Comediante, dublador e ator, Nizo Neto é um artista múltiplo, que seguiu os passos do pai Chico Anysio e mostrou todo seu talento em programas de humor, filmes, séries e novelas. Em 2016, o ator passou por um drama pessoal: a morte de seu filho.

Escolinha do Professor Raimundo

Rian Brito, de 25 anos, desapareceu no dia 23 de fevereiro de 2016. Amigos e familiares do garoto foram à imprensa e às redes sociais pedir ajuda da população para que o rapaz fosse encontrado.

A partida de Rian

Nizo Neto e Rian Brito

No dia 3 de março, o corpo do neto de Chico Anysio foi encontrado por pescadores na Praia do Valão, que fica dentro do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, em Quissamã (RJ).

A principal suspeita da morte era a seguinte: ele teria entrado no mar e se afogado. Nizo Neto, ao se despedir de seu filho, fez um texto emocionado nas redes sociais:

“Este é aquele momento na vida que a gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Isso acontece em filme ou na vida dos outros, nunca na nossa. Rian sempre foi meu grande amigo e companheiro, um filho maravilhoso com um sorriso que ilumina qualquer ambiente. Fica com Deus, meu querido”.

“Rian tomou o chá de Ayahuasca e pirou”

Rian Brito

A tragédia jogou luz sobre o uso do chá de ayahuasca, conhecido como Santo Daime, feito com a infusão de duas plantas amazônicas: o cipó-jagube e o arbusto-chacrona. O chá tem um potencial alucinógeno e é usado por algumas religiões.

Segundo Nizo, Rian conheceu a ayahuasca através do centro espiritual Porta do Sol, fundado pela atriz Leona Cavalli.

“A história do meu filho foi uma coisa absurda, é a vida na contramão. Não é o que a gente espera para gente, e ainda assim de uma maneira tão trágica. Rian tomou o chá de Ayahuasca e pirou, teve um surto psicótico. Ele entrou num processo de anorexia e não queria mais comer. Foi internado numa clínica psiquiátrica. Ele não tomava nada, nem chopp. Mas numa busca espiritual, foi tomar o chá e teve um surto. Foram apenas quatro doses”, contou ao podcast Inteligência Ltda.

Nizo também comentou que ouviu ofensas por falar sobre os efeitos da ayahuasca, que prejudicaram a vida de seu filho.

“Sei que o chá é usado em rituais religiosos, mas eu tinha que fazer esse alerta. Tem gente que toma a vida inteira e não acontece nada. A quarta dose para o meu filho foi devastadora. Recebi muita solidariedade, mas também muitas ofensas por isso”, desabafou.

Detonou Leona Cavalli

Outro assunto abordado na entrevista foi seu encontro com a atriz Leona Cavalli, fundadora do centro que Rian frequentava.

“Eu estava numa pré-estreia no Rio, e ela veio falar comigo, dizendo que tinha ficado muito chata a situação e que tinha sido muito difícil para ela. Aí eu disse: ‘Peraí, você não é mãe, né? Foi muito difícil para você? Para sua carreira? Meu filho morreu’”, relatou o ator.

“Porque vocês administram uma coisa irresponsavelmente. [Ela] ‘Não, não tem nada a ver’. Claro que tem a ver. O moleque tomou Ayahuasca e pirou. Os psiquiatras vêm me dizer que é Ayahuasca e vai dizer que não? Não é achismo da minha parte. O cara foi diagnosticado em uma clínica psiquiátrica muito séria”, continuou.

“E você vem me dizer que foi muito difícil pra você? Vai à merda! Quer chamar a imprensa? Num coquetel de estreia? [Sem noção] Total. Idiota”, completou.

A artista não se manifestou sobre as declarações de Nizo.

“Para mim acabou a vida”

Brita Brazil e Rian Brito

Brita Brazil, atriz e mãe de Rian Brito, falou em entrevista ao Superpop como ela ainda enfrenta a perda de seu filho.

“A vida não continua. Para mim acabou a vida. Não sou uma pessoa autodestrutiva, e estou vivendo a vida alertando, avisando sobre o chá de ayahuasca. Eu morri, pois não tem definição para isso. Eu não sou mais atriz, não sou mais cantora. Não existe [como] superar essa dor, é saber conviver com a dor, com a realidade”.

A atriz disse que está escrevendo livros para alertar sobre os efeitos do chá e sobre a vida de Rian, mantendo viva a história de um jovem que perdeu a vida com apenas 25 anos.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor