesmo uma comunidade no extinto Orkut chamada “Odeio a Gilda”.

“Se você simplesmente detesta a falsa santinha Gilda de Paraíso Tropical, que fica se fazendo de inocente pra ficar com um cara casado, essa é a sua comunidade!”, dizia a descrição do espaço.

Autores surpresos

Em 2007, os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares não esconderam a surpresa quanto à torcida do público por Fred e Camila. Afinal, o personagem de Paulo Vilhena começa a novela como um vilão. Patrícia Werneck, que vivia Camila, também notou a movimentação da audiência.

“No começo da novela as pessoas me paravam na rua para dizer que a Camila deveria ficar com o Mateus, que ele era seu primeiro amor”, revelou ela ao site G1, em 26 de setembro de 2007. “Agora sinto uma expectativa para que a Camila não assine os papéis do divórcio e fique com o Fred. Todo mundo percebeu que, tanto ele como a Camila, amadureceram com o casamento”, analisou.

Para Ricardo Linhares, as torcidas por Fred e Camila, e também por Dinorá e Gustavo, revelavam o “romantismo” do público.

“Acho o público romântico, as pessoas apostam na vitória do amor. Eu sou suspeito para falar, porque sou fã de finais felizes”, contou Linhares, também ao G1. “Apesar das crises, Dinorá e Gustavo não deixaram de se amar. E Fred aprendeu com o sofrimento e amadureceu, merecendo o amor de Camila”, avaliou o autor.

Já para Marco Ricca, o conservadorismo do público também ajudava a explicar a torcida.

“Há espectadores conservadores, que querem ver a família de Gustavo e Dinorá reunida. Tem muita gente que se identifica com aquele casamento, cheio de idas e vindas”, opinou o ator, ao G1.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor