Agora em paz com Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), Luana (Patricia Pillar) já padeceu – e muito – em O Rei do Gado (1996). Em seus primeiros momentos na trama de Benedito Ruy Barbosa, a boia-fria perdeu o emprego após denunciar o assédio de um supervisor; coube ao motorista da fazenda de cana avisa-la da dispensa.

O Rei do Gado - Patrícia Pillar
Divulgação / Globo

Adilson Barros respondeu por esta ponta na novela em reprise no Vale a Pena Ver de Novo. Natural de Sorocaba (SP), o ator fez poucos trabalhos na televisão, mas brilhou no teatro e no cinema.

Cinema e teatro

O Rei do Gado - Adilson Barros
Reprodução / Globo

Adilson Barros, que também era formado em Direito, cursou a EAD-USP (Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo) e, logo em seguida, tornou-se professor de teatro na Unicamp. Além disso, ele foi um dos fundadores do Pessoal do Victor, grupo de teatro experimental que durou de 1974 a 1987.

A trajetória no palco incluiu participações em títulos como O Pagador de Promessas, Apenas uma Mulher de Negócios, Na Carreira do Divino e Feliz Ano Velho – este último, baseado na autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, rendeu-lhe o troféu Mambembe.

No cinema, Adilson estreou com o longa Flor do Desejo (1983). No entanto, a consagração se deu dois anos depois, com A Marvada Carne, de André Klotzel, ao lado de Fernanda Torres. Seu personagem, Nhô Quim, era uma espécie de matuto como os de Amácio Mazzaropi.

Também nas telonas, ele participou de Kuarup (1989) e Capitalismo Selvagem (1993).

Na TV

Fera Radical

Em meio a todo o sucesso no teatro e no cinema, Adilson fez poucas participações na televisão. Seu trabalho no veículo, além de O Rei do Gado (foto acima), incluiu Fera Radical (1988).

No folhetim de Walther Negrão, ele interpretou o caminhoneiro Jorjão, que se envolveu brevemente com Olívia (Denise Del Vecchio).

Partida precoce

A Marvada Carne - Adilson Barros e Fernanda Torres
Reprodução / IMDB

Paulo Betti, amigo de Adilson (na foto em A Marvada Carne, com Fernanda Torres), explicou em depoimento ao jornal Folha de São Paulo o provável motivo de “Quibe”, apelido atribuído por ele, não ter tido mais oportunidades na televisão.

“Talvez o Quibe não se adequasse, não tivesse saco para esperar, não tivesse disposição para engolir sapos; o fato é que ele não se deu bem. Não se ressentia disso. Nunca tinha fissura de trabalhar na TV. Achava babaca essa fissura”, lamentou, em matéria publicada em 21 de novembro de 1997.

“Queria fazer filmes. Alegrava-se em saber que eles seriam feitos. Foi dele a ideia de filmar João de Camargo. Pena que não deu tempo”, completou.

Adilson Barros morreu precocemente em 11 de novembro de 1997, aos 50 anos de idade, vítima de complicações decorrentes da Aids.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor