AGORA VAI

Após proibição, remake de Vale Tudo terá trama baseada em história real

29/10/2024 às 11h42

Por: Thell de Castro
Alexandre Nero
Alexandre Nero

Prestes a ganhar uma nova versão no ano que vem, Vale Tudo marcou época com discussões sobre ética e honestidade. O folhetim da Globo, no entanto, também foi o primeiro a abordar os direitos de um casal homoafetivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O enredo envolvendo Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska) era baseado numa história real. Os autores, porém, não puderam desenvolver a trama com clareza, já que a Censura determinou cortes em diálogos e ações.

Quase 30 anos depois, a emissora terá uma nova oportunidade de explorar melhor essa trama, que terá como um dos envolvidos Marco Aurélio (Alexandre Nero).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Herança em debate

Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin em Vale Tudo
Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin em Vale Tudo

O relacionamento de Cecília e Laís era pessoal e profissional. As duas construíram uma pousada em Búzios (RJ), na qual a protagonista Raquel (Regina Duarte) se empregou durante a narrativa.

Com a morte de Cecília em um acidente automobilístico, Marco Aurélio (Reginaldo Faria), irmão da empreendedora, decidiu ir à Justiça reivindicar o patrimônio adquirido enquanto ela esteve com Laís.

LEIA TAMBÉM:

O romance de Cecília e Laís era “invalidado” por Marco Aurélio pelo fato das duas serem lésbicas, como se a relação homoafetiva não implicasse em direitos sobre a herança.

Dessa forma, Vale Tudo buscava justamente discutir a legalidade do casamento gay e os consequentes direitos da viúva sobre a herança da outra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fatos reais

Jorge Guinle Filho
Jorge Guinle Filho

Para criar tal entrecho, os autores se inspiraram na história real do artista plástico Jorge Guinle Filho e do fotógrafo Marco Rodrigues.

Os dois adquiriram um apartamento, ainda na planta, em meados da década de 1970. Jorginho faleceu em 1987, vítima de Aids, e Marco precisou brigar com os sogros nos tribunais pela posse do imóvel.

A decisão definitiva sobre o caso só saiu em 2018. O viúvo, enfim, ficou com o apartamento localizado no Leblon, Zona Sul do Rio.

Censura

Em Vale Tudo, a discussão em torno de Cecília e Laís foi prejudicada pela Censura Federal. Várias cenas foram cortadas, atrapalhando a compreensão do público sobre o relacionamento das duas. O então diretor da Censura, Raimundo Mesquita, chegou a classificar o casamento delas como “aberração”.

“Esse assunto, quando não tratado entre quatro paredes, deve ter um enfoque científico ou didático. O lesbianismo, se colocado de forma jocosa ou simpática, pode parecer ao jovem uma prática sadia e induzir o pré-adolescente a aceitá-lo como solução. O relacionamento homossexual é uma aberração”, afirmou Mesquita em documento oficial, conforme relatado pelo Jornal do Brasil em 19 de julho de 1988.

Os 36 anos que separam a estreia de Vale Tudo da possibilidade de regravação contaram com várias transformações. As leis de hoje protegem casais homoafetivos, destacados em todas as novelas atuais.

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.