Muitas vezes um jornalista se depara com uma notícia triste, seja de uma tragédia ou a perda de uma pessoa. Porém, o profissionalismo fala mais alto e o sentimento fica de lado.
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Mas nem sempre é assim, e o apresentador não consegue segurar a emoção. Isso ocorreu em 2003 com William Bonner, ao noticiar a morte de Roberto Marinho, proprietário da Globo, em pleno Jornal Nacional.
O nosso Cidadão Kane
Dono e criador do Grupo Globo, o jornalista Roberto Marinho se tornou um dos homens mais poderosos do país. O seu grande feito foi a TV Globo, que nasceu como uma simples emissora carioca e hoje é uma das maiores emissoras de televisão do mundo.
No dia 6 de agosto de 2003, o empresário morreu aos 98 anos, vítima de um edema pulmonar. A notícia foi dada por Ana Paula Padrão em um plantão e, em pouco tempo, o público notou o abalo que tomou conta dos programas da emissora.
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Uma cobertura histórica
Durante o dia, a Globo mostrou o velório de seu fundador e exibiu na íntegra o sepultamento de Roberto Marinho. A expectativa, então, era para a edição histórica do Jornal Nacional, que seria dedicada inteiramente a ele.
Fátima Bernardes, que apresentava o telejornal, ficou de fora por causa de uma rouquidão e Renato Machado assumiu o posto.
O JN teve mais de uma hora de duração e mostrou toda a trajetória de Roberto Marinho. No final, seria lido uma carta feita pelos filhos do empresário. William Bonner chegou a gravar a mensagem, mas a direção pediu que ele lesse ao vivo.
“E quando chegou a hora, eu fui lendo, lendo, lendo, muito lento. Porque sou chorão, eu sei, e me emociono com muita facilidade. Na gravação já havia interrompido a leitura diversas vezes, imagina ao vivo?”, disse o jornalista ao Memória Globo.
“Eu vou concluir”
Perto de terminar a leitura, Bonner não conseguiu segurar a emoção.
“Esta é a nossa intenção, esta é a nossa determinação…”. Nesse momento o jornalista respira fundo e continua com a voz embargada: “Este é o nosso compromisso”.
Ele para por uns segundos, olha para baixo e diz:
“Eu vou concluir”.
Esse momento se tornou um marco na história do Jornal Nacional e na cobertura da morte de Roberto Marinho.
Momentos de pura emoção
Nos últimos anos, o jornalismo na Globo mudou e ficou mais humanizado, mostrando que o jornalista tem sentimentos e que ele pode se emocionar na frente das câmeras.
A cobertura da pandemia da Covid-19 deixou isso mais claro. Não foi nada fácil para Bonner e Renata, que se emocionaram várias vezes. O âncora ficou tocado com uma matéria mostrando como as pessoas viviam na quarentena e a apresentadora não conteve as lágrimas ao falar de um projeto da Globo que mostrava os bastidores das reportagens e os dramas pessoais dos profissionais.
Outros momentos de emoção ocorreram nos 25 anos da GloboNews, e Renata não se conteve ao falar do canal em que começou sua carreira. A morte de Susana Naspolini, vítima de um câncer em 2022, deixou a dupla sem palavras no encerramento.
Mas o momento mais emotivo foi em 2 de fevereiro deste ano, quando a jornalista Gloria Maria faleceu. Querida por todos do jornalismo, ela ganhou uma edição especial no JN. Renata, de mãos dadas com Bonner, se despediu da amiga.
“Nós todos, colegas da Gloria, temos a consciência de que nenhuma homenagem… estou emocionada, desculpe… estaria a altura do que ela representa pra gente. Mas a gente tentou”.
Após isso, todas redações, do Brasil e do exterior, aplaudiram Gloria por sete minutos.